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Resenha de Adaptação aos novos tempos, de C.W. Anderson, Emily Bell e Clay Shirky

Por:   •  12/5/2015  •  Resenha  •  1.650 Palavras (7 Páginas)  •  777 Visualizações

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Resenha de Adaptação aos novos tempos, de C.W. Anderson, Emily Bell e Clay Shirky

Por Mário Negramaro

Introdução

Os autores apresentam o documento de pesquisa que trata do exercício do jornalismo nos EUA, mas que serve como inspiração para a realidade brasileira. O trabalho aponta as principais características do cenário jornalístico para a próxima década.

O texto não se propõe a ser um dossiê sobre a indústria do jornalismo, pois ela não existe mais, isso por que as linhas que separavam produtores, anunciantes e audiência se tornaram mais tênues com a emergência de novas técnicas e de uma cultura colaborativa que indica que a adaptação aos novos tempos (difíceis) vai requerer mudanças na estrutura organizacional dos veículos.

Como mola propulsora do trabalho, os autores apresentam cinco convicções centrais que nortearão este dossiê, a saber: 1) o jornalismo é essencial; 2) o bom jornalismo sempre foi subsidiado; 3) a internet acaba com o subsídio da publicidade; 4) a reestruturação faz, portanto, obrigatória; e 5) há muitas oportunidades de fazer um bom trabalho de novas maneiras.

Partindo dessas concepções, eles defendem que o jornalismo desempenha uma função primordial na sociedade, mas na crise enfrentada atualmente pelos veículos de comunicação, duas questões submergem: não há como preservar o jornalismo dos últimos 50 anos; e é preciso buscar novas saídas para a crise do jornalismo.

Uma das mudanças principais na cultura jornalística foi em sua fonte básica de subsídio, a publicidade, os anunciantes, e não os leitores como muitos crêem. O modelo de subsidiação de uma redação pela publicidade encontra-se em crise principalmente por conta das transformações no cenário jornalístico a partir do anos 1990 com a emergência da internet comercial.

Ela acaba com a integração vertica – ao passo em que todos pagam pela estrutura que acessam, e com a integração horizontal – na medida em que rompe com a fidelidade inabalável a uma publicação. Nesse sentido, as redes sociais, que possibilitam a inserção de anúncios, mas não subsidiam a criação de conteúdos jornalísticos são outro fator que proporciona a evaporação do poder dos meios de comunicação sobre os anunciantes.

Certos de que o momento é delicado, é possível chegar a duas conclusões: o custo de produção de notícias precisa cair, e a reestruturação dos modelos e processos é antes de tudo necessária em tempos de “jornalismo pós-industrial” – tempos em que as instituições irão perder receitas e devem explorar novos métodos de trabalho e possibilidades.

Todas essas mudanças perpassam essencialmente uma mudança no comportamento do público. Hoje por avanços técnicos, as pessoas tem mais poder e meios de obter e processar notícias. Mais que tudo, o público passou a ser gerador de conteúdo. As novas ferramentas na busca de objetivos jornalísticos proporcionam novas oportunidades de colaboração entre o público e os agentes da profissão.

Os autores fazem uma diferenciação entre dois termos essenciais que serão abordados no trabalho: “público” e “audiência”. A primeira se relaciona ao grupo que tem interesse em forças que exercem influência sobre sua vida, que busca alguém para monitorar tais forças e mantê-lo informado para que possa agir com base nessas informações; já o segundo termo se relaciona às pessoas anteriormente eram consumidoras passivas, mas que se converteram em criadores, juízes e veículos da informação.

O jornalista - Parte 1

Os autores afirmam que o território tradicionalmente dominado por jornalistas tradicionais está sendo invadido por especialistas que disseminam seu trabalho agora sem a intermediação de um jornalista, como por uma “multidão” de conectados que dissemina informação e dados em tempo real. Com isso, velhor monopólios desaparecem, novas possibilidades se abrem e a mudança de comportamento nas relações entre público e jornalistas é inevitável.

Disto, cabe ressaltar que ao passo que o jornalista não foi substituído na cadeia editorial, mas passa agora a interpretar, contextualizar a enxurrada de informações geradas pela multidão que passa a contribuir para a atualização detalhada de dados.

Outra mudança elementar nesse contexto é que o processo de automatização (novas ferramentas tecnológicas) pode gerar notícias de baixo custo, isto possibilita menos trabalho na hora de gerar dados e estatísticas, mas eleva o jornalista a outro patamar, o da interpretação desses dados.

A figura do jornalista continua a ser importante, pois é ele, e não uma máquina que presta contas pelo conteúdo, e é dotado de eficiência, originalidade, e carisma (elementos que determinam a importância do jornalista no mercado). O que todo jornalista deve saber é que as novas ferramentas de reportagem podem ser usadas de várias formas. Nas soft skills e hard skills.

As soft skills indicam que todo jornalista deve ter a mentalidade de encarar a experimentação voltada à inovação, formando uma rede de contribuição na checagem de informações, que o estabelece como sujeito possuidor de uma persona pública a partir de sua boa reputação.

As hard skill indicam que o jornalista precisa cada vez mais exibir profundo conhecimento especializado de algo além da profissão em si, assim como ser capaz de analisar indicadores, dados e estatísticas na busca de padrões que acompanham seu trabalho. Ele precisa também compreender os indicadores e o público para entender como o conteúdo jornalístico é recebido. Como urgência dos novos tempos da profissão, o jornalista precisa entender o básico de programação. Todo esse conjunto melhora a sua narração das notícias. Disto, infere-se que os jornalistas precisam juntar os aspectos e montar um conjunto que funcione.

Neste ponto, chega-se a cinco questões: prazos e formatos de produto de conteúdo já não são determinados; localização no mapa perde relevância na coleta de informações e na criação de conteúdos; transmissão de dados em tempo real e atividades em redes sociais produzem informações em estado bruto; feedback em tempo real influencia matérias; e indivíduos ganham mais importância que a marca institucional.

Conclusão central desta parte do trabalho: o trabalho do jornalista sofrerá certas mudanças ao longo dos próximos anos com avaliação de metas e resultados, presença de indicadores e dados, e o estabelecimento de jornalistas especializados.

As instituições

Para as instituições do campo jornalístico, o momento é tanto de

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