TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Radiojornalismo e Midiamorfose: Adaptação em Tempos de Convergência Midiática

Por:   •  3/1/2019  •  Artigo  •  3.195 Palavras (13 Páginas)  •  329 Visualizações

Página 1 de 13

Radiojornalismo e Midiamorfose:

Adaptação em Tempos de Convergência Midiática

Fernanda Delgado TAVELA

Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Pr

Resumo

O artigo propõe uma investigação sobre a maneira como o rádio, enquanto veículo de informação, tem se adaptado às novas demandas e aos modos de consumo da informação que vigoram nessa nova fase de convergência midiática.  É perceptível como o meio tem utilizado as potencialidades da web e feito dela um espaço favorável a sua manutenção e desenvolvimento com o uso de portais de notícias e das redes sociais como extensões das ondas hertzianas. Este projeto escolheu a Rádio CBN Londrina para ilustrar um estudo de caso, levando em consideração sua correspondência com o conceito de midiamorfose.

Palavras-chave: midiamorfose, convergência, rádio CBN

A comunicação é intrínseca à sociedade. Sendo assim, as mudanças sociais ocorridas com o avanço do tempo refletem diretamente na forma de produzir e disseminar a informação. Em resposta a tais mudanças, os veículos de comunicação se adaptam às novas demandas do público e novidades tecnológicas.  

O surgimento do rádio enquanto meio de comunicação foi uma evolução e superação das formas de transmissão da informação vigentes na época – como o telégrafo, por exemplo – que possibilitou a transferência de informação à distância de maneira mais dinâmica e rápida. As transmissões radiofônicas proporcionaram um acesso amplo e simplificado à informação.  

Entre os veículos tradicionais de comunicação, o rádio foi e continua sendo aquele que mais passou por mudanças e adaptações a fim de se manter ainda em funcionamento. Nos anos 1950, com o surgimento e a popularização da televisão – momento no qual foi perdendo seu espaço central uma vez que os novos dispositivos possibilitavam uma experiência visual, algo que os aparelhos radiofônicos não eram capazes de oferecer.  Gradualmente, a TV se tornou o principal veículo de informação e entretenimento. Nesse período, pela primeira vez, levantaram-se hipóteses e previsões sobre o fim do rádio e sua obsolescência frente à televisão. Como resposta, deu-se início uma série de adaptações no formato, no conteúdo e na tecnologia de propagação. As radionovelas foram deixando de existir, o conteúdo jornalístico foi sendo substituído pelos programas musicais, e os automóveis passaram a ser o principal local de acompanhamento da programação.  Roger Fidler descreve: “quando a TV iniciou sua grande ascensão, a audiência do rádio generalista entrou em profundo declínio, o que levou analistas a prever a iminente morte do meio. Mas o rádio não morreu” (FIDLER, 1997, p. 23). 

Na década de 1990, com a disseminação da internet, deu-se início uma segunda fase de adequação radiofônica. Eduardo Meditsch explica:

O velho fantasma da extinção do rádio ronda mais uma vez os nossos estúdios, trazendo angústias e incertezas a seus profissionais e gerando confusão entre os estudiosos do meio. Agora, a ameaça se chama internet, o fenômeno que parece querer subjugar o mundo nesta virada do milênio, devorando todas as mídias que o antecederam, até mesmo a televisão, até há pouco tão garbosa no seu domínio sobre a civilização. Diante de tal poder e voracidade, quem tem chance de sobreviver? Alguém é louco de apostar no rádio? (MEDITSCH, 2001).

É nesse período que o rádio inicia a fase da convergência (FERRARETTO, 2012). Com convergência, entende-se a direção para um ponto em comum. Sua aplicação se dá sobre ideias, opiniões, ações e, também, sobre os meios de comunicação. Ao falar em convergência midiática, o pesquisador Henry Jenkins se refere

“ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam. Convergência é uma palavra que consegue definir transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais e sociais, dependendo de quem está falando e do que imaginam estar falando.” (JENKINS, 2009, p. 29)

Na convergência, os meios de comunicação são atraídos para um novo centro de distribuição, ou seja, a plataforma da web, mas continuam sendo o que eram antes. É o caso das versões digitais de jornais, por exemplo, que mantém a mesma configuração da versão impressa, podendo ser acessadas via internet e por meio de aparelhos eletrônicos. A convergência midiática deve ser entendida “como um fenômeno multidimensional, com diferentes âmbitos – tecnológico, empresarial, profissional, dos conteúdos” (SALAVERRÍA e GARCÍA AVILÉS apud KISCHINHEVSKY, 2016, p. 53).

Nos últimos anos, com a disseminação da internet, seu acesso facilitado pelas redes móveis e a popularização das redes sociais, o rádio – bem como os outros veículos comunicacionais – passou a competir com novos formatos de comunicação, tendo que enfrentar também o contexto atual em que o receptor da informação é um produtor da mesma. O “rádio foi forçado a se reinventar mais uma vez e, surpreendentemente, mostrou maior capacidade de reação do que outros meios de comunicação” (KISCHINHEVSKY, 2016, p. 13). As emissoras radiofônicas começaram um processo de integração entre a forma tradicional de transmissão da informação – a radiodifusão – e a web. Esse reposicionamento, ocasionado pelo fenômeno da convergência midiática, Roger Fidler chama de midiamorfose: “uma forma unificada de se refletir sobre a evolução tecnológica dos meios de comunicação” (FIDLER, 1997). Nessa forma unificada, o áudio, característica determinante da transmissão radiofônica, soma-se à imagem, característica principal da televisão, e ao texto escrito que configura os veículos impressos. Esse conteúdo em multiformatos é disseminado na internet, por sites da web e redes sociais.

O reconhecimento da inserção da radiofonia num complexo midiático que abrange a produção de conteúdos em texto, áudio vídeo e fotografia é um primeiro passo para compreender as novas lógicas que regem as rotinas de produção, distribuição e consumo do meio, mas, como visto, a convergência midiática é um processo complexo, de múltiplas facetas. (KISCHINHEVSKY, 2016, p. 53)

        Roger Fidler, em seu estudo sobre o tema, elaborou seis princípios da midiamorfose, na tentativa de compreender a transformação do complexo midiático (KISCHINHEVSKY, 2016). 1) Coevolução e coexistência: formação de um sistema integrado contendo as formas de comunicação em totalidade, caracterizado pela constante expansão e influência recíproca. 2) Metamorfose: mídias já existentes dão origem a novas mídias por meio de adaptações; tal princípio exclui das ideias de geração espontânea do novo e extinção do antigo. 3) Propagação: o código (representado pela linguagem) dissemina os traços dominantes da comunicação existentes dos meios anteriores para novos meios. 4) Sobrevivência: em um ambiente em constante mudança e alta competitividade, sobreviver é a única opção para as mídias tradicionais. 5) Oportunidade e necessidade: o desenvolvimento de uma nova tecnologia é motivado pelas áreas: social, econômica e/ou política. 6) Adoção tardia: estima-se que o tempo para uma inovação ter sucesso gira em torno de uma geração. “Midiamorfose não é exatamente uma teoria, mas uma forma de pensar a reconfiguração dos meios de comunicação como um sistema interdependente” (KISCHINHEVSKY, 2016, p. 51).

...

Baixar como (para membros premium)  txt (21.4 Kb)   pdf (776.3 Kb)   docx (537.1 Kb)  
Continuar por mais 12 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com