A Legitimação filosófica do Ver
Por: Thaísa Santos • 29/4/2015 • Resenha • 539 Palavras (3 Páginas) • 220 Visualizações
Ouvir e o Sentir: a comunicação do mundo e o mundo da comunicação
por Tarcyanie Cajueiro Santos
A Legitimação filosófica do Ver
A modernidade junto da secularização iniciou o que Max Weber chamou de ‘Desencantamento do mundo’ torna a visão base de percepção da nossa sociedade. Entre os nossos sentidos, a visão é a mais abstrata, pois os olhos projetam a mente para fora e ao fazer isso percebem o mundo a partir de pontos de interesses. Em outras palavras: entre o sujeito e o objeto.
Descartes foi muito importante para esse processo pois iniciou um tipo de saber não mais baseado em Deus, e sim na racionalidade humana. Ele reduziu o homem apenas a uma realidade pensante (res cogitans) que deve se basear na razão e não nos sentidos pois estes são susceptíveis a incertezas. Cabe ao sujeito pensante a tarefa de entender e definir o mundo material (res extensa).
Ecos do Declínio do Ouvir
Em diversas culturas a voz se constituía como um poderoso meio da comunicação, através dela eram feitas alianças, o poder instituído, etc. Nas sociedades despóticas a voz possuía importante papel, pois ela era vista, ouvida e temida, mesmo que a figura de poder fosse a do déspota que ao usar seu corpo como personificação do deus impunha sua lei.
A voz perde seu poder com a iniciação da escrita. Como a grafia não necessita de um corpo, ela mina também o poder do déspota pois não precisa dele para se fazer ‘ouvir’.
Para Baitello Jr. a escrita significa o declínio da cultura do ouvir, visto que não é necessária a presença física para que se possa comunicar. Walter Benjamin já falava sobre isso, dizendo ocorrer a perda da troca de experiências que é o que acontece quando paramos para ouvir o outro.
Para Benjamim a morte da narrativa está interligada ao avanço moderno. O primeiro indício é o surgimento do romance e se legitima com a difusão do livro e da imprensa, onde as notícias são mais rápidas.
As culturas escrita e oral são completamente diferentes. Enquanto a oral se sustenta na tradição, em partilhar um mesmo universo e linguagem, a escrita depende apenas do autor.
O declínio da cultura do ouvir acompanha a difusão da solidão nos grandes centros urbanos. Pois comunicar pressupõe o sair de si e deixar-se tocar pelo outro, o que só é possível pela escuta.
Não temos sensações puras pois, ao sentir tal coisa, ela nos remete a algum fato já vivenciado. Nos remete ao passado que, mesmo distante ainda se faz presente. Também não temos comunicação pura, pois toda comunicação humana começa no corpo e retorna ao corpo, dependendo então da importância que damos às nossas sensações.
Estamos numa relação de interação com as coisas, o que permite que nos apaixonemos por vozes, sons, cores. Diversas são as relações que podemos estabelecer com o mundo, basta que estejamos abertos a senti-las, tornando-as parte de nossa experiência.
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