O Corpo Como Objet(iv)o Comunicativo e Semiótico
Por: Déborah Maia • 19/3/2022 • Artigo • 3.510 Palavras (15 Páginas) • 137 Visualizações
O corpo como objet(iv)o comunicativo e semiótico: as várias facetas do existir e a invasão das mídias na contemporaneidade.
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Déborah Costa MAIA2 Bruna Kelvyla Sousa da SILVA3
Riverson RIOS4
Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, CE
RESUMO
O presente trabalho surgiu a partir de inquietações sobre o corpo e uma reflexão do quem sou eu sob diversas nuances. Esta é uma temática em evidente crescimento, principalmente quando se fala sobre sua exposição nos meios digitais. Além da compreensão sobre o existir e como se dá o entendimento do eu, este artigo também realiza um estudo de caso sobre a forma como o corpo é trabalhado e apresentado nas redes sociais - principalmente as que estão diretamente ligadas a relacionamentos amorosos - também sendo estudada a virtualização do eu. Duas redes sociais foram escolhidas para a análise: Tinder e Instagram. Preferiu-se trabalhar com elas por se observar que os usuários das mesmas apresentavam uma característica em comum: a necessidade de conquistar o outro através da construção que fazem de si, utilizando-se de enquadramentos e efeitos nas fotos escolhidas para serem expostas em seus perfis. Atrair o olhar do outro para nós é a tarefa que aceitamos quando nos dispomos a nos relacionar ou iniciar relacionamentos através do mundo virtual. Esse processo engloba as particularidades de cada um. Contudo, a construção dos mais diversos perfis e a fórmula escolhida para sua exposição e tentativa de chamar a atenção do público desejado é um tema que merece ser discutido.
1 Trabalho apresentado na Divisão Temática Comunicação para a cidadania, da Intercom Júnior – XIII Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do 40º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação
2 Estudante de Graduação 6º. semestre do Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará - UFC, email: brecholiterariorimbaud@gmail.com.
3 Estudante de Graduação 6º. semestre do Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará - UFC, email: brunakelvyla13@gmail.com.
4 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da Universidade Federal do Ceará, email: riverson@ufc.com.
Palavras-chave: corpo; comunicação; exposição; relações humanas; meios digitais.
1. INTRODUÇÃO
Quem sou eu? Um dos questionamentos mais pertinentes em nós, criaturas da razão, que surge atrelado à outras interrogações: Como posso ser inteiramente/ totalmente o que sou? Como externar essa interioridade em um mundo em que, muitas vezes, lembro que não entendo como eu e este surgiram, com tantas subjetividades que trespassam a minha? Nossa lembrança-trajeto, a memória que construímos desde crianças, é chamado por Deleuze de mapa, e o espaço em que vivemos de trajeto.
A criança não para de dizer o que faz ou tenta fazer: explorar os meios, por trajetos dinâmicos, e traçar o mapa correspondente. Os mapas dos trajetos são essenciais à atividade psíquica. (...) Mas um meio é feito de qualidades, substâncias, potências e acontecimentos: por exemplo a rua e suas matérias, como os paralelepípedos, seus barulhos, como o grito dos mercadores, seus animais, como os cavalos atrelados, seus dramas (um cavalo escorrega, um cavalo cai, um cavalo apanha...). O trajeto se confunde não só com a subjetividade dos que percorrem um meio mas com a subjetividade do próprio meio, uma vez que este se reflete naqueles que o percorrem. (DELEUZE, pág. 73. 2008).
O existir vem se relacionar a partir da linguagem, possuindo voz na comunicação, no fenômeno da fala, esta que vem também do silêncio. “Acredita Lyotard que o ilegível não se opõe necessariamente à ilusão” (NETTO, p. 113, 2003).
Se eu sou, eu grito: EU SOU! ESTOU AQUI! V-I-V-O e uso meu corpo, isso que SOU, que é também linguagem, para fazer minha existência ser reconhecida e se reconhecer, metáfora do ator e da plateia. Assim, o sentido da vida cria lógica: tudo enquadrado e sistematizado onde o não-sentido deste meu existir torna-se completo de significado, em um cenário onde a humanidade se afasta do diálogo da existência e do existencialismo para se agarrar aos discursos ensaiados das religiões.
No esquecimento da loucura e do caos natural, na substituição de uma alienação
e no sentido patológico/manicomial dessa loucura, pouco se comunica, se grita, se sente sobre o medo e essa agonia, assim como as inquietações orgânicas do estar vivo. Contudo,faz-se necessário dizer: TENHO AGONIA, TENHO MEDO. Seriam os tremores experiências puras do medo? Como externar o que se sente? Como comunicar puramente nossos medos? Há uma linguagem semiótica pra isso?
Este trabalho encontra-se dividido em três partes: Introdução, que apresenta o assunto em discussão, norteando o leitor para a abordagem que será realizada a seguir; O segundo ponto, que tem como título a semiótica e a realidade, inicia a fala a respeito das inquietações sobre a construção do eu, trazendo recortes apresentados por estudiosos importantes para a pesquisa em comunicação, bem como em suas diversas ramificações como a semiótica e a influência dos meios digitais. Ele está subdivido em 3 subpontos, debatendo sobre corpo, o não-lugar e as redes de relacionamento; Por último tem-se as considerações finais, que conduzem à uma reflexão sobre as conclusões e não-conclusões que se pôde chegar através da investigação das questões levantadas.
2. A SEMIÓTICA E A REALIDADE
De acordo com Charles Sanders Peirce (apud. NETTO, 2003), importante filósofo, cientista, pedagogista, linguista e matemático americano, a semiótica (ou semiologia) seria o estudo das representações/signos (mínimo discutível) sobre todas as formas e manifestações que assumem, sendo elas linguísticas ou não, com o poder de se converter reciprocamente entre os sistemas de significantes, partes materiais do signo, que integram: é o que se está no lugar de outra coisa. Ex.: a balança que representa a justiça.
Diz J.
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