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O Lado B do Parque Nacional da Gorongosa Moçambique

Por:   •  11/6/2022  •  Artigo  •  1.822 Palavras (8 Páginas)  •  94 Visualizações

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GREG CARR

O lado B do Parque Nacional da Gorongosa

No Parque Nacional da Gorongosa (PNG), província de Sofala, centro de Moçambique, o futuro da vida selvagem depende dos meios de subsistência dos seres humanos. Depois de 16 anos de guerra, a Gorongosa está a recuperar. Muitos têm o lado A e poucos conhecem o lado B desta recuperação, Greg Carr.

Greg Carr é o presidente do Projecto de Restauração do PNG. Numa entrevista com os familiares e amigos do dirigente, de visita ao Parque, “Profundus” traz o que há por detrás do sucesso do Parque.

Contexto

O PNG, estendendo-se por uma planície aluvial no extremo sul do Grande Vale do Rift de África, abrangendo savanas, florestas, zonas húmidas e uma vasta bacia de água chamada lago Urema, a Gorongosa foi em tempos uma reserva de caça: os administradores coloniais portugueses estabeleceram-na em 1921 para o seu prazer desportivo, removendo as pessoas que antes compartilhavam a paisagem com a vida selvagem. Em 1960 foi designado pela primeira vez como Parque Nacional. O levantamento de fauna bravia de 1972 refere que abrigava cerca de 2.200 elefantes, 200 leões e 14.000 búfalos africanos, bem como hipopótamos, impalas, zebras, gnus, elandes e outras faunas africanas icónicas.

Na ruinosa guerra civil de 16 anos que se seguiu à independência em 1975, Gorongosa serviu de refúgio para os militares da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) que receberam apoio militar da vizinha Rodésia (agora Zimbabué) e África do Sul. Quando as tropas do Governo vieram para os desafiar, houve luta no solo, bombardeios da sede do Parque, carnificina na savana. Além da matança de elefantes, milhares de zebras e outros grandes animais foram mortos para alimentação ou diversão. Um cessar-fogo interrompeu a guerra em 1992, mas a caça furtiva por caçadores profissionais continuou, e as pessoas nas comunidades vizinhas armaram armadilhas para os animais comestíveis que restaram. Na viragem do século, o Parque Nacional da Gorongosa havia sido destruído.

As circunstâncias eram, igualmente, sombrias nas terras que cercavam o Parque. Cerca de 100.000 pessoas viviam no que os planeadores agora chamam de zona tampão (ou zona de desenvolvimento sustentável), a maioria de famílias cultivando milho e outras culturas de subsistência, mal conseguiam alimentar os seus filhos e com falta de educação e saúde.

Quando o solo se cansava e o milho não crescia, os agricultores cortavam a floresta, queimavam a zona cortada e tentavam, novamente, num novo canteiro. Eventualmente, o seu corte e plantação expandiram-se das encostas mais baixas da Serra da Gorongosa – um maciço granítico que se ergue até 1.863 metros acima do nível do mar no limite noroeste do Parque - para as zonas mais altas e húmidas. Uma vez encimada por densa floresta tropical, a montanha é a nascente de vários rios, incluindo o rio Vunduzi, que transporta água para o Parque e sua rica planície de inundação.

Agora, o PNG regista um aumento robusto de animais, depois da guerra civil, dos 16 anos (1977-1992), mesmo depois da tensão-política-militar entre 2014-2016.

Família Greg

Greg convidou os sobrinhos, Blake Ames e Mason Ames a visitarem o PNG para perceber o que, exactamente está a fazer em Moçambique.

Sendo a primeira vez em Moçambique e no PNG, Blake avalia “muito boa a estadia”.

“Estou a conseguir ver [o potencial do PNG] e tenho que agradecer pelo que tem”, disse pela experiência.

É importante o que ele [Greg] faz, mas pelos sonhos dos meninos “não é boa área”, mesmo assim “gostam dos animais, não como tio [que gosta mais] ”.

Fanático em gestão ambiental, Greg tem tirado tempo para outras actividades com a natureza em tempos de neve, acompanhado pelos seus sobrinhos.

Um conselho aos jovens moçambicanos

Os dois sobrinhos, de 8ª e 10ª classes “estão esperançosos em falar com os amigos americanos para virem” [ao PNG].

Os dois rapazes garantiram terminar o nível secundário e fazer nível superior nos cursos de Educação e Desporto, respectivamente, nos Estados Unidos da América (EUA). Ao contrário de Moçambique, em que poucos garantem estudar e se formar, primeiro, porque as condições não são para qualquer; segundo, porque é mais fácil apostar em casamento prematuro do que formação; e terceiro, por influência das catástrofes naturais, guerras, a fome e entre outras preocupações.

“Para os jovens moçambicanos, continuem com a educação se possível e tentem trabalhar na Conservação, é uma área interessante”.

“Gostamos dos animais dentro do PNG e a interacção entre humanos e animais ao ver mabecos”. [Mabecos] “são pequenos, mas quando unidos são fortes” avaliaram assemelhando-os “às pessoas que devem estar unidas” para o mesmo propósito. Por exemplo, um empreendedor, normalmente começa sozinho, cresce para liderar pessoas e fazer mais negócios”.

O filho de uma amiga de Greg, Garrick Schwartz, também a convite diz que sempre ouviu falar sobre o trabalho na Gorongosa, veio para testemunhar. “[É] incrível, não só a área humanitária, mas também dos laboratórios”, avaliou a potencialidade do Parque Nacional da Gorongosa.

Para Garrick Schwartz junto da sua mãe, “é importante viajar para fora da sua área de conforto para conhecer algo maior. Conservação não só inclui animais, mas também a parte humanitária e a sustentável, as duas partes contribuem para o crescimento próprio da comunidade e Conservação”, disse pelo que viu no PNG.

Garrick Schwartz diz que sempre admirou Greg e a visita veio “amplificar” a admiração e sua simplicidade. “Greg tem uma capacidade quase inumana de ajudar as pessoas. Quando decide ajudar as pessoas, faz mais que o normal, vai ao campo e interage com as pessoas”.

“Vendo o senhor Greg a ajudar outras pessoas, faz-lhe se sentir bem. Me inspiro nisso”, disse Schwartz, para reiterar que não tem condições para abrir um parque de modo a ajudar a Zona Tampão, a exemplo de Carr, mas quando regressar aos EUA, “hei-de ver o tempo que gasto em coisas fúteis e talvez usar esse tempo para ajudar a comunidade”.

Futuramente, “gostaria de viajar mais e visitar a Gorongosa como voluntário em serviços de Conservação para ajudar [as comunidade ao redor do PNG] a serem sustentáveis e poderem fazer lucro próprio, não serem dependentes”, precisa o aluno da 10ª classe, Schwartz.

"Gostaria

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