A METAFÍSICA DA MODERNIDADE
Por: Luciano Vicnesky • 18/5/2016 • Trabalho acadêmico • 3.727 Palavras (15 Páginas) • 4.885 Visualizações
A METAFÍSICA DA MODERNIDADE
As mudanças na modernidade
Chamamos de modernidade ao período que se esboçou no Renascimento e desenvolveu-se na Idade moderna. Atingindo seu auge na ilustração, no século XVIII. O paradigma de racionalidade que então se delineava era de razão que busca se libertar de crenças e superstições, fundando-se na própria subjetividade e não mais na autoridade.
A questão do método
O racionalismo foi responsável pelo crescente interesse pelo método. Galileu introduziu um novo método científico que colocou em xeque a física aristotélica, quebrando o modelo de compreensão do mundo que prevalecera desde então.
As questões relativas ao conhecimento deram origem a duas correntes filosóficas: o RACIONALISMO, que engloba as doutrinas que enfatizam o papel da razão no processo de do conhecimento; e o EMPIRISMO, é a tendência filosófica que enfatiza o papel da experiência sensível no processo do conhecimento.
Racionalismo cartesiano: a dúvida metódica
Descartes é considerado o ‘pai da filosofia moderna’, porque ao tomar consciência como ponto de partida, abriu caminho para a discussão sobre ciência e ética, sobretudo enfatizar a capacidade humana de construir o próprio conhecimento.
O propósito inicial de Descartes era encontrar um método tão seguro que o conduzisse à verdade inquestionável. Esse conhecimento é, por inteiro, dominado pela inteligência e baseado na ordem e na medida.
Para tanto, Descartes estabelece quatro regras:
- EVIDÊNCIA: acolher apenas o que parece ao espírito como ideia clara e distinta.
- ANÁLISE: dividir cada dificuldade em parcelas menores para resolvê-las por partes.
- ORDEM: conduzir por ordem os pensamentos, começando do mais simples e ir avançando para os mais difíceis.
- ENUMERAÇÃO: fazer revisões gerais para ter certeza de que nada foi omitido.
Em sua filosofia, Descartes começa duvidando de tudo. Trata-se da dúvida metódica, por que é essa dúvida que o impele a indagar se não restaria algo que fosse inteiramente indubitável.
Cogito, ergo sum.
Embora esse conceito de ideias claras e distintas resolva alguns problemas com relação à verdade de parte de nosso conhecimento, não dá garantia alguma de que o objeto pensado corresponda a uma realidade fora do pensamento. Considerando as regras do método, Descartes deveria passar gradativamente de noções já encontradas para outras igualmente inquestionáveis.
Descartes então examina o espírito para ver se haveria outras ideias igualmente claras e distintas. Distingue então, três tipos de ideias: as que ‘parecem ter nascido comigo’ (inatas); as que vieram de fora (adventícias) e as que foram ‘feitas e inventadas por mim mesmo’.
A ideia de Deus
Se essa ideia de fato existe na mente, o que garante que representa algo real? Ou seja, deus existe de fato? Ora ideia de um deus infinito faz pensar que a infinitude repousa na ideia de um ser perfeito. A ideia de um Deus infinito faz pensar que a infinitude repousa na ideia de um ser perfeito. Como somos imperfeitos e finitos, não podemos ter a ideia de perfeição e infinitude, a menos que a causa dessa ideia seja justamente Deus.
Para provar da existência de Deus, Descartes formula a prova ontológica: o pensamento desse objeto – Deus – é a ideia de um se perfeito, sendo um ser perfeito, deve ter a perfeição da existência, caso contrário lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, ele existe.
O mundo
Retomando o caminho percorrido, vimos que Descartes começara duvidando da existência do mundo e de seu próprio corpo. Chegou a levantar inclusive a hipótese de um deus enganador, um gênero maligno que fizesse perceber um mundo inexistente.
Quando atingimos a certeza de que Deus existe e é infinitamente perfeito, podemos concluir que não nos enganaria. Portanto, o mundo existe de fato. Descartes aplica seu método para verificar quais dessas ideias (objetos do mundo externo) são claras e distintas. Ele então encontra a ideia de extensão, uma propriedade essencial do mundo material. Desse modo, são secundárias as propriedades como cor, sabor, peso, som, por serem subjetivas e delas não podermos ter ideias claras e distintas.
O dualismo corpo-consciência
No percurso realizado por Descartes, nota-se uma incontestável valorização de razão, do entendimento do intelecto. Acentua se no caráter absoluto e universal da razão, que, partindo do cogito, e só com suas próprias forças, descobre todas as verdades possíveis.
Uma consequência do cogito é o dualismo corpo-consciência, segundo o qual o ser humano é um ser duplo, composto de substância pensante (recordar, raciocinar, querer...)e substância extensa (possui massa, alimenta-se, digere...).
O empirismo britânico
A tendência empirista disseminou se principalmente na Grã-Bretanha. De fatos britânicos tinham fortes tradição empirista, que remontava as pesquisas realizadas na universidade de Oxford.
Francis Bacon: saber é poder
De acordo com o espírito da nova ciência moderna, Bacon aspirava a um saber instrumental que possibilitava o controle da natureza, por isso foi um crítico severo da filosofia medieval, por considerá-la desinteressada e compilativa.
Bacon inicia sua reflexão pela denúncia dos preconceitos e das noções falsas que dificultam a apreensão da realidade, aos quais chama de ídolos.
Formigas, aranhas e abelhas.
Francis Bacon criticou os que ao dedicarem-se à ciência procederam como aranhas (racionalistas) ou como formigas (empiristas), pois, segundo este, "os racionalistas, seguindo o exemplo da aranha, tecem quadros a partir da sua imaginação", ou seja, o seu conhecimento não tem qualquer fundamento real. Já em relação aos empiristas afirma "os empiristas, seguindo o exemplo da formiga, amontoam os fatos e apenas usam a experiência adquirida", nomeadamente, obtêm o conhecimento através da experiência, mas não o trabalham, ficando-se apenas pela própria experiência.
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