A Estética, Nobreza e Arete
Por: tdetuca • 18/11/2019 • Trabalho acadêmico • 3.718 Palavras (15 Páginas) • 293 Visualizações
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – IFBA.
DISCENTES: Karem Rafaela Trindade Brito & Túlio Novaes Dias
DOCENTE: Ana Mary Costa Bispo TURMA: 4131 CURSO: Informática
ESTÉTICA, NOBREZA E ARETÉ – I UNIDADE
Ao longo dos nossos estudos anteriores tratamos de diversos questionamentos, tais como: “O que eu sou no mundo?”, “Como sou no mundo?”, “Por que sou no mundo?”. Todas as respostas para essas indagações são o principio da ontologia, ou seja, estudamos o ser, as mesmas estão fundamentadas em princípios logico racionais e contribuíram para o nosso reconhecimento e identidade no mundo.
A partir disso, é possível retirar dessa conjectura inúmeras possibilidades de ser. Então, como escolhê-las da melhor maneira? Nesse estágio da filosofia aprenderemos como ser um ser-excelente, porque ser excelente e o comportamento da excelência, destarte, ela será o nosso objeto de estudo.
Antes de tudo é necessário compreendermos alguns conceitos: Estética é o campo que se ocupa dos temas corriqueiramente ligados à capacidade humana de perceber o mundo, tais como o bonito, o feio, a arte, os estilos, as tendências, a criação e a interpretação artística. À vista disso, deduzimos que ela esta ligada ao sentir, o que os gregos chamavam de aisthésis, sendo uma estrutura, na qual não perdemos e nem temos, e sim somos, consequentemente ela não é valorativa. O seu âmbito é fracionado pelo si-mesmo, que definimos como o sujeito belo e bom, pelo orgulho profundo de si, orgulho da capacidade de ser extraordinário, orgulho da forma como nos construímos, e pelo gosto, que se caracteriza através do conhecimento do belo, isto é pela arte. Mas, o que é belo?
O belo faz parte da tríade que alicerça a construção estética do ser: o belo, o bom e o bem. Por serem um conceito estético, não são um adjetivo e nem uma subjetivação, se assentando em uma construção puramente racional e em matéria da estética do si-mesmo é importante focalizarmos esse conceito em cima da virtude. Dessa maneira, o belo é o querer ser virtuoso, é o orgulho profundo de si, já o bom é a prática dessa virtude, e o bem é a verdade que alimenta a virtude.
A virtude é a ação baseada no bem. Ela não é apenas um atributo, trata-se de uma verdadeira inclinação. Podemos dizer que ela tem varias roupagens, citando caso análogo como amizade, coragem, lealdade e justiça. A virtude condiciona à liberdade, quanto mais virtuosos somos, mais livres seremos, por isso, a tríade do belo, bom e bem está intrinsecamente ligada a ser livre.
De tal forma que se construa um conjunto de modus operandi: só é virtuoso aquele que pratica a virtude, porque o conhecimento dela não faz de ninguém necessariamente virtuoso. Essa estrutura nos leva ao questionamento: quando as minhas ações se ausentam de virtude, o que elas são?
Isto é o vício. Ele é a ação ou sentimento que se aparata na deficiência ou no excesso. O mesmo ocorre com as virtudes, pois ela contrariamente ao vício, é o equilíbrio da vontade. Assim como, a falta ou o exagero de comida faz mal ao corpo e a quantidade necessária faz bem. Em tal caso da coragem: é covarde aquele que teme a tudo e a nada faz, sendo um vício por deficiência, já aquele que nada teme e encara a todos os perigos com desdém torna-se temerário, caracterizando um vício por excesso.
É logico que haverá momentos em que falharemos na prática dessas virtudes, afinal o ser humano é passível aos erros, entretanto, isso não nos faz seres viciosos, porque a prática virtuosa torna o ser virtuoso quando o mesmo a faz cotidiana. Vale salientar que não há uma inatividade entre a virtude e o vício, ou seja, não há uma terceira possibilidade, assente disso inferimos o imperativo: Os atos isolados de virtude não faz o ser vicioso ser virtuoso e nem os atos isolados de vício faz o ser virtuoso ser vicioso.
Ao longo do exame dessa disciplina filosófica, o filosofo Aristóteles esmiuçou todos os atributos do ser-excelente e usou do artificio da pedagogia pra elucidar o ensino da prática virtuosa. Seguindo exemplo da Paidéia grega, que era um conjunto de pedagogias, Aristóteles também tratou da educação e formação do ser-excelente. Ora, se o ser tem a capacidade de autoreconstrução e autoprodução, a melhor forma de materializar a virtude é mostrando ao ser que quer ser virtuoso um protótipo de virtude, um exemplo, o que os gregos chamavam de paradigma.
O conceito de educação e formação empregado a vários sentidos historicamente distintos revela diversas raízes. Em diferentes povos é comum inferir que o conteúdo da educação se comporta ao mesmo tempo em moral e prática, o que não é díspar da cultura grega.[pic 1]
Pois, se analisarmos sua essência, conferimos que ela se envolve em forma de mandamentos, como honrar pai e mãe, honrar os deuses, respeitar os estrangeiros; e se traduz por outro lado em um grupo de diretrizes sobre a moralidade externa na forma de prudência para a vida, que nada mais é do que o sujeito virtuoso. Desempenha-se também no estado de techne, que é a comunicação de conhecimentos e aptidões. Assim, o sujeito virtuoso condicionará um profissional de excelência.
[pic 2]
Essa formação não é obtida sem que o ser que anseia a excelência se baseie na imagem do ser-excelente, que neste contexto, os gregos chamavam de καλóv, ou seja, a configuração da beleza, na forma de regulamento do ser que queremos ser, como quando nos espelhamos no estilo de um ator em um filme.
Portanto, a formação é impreterivelmente integral, na conduta do comportamento exterior e na atitude interior: o interior extraordinário e excelente irá exteriorizar o sujeito belo e bom. De tal maneira que a educação será unicamente moral ou unicamente técnica, contrastando com a formação, que é moral e técnica intimamente ligadas e não provendo do acaso.
Da excelência, nesse sentido, formar-se é buscar pelo melhor em todos os campos, é a intenção de ser superior. Não existe formação naquele profissional que exerce seu oficio extraordinariamente bem e que seja conhecido pela glória das suas competências e aptidões, sendo um péssimo marido, um péssimo filho, uma pessoa execrável. De outra forma, não existe formação em um ótimo vizinho, um ótimo amigo, uma pessoa amável que seja um profissional vicioso, preguiçoso e irresponsável.
Nesse ponto extraímos desse contexto o conceito de nobreza, pois o nobre é o ser-por-excelência idealmente formado. Ela pode ser fracionada em três períodos, cada período tem o seu protótipo de ser-excelente, sua καλóv: sendo os dois primeiros arranjados no hiato homérico, com o cavalheiro e os heróis gregos como modelo de nobreza e no seu terceiro e último, em uma estrutura voltada ao cidadão, com o protótipo no próprio homem da polis.
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