Jornalista vs cidadãos quem tem o poder de definir o que é notícia?
Por: Tathyelly Aryel • 14/11/2016 • Projeto de pesquisa • 2.531 Palavras (11 Páginas) • 317 Visualizações
- 5.3 Ciberespaço
O termo “ciberespaço” de acordo com Oliver Grau (2007,p.35) foi concebido em 1984 por Willian Gibson, um escritor de ficção cientifica. E seu significado foi elaborado da seguinte forma: “cyberspace (ciberespaço), deriva de cybernetics e space (espaço cibernético), Gibson entendeu o ciberespaço como a combinação de espaços imagéticos computacionais ligados em rede” (GRAU, 2007, p. 35). Em seu livro Neuromante, ele descreve e imagina o universo das redes digitais:
Em Neuromante, a exploração do ciberespaço coloca em cena as fortalezas de informações secretas protegidas pelos programas ICE, ilhas banhadas pelos oceanos de dados que se metamorfoseiam e são trocados em grande velocidade ao redor do planeta. Alguns heróis são capazes de entrar "fisicamente" nesse espaço de dados para lá viver todos os tipos de aventuras. O ciberespaço de Gibson torna sensível a geografia móvel da informação, normalmente invisível. (LEVY, 1999, p. 92).
De acordo com Pierre Levy (1999), “o termo foi retomado pelos usuários e criadores de redes digitais”. O ciberespaço é de grande interesse para os estudiosos de comunicação, uma vez que, as redes interativas de computadores crescem cada vez mais, promovendo um processo de conexões. Ainda segundo Levy (1999):
Eu defino o ciberespaço como o espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial de computadores e das memórias dos computadores. Essa definição inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicos (ai incluídos os conjuntos de redes hertzianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Insisto na codificação digital, pois ela condiciona o caráter plástico, fluido calculável com precisão e tratável em tempo real, hipertextual, interativo e, resumindo, virtual da informação que é, parece-me, a marca distintiva do ciberespaço. (LEVY, 1999, p. 92-93).
Levy (1996) afirma que no ciberespaço, se expressam características novas, há uma “sinergização rápida de inteligências, de trocas de conhecimentos, de navegação nos saberes e de autocriação deliberada de coletivos inteligentes” (LEVY, 1996, p.177). Isso significa que:
É um espaço de interatividade social, de trabalho, de sociabilidade, de expressividade artística e política. Ou seja, as relações sociais que existem no modo off-line passaram, em parte, também a ocorrer no modo online, possibilitado pelo ciberespaço. Ali existem sujeitos sociais em permanente interação. (JUNGBLUT, 2003, p. 98).
Airton Jungblut (2003) define o ciberespaço como um território autônomo para exposição de todas as ideias, sendo um lugar “livre de consequências”:
Local em que qualquer pessoa dotada de um mínimo de recursos consegue disponibilizar a centenas de milhões de pessoas dados que considera relevantes a qualquer causa ou finalidade. Todo indivíduo na Internet tem o poder de se transformar em um publicador de texto seus ou de outras pessoas. Para alguns autores isso torna finalmente realizável uma antiga ambição das democracias modernas de tornar o indivíduo efetivamente livre para manifestar suas ideais, seja lá quais forem. (JUNGBLUT, 2003, p. 99).
De acordo com Jungblut (2003), nesse espaço, poucas pessoas de fato criam ou mostram coisas novas, a grande maioria copia ou recria o que já existe, burlando assim a propriedade privada, desconsiderando direitos de copyright e créditos. Sendo assim, o cidadão se torna poderoso, pois, tudo que existe no ciberespaço é de todos, sem necessidade de reconhecimento ou pagamento para o criador natural, podendo pertencer a qualquer um.
Jungblut (2003) intitula as pessoas que utilizam o ciberespaço como "ciber-cidadãos", que formam imensas comunidades.
É uma fantástica ferramenta de conhecimento, construída cotidianamente a partir de uma ação ao mesmo tempo individual de cada um de seus usuários e coletiva como resultado de uma ação articulada, mesmo que inconsciente destes usuários. (JUNGBLUT, 2003, p.100).
Em resumo, o ciberespaço é um lugar não físico onde todas as pessoas envolvidas ganham autonomia e liberdade para expressarem suas ideias. Um local que há “possibilidade de deslocamentos espaço-temporais instantâneos, cotidianamente vivenciados por milhares de pessoas” (JUNGBLUNT, 2003, p. 109). É, de fato, um local que promove interação , troca de conhecimentos e experiências. Há muitas vantagens, mas também desvantagens ao se usar o ciberespaço. A seguir um quadro demonstrativo dos pontos positivos e negativos:
Imagem 1 – Quadro pontos positivos/negativos
[pic 1]Crédito : Tathyelly Aryel, 2016.
- 5.3.1 Cibercultura
Mauricio Gebran (2009) afirma que “o século XXI apresenta a internet como um novo meio de comunicação, influenciando diretamente a essência da atividade humana”. Ainda de acordo com ele, a cibercultura deriva do conceito de ciberespaço, que é onde as pessoas utilizam um espaço não-físico para uma troca de informações. O que trafega na rede engloba história e cultura, uma vez que:
Além de um espaço de dados, está se configurando um espaço de convivência, de interação social e de comunicação, onde as pessoas formam comunidades virtuais. A internet, entre outras peculiaridades, conecta inteligências e é preciso entender como ela afeta a vida, os negócios, a política e a educação. Seu processo de comunicação distribuída permite algumas ações como acessar informações à distância em caminhos não-lineares; enviar mensagens que ficam disponíveis sem valores hierárquicos; realizar ações colaborativas na rede; coexistir em espaços reais e virtuais; visualizar espaços distantes; viver e agir em espaços remotos; circular em ambientes inteligentes. (GEBRAN, 2009, p. 92-93).
Sendo assim, “as novas tecnologias de comunicação e informação são vetores de agregação social, de vínculo comunicacional e de recombinações de informações” (LEMOS, 2009, p.38). Isso significa que, dentro do ciberespaço, se manifestam diferentes elementos culturais permeáveis, que ganham velocidade e alcance global através das redes.
As tecnologias contemporâneas viabilizam uma comunicação e interação mais ampla. Possibilitam uma crescente troca de compartilhamentos, “provocam e potencializam a conversação e reconduzem a comunicação para uma dinâmica na qual indivíduos e instituições podem agir de forma descentralizada, colaborativa e participativa” (LEMOS, 2009, p. 11). Ainda de acordo com Lemos (2009,p.11), a internet é “alicerçada na troca livre de informação, na produção e distribuição de conteúdo diversos e mesmo sendo planetária, reforça dimensões globais”.
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