A Potência da Culpa e a Atmosfera do Perdão

A potência da culpa e a atmosfera do perdão

A culpa é um sentimento natural do ser humano saudável, com exceção dos diagnosticados como psicopatas que estão isentos de sentimentos empáticos, devida a má formação de sua psique. Mas, que os tornam culpados perante os demais. Devido a essa inerência e o advindo da ética e da moral a culpa vem nos assolar em alguns momentos da vida, muitas vezes através de atos cometidos contra alguém que machucamos, magoamos, ferimos de alguma forma e esse ato mesmo que inconsciente, ocorre de forma natural e precisa existir. O problema está quando essa culpa gera determinadas afecções em nosso consciente a ponto de nos sentirmos culpados e muitas vezes por causa da vergonha nos esquivamos de assumir ao mundo o nosso erro, na tentativa de equilibrarmos os sentimentos usamos a culpa como expiação, nos punindo de alguma forma para não lidarmos com as consequências impostas pelo o outro. Mesmo assim não ficamos isentos da potência dela em nossa história e no decorrer dela. A culpa subjetiva, a inconsciente onde o consciente não encontra a razão tem como fator o meio onde aquele indivíduo está inserido, contexto familiar, de geração para geração,  como por exemplo, uma criança que ao nascer a mãe vai a óbito no parto, ele pode se tornar um adulto que se sente inconscientemente culpado pela morte da mãe, gerando assim várias consequências para si em busca da punição, um exemplo a autossabotagem, não se permitindo ter prosperidade, abundância por não sentir que mereça. Por não termos consciência exata de onde advém essa culpa, sua origem, muitos transtornos, neuroses e doenças psicossomáticas até mesmo vícios, assim se originam vindo a comprometer a autonomia do indivíduo.

As religiões monoteístas depositam muito valor ao perdão, o cristianismo define como a essência do cristão como um ser que perdoa, em sua oração primordial titulada como “O Pai Nosso” ensina: “Perdoai a quem nos tem ofendido”, estabelecendo assim, uma via de mão dupla entre indivíduos, humanos, pecadores, descaídos marcados desde o início da humanidade com as infrações das normas divinas cometidas por Adão e Eva, emergindo a humanidade ao erro, do desvio, no pecado. O perdão entre os seres é como uma exigência, uma porta de entrada ao perdão divino onisciente e onipresente, pois a condição dos humanos de pecadores universais constantes, imersos no lodo do erro obriga que nos perdoamos uns aos outros, assim como está escrito na Bíblia por um número aproximadamente de “70X7” para que possamos existir em comunidade e ter o arrependimento como instrumento de barganha para atingir a graça de ser elevado ao Paraiso. O perdão não fere a justiça de Deus, é um ato de misericórdia ao liberarmos nosso ofensor e/ou a nos perdoamos e nos livrando da amargura estamos protegendo nosso coração, emoções e vida espiritual para não sermos aprisionados de forma física e psíquica e estancarmos assim o fluxo da Graça de Deus em nossas vidas.

Por fim, a ideia do perdão tem uma força imensurável, pois é um dos melhores e maiores instrumentos de autoconhecimento, ter o controle sobre mim, e de entender que no outro está o espelho de tudo o que eu temo, invejo e desejo. O indivíduo que se conhece talvez jamais e irrite e se porventura for agredido ou se agredir será genuinamente capaz de entender no que errou, admitir e de solicitar o perdão e exercê-lo. É um desafio que se for capaz de cumprir em tese a vida fluirá melhor, o indivíduo conseguira ignorar ofensas, o orgulho é deixado para escanteio, reverbera a coragem de ser justo em paz e serene, concentrando-se apenas nos fatos e não no espelho partido, imitado e mal resolvido da modelagem a partir do outro quando olhar pra si é mais difícil e doloroso sigo culpando os outros, quando ao contrário me ferindo. E assim, seguimos todos nessa mesma atmosfera.