TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

A PSICANÁLISE E SAÚDE MENTAL

Por:   •  8/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.559 Palavras (7 Páginas)  •  126 Visualizações

Página 1 de 7

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO SÃO ZACHARIAS DE ESTUDOS E PESQUISAS - SEPAI

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU

PSICANÁLISE E SAÚDE MENTAL

JOSÉ ALEXANDRINO SARAIVA FILHO

Trabalho acadêmico de Pós-Graduação em Psicanálise e Saúde Mental Universidade Candido Mendes Disciplina: A Construção da Sexualidade ministrada pela Prof.ª. Drª. Ondina Machado.

Rio de Janeiro

2018

O presente trabalho é apresentado como tarefa que tem como referência a escolha do filme “Garota Dinamarquesa” combinado com os artigos, apontamentos e debates em sala. “A Garota Dinamarquesa” narra a história de Lili Elbe protagonizado pelo ator Eddie Redmayne. Trata-se de uma história real, em que a narrativa em que nasceu Einar M. Wegener, considerado a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero. O enredo do filme gira em torno do relacionamento do pintor e sua esposa e o processo de transformação dele em Lili Elba Einar ele antes, casa-se com Gerda, a atriz coadjuvante Alicia Vikander, como Gerda (sua esposa), esta então sugere vestir o marido Einar de mulher para servir como modelo substitutivo para pintura de quadros. Einar, “sugestivamente” muda sua aparência, transformando-se em uma mulher, ao qual passará a chamar-se de Lili Elbe.

Este apoio ainda que “confuso” da esposa, Einar, que se encontrava num estado depressivo, passa por uma das primeiras cirurgias de mudança de sexo da história. O desejo de Einar era tentar se transformar por inteiro em Lili e resgatar o viver a vida. Aqui começa o sentido do filme está na bela história de amor, o companheirismo e cumplicidade do casal protagonista e no desejo e coragem de Einar em se tornar o que ele acreditava já ser por dentro há muito tempo: mulher. Numa das passagens do filme ele afirma: “Eu penso como a Lili, tenho os sonhos dela. Ela esteve sempre lá.” Eis, aqui a conexão do desejo: a aceitação e apoio de Gerda.

Logo, ao mesmo tempo em que Gerda dá sustentação e o apoio a Einar, ela no altruísmo de sua atitude também precisa superar seus próprios conflitos dessa perda do marido, navegando na própria solidão e, na angústia e dificuldade em se adaptar a situação que vive, a aceitação está na essência, o seu amor ultrapassa o gênero, o sentimento hostil e as vicissitudes. Gerda, ensina-nos uma lição e mostra-nos que para que o amor exista, muitas das vezes para amar é deixar o outro partir; Gerda abdica, ela deixa Einar ter o seu começo, deixou-o partir para que Lili finalmente pudesse viver. Este é momento é que inaugura “diante do espelho”, não mais a representação, mas a verdadeira identidade. E sabemos que na sociedade atual, temos o paradoxo com duas balizas antagônicas e uma delas reside a Diversidade (aqui há a operação do tudo possível onde o não opera). Muitos modelos que derivam do núcleo familiar (todo fálico) como a relação de gêneros, um rompimento no paradigma da cultura como identidade, diferenças e o embate nessa relação de gerações.

A família é um ponto de encontro onde o ser humano partilha um ideal de dignidade e felicidade. Essa identificação de entrelaçamento de amor, fecundidade constitui a máxima latina que "ninguém pode comportar-se contra seus próprios atos”. Para tanto, a configuração dessas relações com o declínio do regime patriarcal, com o advento da globalização, somados à reconfiguração sexual do trabalho e a evolução do conhecimento científico, foram ingredientes que trouxeram uma grande transformação da família.

O pensamento contemporâneo ampliou-se; desde Freud, que revelou a existência do inconsciente, observou-se que a sexualidade é mais da ordem do desejo que da genitalidade. Este entendimento, trouxe a compreensão sobre as mudanças que atravessariam o futuro sobre as diversas formas de se constituir uma família. Os indivíduos possuem anseios e as práticas culturais simbolizam em um embate que vai além do psicológico, ou seja, o conflito viria à tona, internamente entre as instâncias conhecidas na organização do id, do superego com a mediação do ego. Freud (1995, p. 240-241) aponta a descrição de um ponto de inserção de uma gênese de uma submersão para o ato fantasioso, de acordo com os ditames do funcionamento psíquico por ele demonstrado, senão vejamos: “Com a introdução do princípio da realidade, uma das espécies de atividade de pensamento foi separada; ela foi liberada no teste de realidade e permaneceu subordinada somente ao princípio de prazer. Esta atividade é o fantasiar”.  Oras, o raciocínio é que a fantasia no inconsciente é percebida por uma das balizas rígidas da neurose. Aqui indaga-se: é possível pensarmos em Einar enquanto um “indivíduo neurótico”? Será que o a subjetividade, a sua maneira de agir inconsciente de sua “fantasia” seria inferido nas possibilidades exclusiva, numa configuração de sua personalidade?

Muito embora não se possa ter acesso a dados particulares da vida, de análise do não todo, seja possível uma tentativa de apreender os mecanismos que rodeiam a temática no que se refere ao transgênero. É prudente refletir sobre o configurar de uma personalidade neurótica na associação com a repressão e os critérios do não todo combinado com a orientação do caráter inconsciente e fuga ainda que fantasiosa. A fantasia numa hipótese poderia ter a manutenção em forma de devaneios e discursos constituintes e Einar poderia sim sem questionamentos manter uma fantasia de feminilidade a respeito de si, no privado, no todo ou na transgressão em seu inconsciente, “a partir do não, o sim opera também na transsexualidade”. Muito embora Einar literalmente tem o corpo biológico, genético e anatômico em determinação dos cromossomos XY para ser considerado homem, a percepção interna, subjetiva, mesmo que as objetivações são marcadas pelo sofrimento a partir da cultura, Einar, portanto, faz revelar o sentimento enquanto um ser feminino, enquanto mulher. Distancia-se de seu gênero de origem e rompe com este com as vestimentas, em direção dos desejos conscientes e convoca o gênero da faculdade a partir de Gerda, sua esposa, o convida para que este se vista de mulher, com a intenção de auxiliar nas suas pinturas derivado da ausência de uma modelo, ele ao incorporar Lili, demonstra na sua manifestação de vontade, vestido e com os adereços, abre-se portas e a possibilidade de pôr em prática o seu gênero, o mundo diante de si. Einar observa-se submerso em um lugar extremamente prazeroso, a porta dos desejos não é mais uma fantasia do seu inconsciente, não há fuga conecta nem relação de concretude com o consciente; Einar retira o controle no seu território  inconsciente, se percebe livre, no ato querer se vestir, não obedecendo “ordens” da esposa, , mas na manifesta vontade livre das resistências, colocando um basta à repressão da sua feminilidade, e o doce desejo de mudança interna, na transformação em mulher; tal como ele se percebia. Parte-se do pressuposto de que Einar, como todo ser humano, viveu a ambivalência de identificação de figura real ou feminina (substitutiva) revelando e ampliando em “ambos os sexos” essa tomada de conhecimento estabelecendo uma organização de identidade de gênero para sua autoimagem.  

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.2 Kb)   pdf (130.8 Kb)   docx (15.6 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com