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O Preconceito Linguístico

Por:   •  1/9/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.754 Palavras (12 Páginas)  •  427 Visualizações

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FACULDADE MAUÁ

CAMILA GONÇALVES DE OLIVEIRA

PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Mito nº 4: “As pessoas sem instrução falam tudo errado”

Mito nº 3: “Português é muito difícil”

Brasília

2016

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO2

2 MITO nº 43

2.1 R pelo L4

              2.1.1 Rotacismo 5

       2.2 O que é correto?6

       2.3 Respeito às diferenças7

3 MITO nº 38

4 CONCLUSÃO10

5 REFERÊNCIAS11

1 INTRODUÇÃO

Há uma visão pré-histórica de que só existe uma língua portuguesa correta. Esta seria a que se estuda nas escolas, aquela que encontramos nos dicionários e as que estão dispostas nas gramáticas. Uma triangulação da qual não se pode fugir, pois caso o faça, você estará falando errado.

Com uma visão oposta ao que se é pregado, Marcos Bagno defende que não há certo ou errado dentro da língua. Já que mesmo com muitos anos de estudo, mestrado, doutorado e até pós-doutorado na área, dificilmente encontrar-se-á alguém que fale a língua portuguesa atendendo a 100% das regras registradas na gramática.

Ignorar o indivíduo que emite determinado código é mais relevante que tentar corrigir sua falta de coerência quanto à conjugação verbal ou qualquer outra discordância com uma regra, formalmente, disposta num livro já que desde os primórdios da comunicação o mais importante é passar a informação, não julgar quem a emite. Já que essa é uma das teses que Bagno defende: muitas vezes prestamos mais atenção em quem fala e não no que realmente deveria ser o foco: a mensagem.

Ideia arcaica a de quem pensa que falar certo é simplesmente pronunciar corretamente todas as palavras. Tomando este ponto de vista como partida, venho por meio de este trabalho argumentar sobre o que é “certo” e o que é “errado” na fala do brasileiro.

2 MITO Nº 4

“As pessoas sem instrução falam tudo errado” este mito trata da triangulação do que se reconhece como a verdadeira língua: gramática – dicionário – escola.

Não raro, nos encontros consonantais, vermos a troca de L por R que ocasiona ainda mais repulsa e preconceito por parte de quem defende a tese de que só há um português correto, denominado norma culta. Há quem, além disto, diga que quem fala “errado”, ou seja, em desacordo com a língua padrão, sofre de algum “atraso mental”. Afinal, o que é mais atrasado: preconceito ou o falar desligado das regras gramaticais?

De acordo com o autor, Marcos Bagno, é simples explicar a troca das consoantes na hora da pronúncia como, por exemplo, ao falar-se “Cráudia” ou “pranta”. Quando o português surgiu, este foi adaptado da língua da população Lusitânia. Marcos vai além e compara o “atraso mental” a que submetem aqueles que não pronunciam corretamente todas as palavras com a escrita de Luís de Camões em uma de suas obras mais conhecidas, o poema Os Lusíadas, na qual chega a escrever ingrês, frauta e pubrircar... Os “erros” não param por aí, quem ler a obra original do autor encontrará mais discordância com a língua que se considera correta hoje em dia.

O que não podemos deixar de frisar é que pessoas escolarizadas, ainda que sejam poucas, sofrem com problemas de dicção. Isso sim se trata de um relativo distúrbio na fala. Ainda assim é uma dificuldade que pode ser facilmente resolvida com um acompanhamento junto ao fonoaudiólogo. Em meio a grupos de pessoas bem instruídas também é possível encontrar divergências se compararmos estas com a gramática. A correta transitividade verbal, por exemplo, quase nunca é observada, às vezes, nem mesmo a correta conjugação verbal é levada em consideração quando se trata de uma conversa informal.

Afinal, falar correto é saber como se portar diante de situações diversas. A hora de falar formalmente e a hora de deixar as regras de lado.

2.1 L pelo R

O português não-padrão quando observado dentro das escolas deve ser acompanhado com paciência e bem de perto. Assim como é estranho depararmo-nos com a pronúncia da língua inglesa, onde o esforço para pronunciar corretamente o som da letra “e” em happy ou da letra “a” em birthday, pois se tratam de um aspecto fonético não familiar em ambas as situações.

As pessoas que pronunciam as palavras de acordo com a língua não-padrão geralmente pertencem a um grupo menos prestigiado do que aquelas que falam “branco”, “frouxo” ou “praga”. Logo, tem-se observado que há muito essa questão deixou de ser apenas uma discussão linguística, mas passou a ser também um tema voltado para a questão social e política, de acordo com Bagno.

Marginalizar as pessoas que falam “bicicreta” é o mesmo que desprestigiar o ensino que elas recebem, mesmo que inconscientemente, por terem menos acesso à educação formal se comparado àqueles que falam “certo”. Por este motivo o preconceito que recai sobre a fala das pessoas menos estudadas é o mesmo que elas sofrem diariamente, por inúmeros outros motivos, seja a cor, a vestimenta, o jeito de se portar em determinado ambiente. Quem tem menos condições sociais tem a fala carente de normas gramaticais.

O preconceito é apenas um reflexo da exclusão que elas sofrem, sendo assim, considera-se a fala delas como “pobre”, “feia” e “suja”. Fala esta que é apenas diferente da língua ensinada nas escolas.

A discussão aqui passa a ser outra. Não se trata mais do que é falado, mas sim por quem é dito. O preconceito nasce de forma involuntária, quem o pratica por vezes não nota. Além do preconceito linguístico para com determinadas classes sociais, também há o preconceito com certas regiões brasileiras. Exemplo mais clássico é o Nordeste que desde sempre sofre com esse tipo de “repulsa” vinda de outros estados e pessoas.

Este preconceito é claramente visto em novelas, quando os empregados são sempre nordestinos. Com isso o que a mídia quer mostrar ao povo? Sem abrir exceções, o nordestino é sempre aquele que vem para criar confusões, o debochado, o estúpido, bruto, sem conhecimento nenhum além do trabalho pesado e manual. Representações como essas fazem com que a ideia de que o jeito como eles falam, além de ser engraçado, é errado e assim ela se perpetua.

Ninguém sente vontade de rir quando um mineiro ou um goiano, até mesmo um paulista do interior solta uma frase onde o “r” é pronunciado com extrema intensidade. Ninguém acha graça ao ouvir um carioca pronunciar o “s” com som de “x”.

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