Introdução à língua brasileira de sinais - Libras
Por: Beatriz Palluci • 3/7/2019 • Resenha • 1.781 Palavras (8 Páginas) • 234 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
Disciplina: Introdução à língua brasileira de sinais - Libras
Semestre: 2019.1
A história dos movimentos dos surdos e o reconhecimento da libras no Brasil é um tanto quanto complicada, envolve uma reflexão sobre a sociedade brasileira e dos movimentos que surgiram a partir das organizações desse público. A luta por direitos e por reconhecimento pela comunidade surda é tanto dos próprios quanto dos intérpretes. No Brasil segundo IBGE há 5,7 milhões de surdos, maior parte deles em São Paulo e no Rio de Janeiro. Diante desse número é evidente que surja movimentos em prol do resgate deles da exclusão linguístico-educacional como também social.
Os surdos presentes em todo Brasil vivem isolados e invisibilizados tanto pela família como nos lugares públicos. As famílias tempos atrás escondiam que tinham filhos surdos por vergonha, visto que a surdez foge do padrão “normal” social, hoje isso não é diferente. A comunicação entre eles desde antes como hoje na atualidade é bastante complicada pois os pais não aceitam a língua sinais como língua materna dos filhos inviabilizando assim a comunicação entre ambos. Esse bloqueio de aquisição da libras causou problemas sociais, intelectuais e emocionais nos surdos pois os próprios surdos não entendiam que a língua de sinais não era só uma forma de comunicação mas era a construção da identidade cultural dos mesmos.
O preconceito e exclusão inviabilizou e ainda hoje dificulta que os surdos alcancem seus objetivos, mas ultimamente tem havido certa melhora do olhar da sociedade frente a questão surda, de modo gradativo dentro do processo de inserção nas políticas educacionais e pouco a pouco alguns tabus vão desaparecendo, como em relação ao status de língua pela libras que antes era reconhecida apenas como linguagem. Neste âmbito ressalta-se o papel ímpar das associações de surdos que atuam em prol da efetividade dos seus direitos já adquiridos nas leis, que infelizmente, mas na prática não surtem muitos resultados para que a qualidade de vida seja realmente melhor.
O histórico de movimento dos surdos começa primeiramente no Rio de janeiro provavelmente pelo fato da existência do instituto nacional de educação dos surdos (INES), e por ter sido por muito tempo capital do país, por essa razão a comunidade dessa região é bem articulada e ativa politicamente o que fez com que gozassem de alguns privilégios em detrimento do restante de surdos pelo país. Em 1856, chegou ao Brasil o professor Ernest Huet, surdo francês que trouxe o alfabeto manual e que posteriormente seria modificado para a língua de sinais própria do Brasil.
Em 1881, a língua de sinais foi proibida no INES e em todo Brasil. Como, consequência disso houve a diminuição em 22% dos professores surdos nas escolas para surdos e aumento no número de professores ouvintes. Atualmente o INES há um curso superior, com oferta na área de pedagogia que prevê inclusão dos alunos ouvintes juntamente com os surdos, como também vagas no curso de Letras. Há uma problemática a respeito disso pois se a faculdade é voltada para os surdos porque incluir alunos ouvintes? Nisso tendo em mente a predominância dos cursos Brasil afora é de ouvintes para ouvintes, qual utilidade teria de incluí-los numa escola exclusiva para surdos?
Outra escola importante no histórico educacional dos surdos é o instituto Santa Terezinha, em 1925, dedicado a moças surdas que poderiam vir a serem freiras. Essa escola sofreu também influência da língua francesa de sinais pelo fato de os educadores serem religiosos vindos da França. Nesse instituto atualmente as turmas de 2º grau foram fechadas e os alunos transferidos para escolas inclusivas o que deixou a comunidade surda bastante triste.
Sobre como se deu a fundação das associações, a primeira associação de surdos-mudos ocorreu em 1930 no Rio de Janeiro, como um grupo destinado a práticas esportivas, sendo um acontecimento importante para os surdos, já que competiam em escolas com ouvintes. Outra associação, também no Rio, e igualmente dedicada a práticas esportivas de lazer ao surdos-mudos, foi fundada pela professora de surdos Dona Ivete Vasconcelos, que emprestava a sala de seu pátio para as atividades. Quando os ex-estudantes do INES voltavam para suas cidades, iam constituindo novas associações de surdos-mudos, por exemplo, a segunda no Brasil foi em 1954, em São Paulo, e a terceira em Belo Horizonte, 1956.
Atualmente, no Brasil, existem cerca de noventa e cinco Associações de Surdos, sendo que muitas delas já fecharam devida a falta de verba, que se revela como um problema comum nas associações. Outras duas organizações filantrópicas sem fins lucrativos que se destacaram por sua representatividade mais ampla foi a FENEIS e CBS.
Sem dúvida, o surgimento das Associações de Surdos assim como de outras organizações, foram de fundamental importância para que possa haver uma maior integração entre os eles, mantendo a língua de sinais e a cultura surda em si viva, fortalecendo a luta pelos seus direitos culturais, linguísticos, educacionais e sociais.
O movimento dos surdos a partir da década de 90, começa em 1993, quando a UFRJ organizou o II Congresso Latino Americano de Bilingüismo (Língua de Sinais / Língua Oral) para Surdos e trouxe o professor sueco Mats Jonsson que falou sobre a metodologia de ensino de Língua Sueca. Antes disso, houve um minicurso com o professor Ken (surdo americano), ele falou sobre a metodologia de ensino da American Sign Language (ASL).
Em 1999, a Pós-Graduação em Educação da (UFRGS) em conjunto com o Núcleo de Pesquisas em Políticas Educacionais para Surdos e em parceria com a FENEIS do Rio Grande do Sul, organizou o V Congresso Latino Americano de Educação Bilíngüe para Surdos, antes disso grupos de trabalhos de surdos se uniram para formação do professor Surdo e da formação do intérprete de LIBRAS.
Esses eventos se mostraram
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