A atitude de religião do Brasil para o aborto

O tema da interrupção da gravidez, mesmo em caso de fetos com anencefalia, levanta enorme rejeição de grande parte das religiões, que veem a vida desde a fase embrionária como um valor sagrado. A maior resistência ao aborto, e até mesmo à interrupção da gravidez de fetos anencéfalos, parte sobretudo da Igreja Católica, que no Brasil representa a religião com maior número de fiéis. Há quem afirme que se trata única e exclusivamente de “uma questão de fé”. Mas sendo ou não uma questão de fé, não deve ser tratada como tal pelos três Poderes da República: Legislativo, Executivo e Judiciário. Assim, os Ministros do STF, ao julgarem a ação que está sob sua responsabilidade, poderão acolher ou não os argumentos trazidos pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde, mas devem fazê-lo com base em argumentos jurídicos e não com base em argumentos de cunho religioso. É bom lembrar que vivemos em uma República laica e todas as pessoas deverão ser respeitadas, individualmente, em suas mais diversas manifestações religiosas e, ainda, em sua opção de voluntariamente serem atéias ou agnósticas. Além disso, assegurar o direito à liberdade religiosa também implica ga­rantir o direito à liberdade dos que não possuem religião alguma. Em uma sociedade pluralista, não cabe ao Estado regular as escolhas individuais. Deve respeitar e proteger tanto os que creem (seja qual for a crença) quanto os que não creem e, ainda, aqueles que divergem da posição oficial de sua religião.

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