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A Corrosão do Caráter

Por:   •  3/5/2018  •  Artigo  •  763 Palavras (4 Páginas)  •  204 Visualizações

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O segundo capítulo de "Corrosão do Caráter", de Richard Sennett, inicia-se com o autor explicando que a sociedade moderna está se revoltando contra a rotina e a burocracia. Neste capítulo, o objetivo do autor é, através da apresentação das ideias de Adam Smith e Denis Diderot, explicitar o debate acerca dos benefícios e malefícios da rotina, e abrir uma discussão relativa a como o conceito se aplica atualmente (ou seja, no capitalismo flexível).

A conclusão do segundo capítulo de Sennett se dá em dois parágrafos e, por terminar em uma pergunta, abre alas para um outro nível de debate acerca da relação entre a flexibilidade e a rotina. Seguido de sua afirmação inspirada em Giddens acerca do fato de que uma vida pautada por impulsos momentâneos e sem hábitos é, de fato, uma existência irracional, o primeiro capítulo começa dizendo que a ideologia de flexibilidade insinua a morte da rotina, pelo o menos nos setores dinâmicos da economia. Conquanto, o autor diz que a maior parte dos trabalhadores ainda opera sob o sistema fordista em fábricas, e que os trabalhos modernos (como aqueles realizados em frente à computadores) ainda são bastante repetitivos e rotineiros. Sennett explica que, para os que acreditam que a rotina não é degradante, o foco deveria ser direcionado ao ambiente de trabalho, de maneira que fábricas e escritórios tornassem-se ambientes de cooperação, como aqueles idealizados por Diderot.

O segundo e último parágrafo de conclusão abrange o outro lado da linha divisória na questão da rotina, e começa se referindo àqueles que a enxergam como sendo corrosiva. Aqueles que Sennett chama de "herdeiros de Adam Smith", de acordo com o próprio autor, hostilizam a própria forma estrutural do trabalho que acomete a rotina. Para este grupo, existem duas motivações. A primeira, é claro, é ânsia por lucro e por produtividade. A segunda como que "relega" a pura ganância, e abrange o desejo pela experiência flexível, pela própria crença nos atributos da espontaneidade. Sennett agora diz que a questão não é mais se a rotina é ou não benéfica para o trabalhador e para a sociedade, e sim se a flexibilidade, incerta como esta é, será de fato capaz de retificar o mal humano que ataca (a alienação apática). O autor, por fim, termina o parágrafo (e, assim, o capítulo), com uma pergunta: como, então, irá a flexibilidade tornar o ser humano em alguém mais engajado e responsivo?

Dois vídeos ilustram as visões apresentadas por Sennett extremamente bem: Rosas Danst Rosas e Dancer in the Dark. O primeiro apresenta uma concepção de rotina similar a de Adam Smith. Nele, temos 4 dançarinas, cada uma sentada em uma certa distância da outra e usando as mesmas roupas.. A música tocada é extremamente rítmica, cronométrica (lembrando sons fabris), e, acima de tudo, repetitiva. O ambiente remete a ideia de controle, de tempo de relógio. Os movimentos das dançarinas são similares entre si e sempre seguem a música. O aspecto mais importante da dança é o fato de que, apesar da rotina ser claramente a mesma, as dançarinas não interagem entre si; estão vivendo a mesma coisa, no mesmo espaço, porém sozinhas (apesar de reconhecerem a presença das outras). Os movimentos parecem ser extenuantes, e as dançarinas apresentam sinais de cansaço, suspirando ou desacelerando (mas sem nunca sair da rotina, sem nunca parar

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