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A NOÇÃO DE SUBSTÂNCIA EM LEIBNIZ

Por:   •  26/7/2021  •  Resenha  •  5.016 Palavras (21 Páginas)  •  196 Visualizações

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UNIOESTE - UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ.

FILOSOFIA-MATUTINO

HISTÓRIA DA FILOSOFIA MODERNA II

ALUNO: AMISAEL BANAKI DA SILVA

                        NOÇÃO DE SUBSTÂNCIA EM LEIBNIZ

         No século XVIII as discussões metafísicas alemãs se torna evidente [a]em toda a Europa, principalmente a discussão sobre o conceito de substância, substância infinita e ontologia. Então o filósofo Leibniz pensa na necessidade de construção de uma base rigorosa para a ciência e essa base vem da filosofia e tenta harmonizar as ideias de Descartes com as ideias de Aristóteles através de uma metafísica racionalista[b]. Leibniz apresenta um sistema no qual expande as teses racionalistas ate seu paradoxo, com propósito de confrontar a razão com seus paradoxos no sentido de superar as posições clássicas: uno e múltiplo; alma e corpo; mecanicismo e finalismo, reduzindo as contradições, oposições, considerando os diversos pontos de vista sobre um mesmo objetivo. Ele pretende ao mesmo tempo superar as oposições mantidas na história da filosofia[c], as chamadas oposições clássicas, sempre estiveram em pontos opostos contrapondo-se, entre elas o uno e múltiplo[d], a unidade como aquilo que permanece e a multiplicidade como aquilo que modifica aquela eternidade[e], aquilo que esta sempre em movimento. Já a alma e corpo, a alma como aquela essência que tem consciência das coisas e o corpo, em grande parte da história, aquele que responde as inclinações da alma. O mecanicismo como reposta dada da natureza, que explica os fenômenos do mundo a partir de relações quantitativas entre as partes ou elementos que compõe a natureza e o finalismo como aquela resposta qualitativa que explica os fenômenos a partir das qualidades de cada elemento que compõe a natureza. Em linhas gerais a tradição ontológica que o Leibniz segue é toda ela substancial sendo esta de fato apenas um termo técnico para a coisa.[f]

         Leibniz dizia que todos os projetos não são contraditórios mas sim distintos porque tem um viés de investigação que parte de um único ou um conjunto de pontos diferentes de investigação com relação a outro projeto filosófico. Então tudo aquilo que compõe a realidade é uma unidade, um indivíduo e essa unidade determina, é completa em si mesma e portanto é uma substância individual que fundamenta cada realidade a sua própria realidade determinada.[g] Segundo o conceito de Leibniz o universo é a totalidade e a expressão de todos os entes individuais, aqueles entes que são unidades determinadas, expressando a totalidade de cada um deles. Mas a individualidade de cada ente é constituída pelo seu ponto de vista particular então cada ente tem um ponto de vista particular diferente de todos os outros, mas, ao mesmo tempo, cada ente expressa todos os outros. Assim a realidade do ser é uma totalidade, uma síntese dessa essência do contínuo do ser mas não é uma substância única. Para Leibniz a substância é a realidade onde tudo aquilo que afirmamos sobre a realidade é uma decorrência da substância[h]. O conceito de substância será também a base da realidade metafísica que vai sustentar as explicações científicas. Ele traz de volta a ideia de que a realidade é constituída por uma pluralidade infinita de substância chamando essas substâncias de mônada. A mônada embora seja uma pequena unidade que interpreta tudo a sua volta a partir do seu ponto de vista, ao mesmo tempo essa mônada que é individual, é também um espelho que expressa o universo inteiro. A mônada é ao mesmo tempo um ponto de vista e expressão a partir do ponto de vista de toda a realidade de todo o universo. Então a realidade é composta de infinitas nômadas (como átomo substancial). A relação da nômada consigo mesma e com os outros é uma relação de unidade e diversidade ao mesmo tempo e dessa identidade de ser que é a nômada emerge toda a realidade, aquilo chamamos de mundo dos corpos extensos em geral.

        Contrapondo-se a Descartes com seu dualismo e Espinosa com seu monismo Leibniz diz que é necessário que tenhamos a percepção da multiplicidade no mundo. Essa multiplicidade tem que vir de um ser real se não ela não existiria pelo princípio lógico de que se alguma coisa é, existe necessariamente. Ele não pode ser Contraditório. Tem que ter uma identidade e essa realidade que esse ente apresenta tem que vir de algum lugar, não podendo ser uma ilusão. Ele reabilita a ideia de que o mundo substancial é plural. Se existe um uma infinidade de possibilidades de mundo, de existência de entes diferentes entre si, existe uma infinidade de substância restabelecendo aqui a multiplicidade de substância.

         Se para Descartes cada substância tem uma característica intrínseca ou um conjunto que são duas substâncias uma pensante e outra extensa e é isso que define elas para Leibniz as substâncias são seres reais que diferem entre si cada um deles por características intrínsecas onde cada substância vai ser diferente da outra. Não há nenhuma substância igual à outra e toda a substância é uma unidade única, ser único, diferente de tudo no universo e isso é a multiplicidade substancial.

         Para Leibniz nada ocorre de repente na natureza (leis da continuidade) mas consiste num processo de continuidade. Essa ideia da continuidade da natureza tem a ver com a ideia de que embora a multiplicidade de substâncias se apresente como substância [i]e cada substância é uma individualidade (unidade), o conjunto da totalidade das substâncias é uma continuidade do ser. O mundo se comporta com essa característica de que as coisas não ocorrem de repente pois toda a extensão da natureza está correlacionada. Usando somente nossos sentidos não possuímos grande capacidade de compreender isso mas a ciência vai aos poucos mostrando essas inter-relações que ocorrem nos corpos, espaço e tempo, ainda que não tenhamos acesso direto, elas mostram determinadas coisas ou fenômenos que acontecem e que não surgem do nada, mas sim de uma relação. Assim, para Leibniz a natureza não realiza saltos. Existe um processo em que uma coisa surge da outra e assim sucessivamente. Os fenômenos ocorrem de acordo com a continuidade da natureza e essa continuidade da natureza é racional porque deriva da continuidade de ser do mundo substancial.

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