As Mídias Sociais e a Retomada da Voz pelo Indivíduo
Por: Camila Miranda • 9/1/2018 • Projeto de pesquisa • 2.341 Palavras (10 Páginas) • 132 Visualizações
1 PROJETO DE MONOGRAFIA PARA A CONCLUSÃO DO CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – PUBLICIDADE.
1.1 Introdução
As Mídias Sociais e a Retomada da Voz pelo Indivíduo.
Como as Mídias Sociais ajudam o indivíduo a fazer o caminho inverso à imposição da Indústria Cultural.
Por Gilberto Giacon
O modo de vida das pessoas modernas não seria o mesmo sem as mídias sociais, pois elas influenciam na relação entre as pessoas, no âmbito social. Dentre outras funções, as mídias sociais também servem para a interação entre pessoas de diversas partes do mundo. Hoje é difícil se usar um smartphone para fazer uma ligação, é muito mais fácil enviar um tweet, ou mesmo levar a discussão para as mensagens privadas no Facebook.
Mas um fenômeno pouco observado, ou que pode passar despercebido pela grande maioria, é a tomada da voz pelo indivíduo, ao contrário do que Theodor Adorno (1947), em Dialética do Esclarecimento, escreveu, sobre o rádio, dizendo que esse meio de comunicação tinha nivelado a todos por baixo, e tornando todos os ouvintes iguais ao sujeitá-los à mesma programação, mesmo que em várias estações. Sem que pudessem responder a qualquer uma delas, o indivíduo era, e ainda é, obrigado a absorver notícias e entretenimento.
Todavia na última década, mais precisamente de 2008 a 2011, quando as redes sociais alcançam o auge da sua massificação, sem que a indústria percebesse, ela acabou por devolver a voz ao indivíduo, criando o que foi desprezado pelo rádio, tão democrático, mas que não deixa que ninguém responda ou critique seu conteúdo: trata-se do sistema de réplica. Qualquer conteúdo criado mesmo que fora do ambiente virtual pode ser comentado, ou mesmo ter uma resposta, gerando aprovação ou repúdio da massa, que, antes era alienada e não tinha nenhum canal para que pudesse ter um conteúdo ou fonte de conhecimento independente. Isso jamais poderia ser feito pelo rádio, ou por qualquer outro meio de comunicação usado antes da era digital, pelo menos em um nível que pudesse causar uma comoção forte o bastante para mudar o rumo de alguma produção cultural.
Não estamos aqui para declarar uma caça às bruxas contra o rádio. Esse não é o intuito, até porque esse é um dos muitos veículos usados pela indústria como forma de manipular pensamentos e a chamada “opinião pública”. Podemos citar a TV como outro canal usado para isso. E assim como o rádio, a TV também está percebendo o avanço das mídias sociais e o modo como seu espectador tem virado cada vez mais gerador de conteúdo. Não é somente um receptor como era até o final do século XX. Canais independentes geram conteúdo próprio, por muitas vezes com caráter de contestação aos meios tradicionais, em mídias como o YouTube, vídeos que trazem denuncias contra governantes, que jamais seriam articuladas na tradicional rede nacional, devido a conchavos ou alianças escusas que nunca chegam totalmente ao conhecimento do público.
Não só como instrumento de denuncias as mídias sociais são usadas, há o viés da geração e disseminação de cultura. Muitos artistas utilizam as mídias sociais como instrumento de divulgação dos seus trabalhos. O Pinterest é uma mídia social usada para divulgação de trabalhos fotográficos. O usuário pode “pinar”, termo usado para marcar suas fotos prediletas, que mais lhe chamam a atenção, montando assim um mural virtual. O Pinterest é usado por muitos fotógrafos como mostra de seus portfólios, ou seja, em relação ao tradicional modelo, onde o artista, nesse caso o fotógrafo, teria que encontrar uma galeria disposta a fazer seu vernissage, agora basta publicar na internet e postar o link para seus amigos, e/ou interessados.
Então devemos tomar a indústria cultural como o sistema que fornece a cultura absorvida pelo indivíduo contemporâneo. Assim entenderemos então esse sistema como a rede de emissoras abertas, tanto de rádio quanto televisão. Não podemos nos esquecer dos veículos impressos, que em sua grande maioria vem de capitanias hereditárias culturais, que monopolizam e controlam o conhecimento fornecido à população. Isso tem levado o público mais esclarecido a buscar formas alternativas de informação. Hoje há um meio termo entre as teorias de Adorno e Benjamin, pois com a reprodutibilidade técnica o conhecimento ficou mais acessível, fomentando o desenvolvimento intelectual da massa, e criando um pensamento mais crítico do entretenimento fornecido pela indústria. Benjamin (1936) em A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica estava correto ao usar o pensamento iluminista para afirmar que com mais conhecimento todos iriam evoluir intelectualmente, e isso explica todos os exemplos de mídia não convencional, como jornais online com temática política, rádios online que fogem na obrigatoriedade das chamadas “paradas de sucesso”, e os já citados canais online que não são formatados em “grades” como a TV tradicional faz. Muitas vezes esses canais expõem uma ideia em formato único, onde o que muda é apenas seu conteúdo entre uma edição e outra.
Já a parcela de acerto de Adorno (1947), vem com a grande massa, tendo acesso a esses meios alternativos e ainda optando pela alienação, já que de olho nesse novo movimento, essa migração para o ambiente online, a indústria cria seus canais nesse meio também. Já é comum uma emissora ter uma programação alternativa sendo apresentada pela internet, ou mesmo usar as mídias sociais como forma de interação com o telespectador, emissoras como Globo e Record, já tem seus portais e perfis em várias mídias, principalmente Facebook e Twitter, além é claro de seu conteúdo on demand.
A indústria como forma de não perder seu terreno, se adaptou ao novo estilo de vida moderno buscando novos canais, mas ainda com a cultura alienante, contando com a máscara da modernidade. Porém nesse novo modelo, o indivíduo pode sim replicar qualquer afirmativa feita em forma de matéria ou mesmo uma simples coluna, Não são raros os casos em que determinado conteúdo é rechaçado por pessoas contrárias a tal ideia. Esse é o ponto em que o indivíduo voltar a ter voz ativa na relação entre ele e a indústria e passa a exercer sua opinião podendo muitas vezes mudar o rumo tomado pela publicação em questão. Com o advento das redes sociais, e vamos relativizar seu uso como mídias sociais, que criaram a grande aldeia global, idealizada por McLuhan na década de 60, a população, antes consumidora passiva, agora passa a ditar regras e propor conteúdos para a Indústria Cultural.
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