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Artigos Científicos: A Busca. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: junyooor • 2/2/2014 • 4.489 Palavras (18 Páginas) • 642 Visualizações
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abril
2005
A busca da felicidadePesquisas desvendam os mecanismos do prazer e da felicidade. Como esse novo conhecimento pode melhorar sua vida?
por Barbara Axt
Felicidade é um truque. Um truque da natureza concebido ao longo de milhões de anos com uma só finalidade: enganar você. A lógica é a seguinte: quando fazemos algo que aumenta nossas chances de sobreviver ou de procriar, nos sentimos muito bem. Tão bem que vamos querer repetir a experiência muitas e muitas vezes. E essa nossa perseguição incessante de coisas que nos deixem felizes acaba aumentando as chances de transmitirmos nossos genes. “As leis que governam a felicidade não foram desenhadas para nosso bem-estar psicológico, mas para aumentar as chances de sobrevivência dos nossos genes a longo prazo”, escreveu o escritor e psicólogo americano Robert Wright, num artigo para a revista americana Time.
A busca da felicidade é o combustível que move a humanidade – é ela que nos força a estudar, trabalhar, ter fé, construir casas, realizar coisas, juntar dinheiro, gastar dinheiro, fazer amigos, brigar, casar, separar, ter filhos e depois protegê-los. Ela nos convence de que cada uma dessas conquistas é a coisa mais importante do mundo e nos dá disposição para lutar por elas. Mas tudo isso é ilusão. A cada vitória surge uma nova necessidade. Felicidade é uma cenoura pendurada numa vara de pescar amarrada no nosso corpo. Às vezes, com muito esforço, conseguimos dar uma mordidinha. Mas a cenoura continua lá adiante, apetitosa, nos empurrando para a frente. Felicidade é um truque.
E temos levado esse truque muito a sério. Vivemos uma época em que ser feliz é uma obrigação – as pessoas tristes são indesejadas, vistas como fracassadas completas. A doença do momento é a depressão. “A depressão é o mal de uma sociedade que decidiu ser feliz a todo preço”, afirma o escritor francês Pascal Bruckner, autor do livro A Euforia Perpétua. Muitos de nós estão fazendo força demais para demonstrar felicidade aos outros – e sofrendo por dentro por causa disso. Felicidade está virando um peso: uma fonte terrível de ansiedade.
Esse assunto sempre foi desprezado pelos cientistas. Mas, na última década, um número cada vez maior deles, alguns influenciados pelas idéias de religiosos e filósofos, tem se esforçado para decifrar os segredos da felicidade. A idéia é finalmente desmascarar esse truque da natureza. Entender o que nos torna mais ou menos felizes e qual é a forma ideal de lidar com a ansiedade que essa busca infinita causa. Veja nas próximas páginas o que eles já descobriram.
Três caminhos
Um dos motivos pelos quais a felicidade é tão difícil de alcançar é que nem sabemos bem o que ela é (veja algumas tentativas de defini-la no quadro da página 52). Daí a importância das pesquisas do psicólogo americano Martin Seligman, da Universidade da Pensilvânia. Seligman concluiu que felicidade é na verdade a soma de três coisas diferentes: prazer, engajamento e significado.
Prazer você sabe o que é. Trata-se daquela sensação que costuma tomar nossos corpos quando dançamos uma música boa, ouvimos uma piada engraçada, conversamos com um bom amigo, fazemos sexo ou comemos chocolate. Um jeito fácil de reconhecer se alguém está tendo prazer é procurar em seu rosto por um sorriso e por olhos brilhantes. Já engajamento é a profundidade de envolvimento entre a pessoa e sua vida. Um sujeito engajado é aquele que está absorvido pelo que faz, que participa ativamente da vida. E, finalmente, significado é a sensação de que nossa vida faz parte de algo maior.
A vantagem de dividir a felicidade em três é que assim fica mais fácil definirmos nossos objetivos. “Buscar a felicidade” é uma meta meio vaga, fica difícil até de saber por onde começar. Mas, se você se conscientizar de que basta juntar essas três coisas – prazer, engajamento e significado – para a felicidade vir de brinde, a tarefa torna-se menos penosa. Seligman acha que um dos maiores erros das sociedades ocidentais contemporâneas é concentrar a busca da felicidade em apenas um dos três pilares, esquecendo os outros. E geralmente escolhemos justo o mais fraquinho deles: o prazer. “Engajamento e significado são muito mais importantes”, disse ele numa entrevista à Time. Como então alcançá-los? (Veja algumas dicas práticas para ser feliz, no quadro à direita.)
Comecemos pelo engajamento. Algumas pessoas são capazes de se engajar em tudo: entram de cabeça nos romances, doam-se ao trabalho, dão tudo de si a todo momento. Isso é raro e nem sempre é bom (inclusive porque gente engajada demais tende a negligenciar outros aspectos da vida, em especial o prazer). Ninguém precisa ir tão longe, mas o esforço de estar atento ao mundo, participando da vida, vale a pena.
Mihaly Csikszentmihalyi (pronuncie “txicsentmirrái”), pesquisador da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, estuda um fenômeno cerebral chamado “fluxo”, que ocorre quando o engajamento numa atividade torna-se tão intenso que dá aquela sensação boa de estar completamente absorto, a ponto de esquecer do mundo e perder a noção do tempo. Ou seja, é um estado de alegria quase perfeita. Esse fenômeno acontece com monges em estado de meditação, mas também em situações muito mais comuns, como ao tocar um instrumento, andar de bicicleta ou até mesmo ao consertar a estante da casa. Um outro pesquisador, o americano Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin, observou em laboratório que as pessoas em estado de fluxo ativam uma região do cérebro chamada córtex pré-frontal esquerdo, o que pode ter uma série de efeitos no organismo, inclusive um melhor funcionamento do sistema imunológico. Ao longo de um estudo realizado na Holanda, pessoas que entraram em fluxo tiveram seu risco de morte reduzido em 50%, por reagirem melhor a doenças.
E como se entra no tal fluxo? Csikszentmihalyi afirma que o segredo é buscar atividades nas quais se possa usar todo o seu talento. Tem de ser um desafio não muito fácil a ponto de ser entediante, nem tão difícil que se torne frustrante. Procurar experiências desse tipo é recompensador e traz níveis bem altos de felicidade. Claro que infelizmente
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