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Mas o Que é Mesmo Variação Linguística?

Por:   •  13/9/2018  •  Resenha  •  1.082 Palavras (5 Páginas)  •  461 Visualizações

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RELAÇÕES PÚBLICAS

REDAÇÃO E EXPRESSÃO ORAL I

Assunto: Mas o que é mesmo variação linguística (p. 1-24). Capítulo 2.

Fonte: BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. Brasil: Parábola, 2007.

No capítulo, o autor fala sobre a ilusão da língua homogênea, onde argumenta que as pessoas, mediante influências e tradições, são levadas a acreditar de que a língua é uma só: formada, invariável e regrada. Porém, ele explica que não é bem assim. Na realidade, existem muitas línguas, ou melhor, muitas formas de uma mesma língua.

 A partir daí, ele explica que a língua de fato é heterogênea. Nem a norma-padrão, que é reconhecida como a “forma certa” por todo mundo, foi de fato explicada/apresentada para todos. Isso mostra que a norma-padrão que conhecemos vai além, ou seja, não é limitada. E assim como ela não é limitada, existem também várias outras formas de língua. E a variação é um caráter natural da língua. Existe, segundo o autor, todo um contexto para haver uma variação da língua. E em sua explicação, ele mostra que há várias pessoas diferentes no mundo, e que todas elas falam de maneiras diferentes.

A sociedade e a língua estão sempre juntas. É por isso que, segundo o autor, a heterogeneidade linguística pode se relacionar com a heterogeneidade social. Para ele, é impossível estudar a língua sem estudar a sociedade que a utiliza. E por isso, foi notado que há duas divisões nas sociedades que fazem uso de uma língua: a variação linguística e a norma-padrão. Entre essas divisões, existe um meio termo, onde a variação influencia a norma-padrão e vice-versa. Isso acontece o tempo todo, e mostra que ambas são importantes para um estudo da língua. E variação é um conceito muito importante para esse estudo.

A variação linguística não é nada mais que a heterogeneidade da língua. E segundo o autor, essa variação ocorrerá em vários níveis da língua, que são: a variação de sons (fonético-fonológica); variação de escrita (morfológica); variação de elementos (sintática); variação de significados (semântica); variação de palavras (lexical); e variação de estilos de interação (estilístico-pragmática).

FICHAMENTO DE TEXTO


Essas diferenças que ocorrem na língua não acontecem de maneira aleatória. Elas possuem uma estrutura estruturada e organizada, que são condicionadas por diversos fatores de diferentes ordens. Assim, podemos chama-las de heterogeneidade ordenada. Entre eles , temos o da própria língua, como os a variação de sons de uma mesma letra em palavras diferentes, mas também podemos ter até a variedade de sons de uma mesma letra baseado na origem geográfica de quem fala. Em suma, heterogeneidade ordenada na sociolinguística é, na visão do autor, a estrutura e a organização de um sistema onde há a expressão de um mesmo conteúdo de maneiras diferentes, mas lógicas e coerentes, em que há constante mudança para incluir socialmente a todos.

Há também os fatores extralinguísticos, que são um conjunto de fatores sociais que poderão auxiliar no estudo das variações da língua. Dentre os vários fatores existentes, os mais recorrentes são: origem geográfica, status socioeconômico, grau de escolarização, idade, sexo, mercado de trabalho e redes sociais. Segundo o autor, as pesquisas linguísticas no Brasil têm mostrado que o fator social de maior variação linguística é o socioeconômico. Isso porque os que possuem um maior nível socioeconômico tende a ter um maior conhecimento da norma-padrão da língua devido ao alto nível de escolaridade, diferentemente daqueles que possuem baixo nível socioeconômico. Mas, além disso, pode-se criar referências às variações linguística baseando-se em todos os demais fatores que foram ditos pelo autor anteriormente.

A variação linguística ocorre quando avaliamos as diferenças da língua entre, no mínimo, dois grupos distintos, isso porque um único grupo tende a ter os hábitos linguísticos muito semelhantes. Porém, ainda assim, há variações linguísticas entre os indivíduos de um mesmo grupo em determinados momentos. Um indivíduo apresenta um caráter mais formal em sua comunicação por passar a maior parte do tempo no trabalho e necessitar fazer uso dessa linguagem, por exemplo; outro apresenta algo mais informal... Além disso, essas variações ocorrem em diferentes situações e contextos. E assim pode ser definido o termo monitoramento estilístico. Esse monitoramento pode ocorrer tanto na língua falada quanto na escrita, e pode apresentar variados níveis.

Segundo Bagno, a variação sociolinguística é acompanhada de alguns adjetivos em textos especializados, que são: variação diatópica (modo de falar de diferentes lugares); variação diastrática (modo de falar de diferentes classes sociais); variação diamésica (modos diferentes entre a língua e a escrita); variação diafásica (modo de monitoramento); e variação diacrônica (diferentes tempos da língua).

Quanto à variedade linguística, o autor explica que ela é uma das varias formas de se falar uma língua. Dentre suas classificações temos: dialeto (língua num determinado lugar); socioleto (língua numa determinada sociedade); cronoleto (língua numa determinada faixa etária); idioleto (língua num determinado indivíduo). Embora existam muitas variedades linguísticas, não é correto dizer que tudo na língua é variável.

Ainda temos os conceitos de variável, variante e vernáculo. Uma variável, segundo o autor, é um elemento de uma língua que pode ser realizada de maneiras diferentes. Já uma variante, seria uma das maneiras de uma variável. Vernáculo, por sua vez, segundo a sociolinguística, o estilo em que se presta o mínimo de atenção ao monitoramento da fala.

O vernáculo no âmbito educacional, segundo o autor, é uma questão muito pertinente. Isso porque, a medida que o tempo passa, a língua varia. Dessa maneira, muitas coisas que, mesmo consideradas “corretas” (na visão da norma-padrão), estão sendo esquecidas pela população no uso cotidiano. Dessa maneira, não há necessidade de fazer uso de certas regras da língua, pois seria uma espécie de “desperdício”, pois seriam ensinadas sem nenhum fim relativamente válido, enquanto poderia ser acrescentado em seus lugares, no ensino, regras e questões mais importantes.

Por fim, o autor explica como analisar um evento de interação verbal, onde vai utilizar o conceito de continuum, linha contínua, para fazer essa análise. Essa análise apresenta uma forma simples de criação de Maris Bortoni-Ricardo, que diz que, para analisar uma interação verbal, é preciso notar três bases continuum: +rural - +urbano; + oral - + letrado; e –monitorado - +monitorado. O continuum rural/urbano diz respeito aos antecedentes culturais e sociais de um indivíduo; o continuum oral/letrado, a proximidade entre o oral ou o letrado utilizada no momento; e o continuum -/+ monitorado, indica o determinado grau de monitoramento de um indivíduo em um determinado momento de seu uso da língua. Com esse modelo, fica mais simples a análise da variação linguística num mesmo espaço-tempo de interação verbal.

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