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A ÉTICA A NICÔMANO

Por:   •  9/12/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.076 Palavras (5 Páginas)  •  230 Visualizações

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  1. A virtude enquanto meio termo

Na concepção de Aristóteles o mundo tem uma finalidade, isto é, toda ação tem uma função final. Eventualmente, a finalidade tende para o bem, sendo uma ciência ou uma arte. A supremacia do bem é a felicidade, não como um estado emocional, mas como um segmento no encalço de desenvolver e aperfeiçoar as habilidades. Para atingir o ápice (felicidade), o caminho encontrado foram as virtudes, que caminham ao intuito de garantir a perfeição do ser racional (humano). A respeito da felicidade, ainda no livro I, Aristóteles cita que

Ora, parece que a felicidade, acima de qualquer outra coisa, é considerada como um sumo bem. Ela é buscada sempre por si mesma e nunca no interesse de uma outra coisa; enquanto a honra, o prazer, a razão, e todas as demais virtudes, ainda que as escolhamos por si mesmas (visto que as escolheríamos mesmo que nada delas resultasse), fazemos isso no interesse da felicidade, pensando que por meio dela seremos felizes. Mas a felicidade ninguém a escolhe tendo em vista alguma outra virtude, nem, de uma forma geral, qualquer coisa além dela própria”. Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro 1.

Segundo Aristóteles, há duas espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira exige longa espera, pois é desenvolvida através da experiência e do tempo. Já a virtude moral se constitui através do hábito. Mas, as virtudes são distintas dos sentidos, uma vez que não possuímos as virtudes antes de usá-las, elas são adquiridas através das práticas cotidianas.  

Desta forma, é nas relações com outras pessoas que praticamos as virtudes, mostrando-nos se somos um sujeito justo ou injusto. Ou seja, a vida apresenta questões, que o homem tem a chance de ser justo, praticando a justiça corretamente, ou opta por ser injusto, mostrando a virtude que escolheu. Assim, da mesma forma que geramos a virtude podemos destruí-la.

A tarefa de estudo das virtudes tem como resultado o futuro de nossas ações. Aristóteles diz que quanto mais estudarmos nossos atos, melhores poderemos ser, já que a virtude consiste em um hábito. É pela prática dos atos justos que se forma um homem justo, a lei da colheita de vida se encaixa na explicação, dado que se plantamos justiça colhemos resultados justos.

Não é, portanto, nem por natureza nem contrariamente à natureza que as virtudes se geram em nós; antes devemos dizer que a natureza nos dá a capacidade de recebê-las, e tal capacidade se aperfeiçoa com o hábito... Isso fica bem claro no caso dos sentidos, pois não foi por ver ou ouvir repetidamente que adquirimos a visão e a audição, mas, pelo contrário, nós as tínhamos antes de começar a usá-las, e não foi por usá-las que passamos a tê-las. No entanto, com as virtudes dá-se exatamente o oposto: adquirimo-las pelo exercício, tal como acontece com as artes.” Aristóteles, Ética a Nicômaco, Livro 2.

O prazer e a dor são interligados a virtude dos atos. Uma vez que o homem enfrenta seus medos torna-se corajoso, forte, já o homem que teme, que foge de todo desafio torna-se aborrecido, covarde. A temperança e a coragem são destruídas tanto pelo excesso quanto pela falta, preservando-as pela mediana, por um equilíbrio.

Para o ápice da virtude honrosa, o homem deve buscar um meio-termo. Uma mediania não pensando em silenciar as emoções, mas procurando a fração entre o certo e errado, que acarretará em uma ação mais adequada sob a perspectiva moral, mediando entre às emoções e paixões. De acordo com Aristóteles, a posição de meio é o que tem a mesma distância entre os extremos, assim um meio é o que não excede nem falta. Fica evidente que o “meio” se dá em relação ao agente pois “não é único e o mesmo para todos” (ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco, II, 1106 a 34).

Por exemplo, a questão do prazer que o atrai em um certo alimento, é mais comum o homem o exceder ao limite, visto o prazer que sente ao comer determinado alimento, ao passo do pesar que homem sente ao se ceder em excesso de determinada tentação. Este, deve manter uma mediana entre a satisfação do seu prazer de forma moderada, sem desfazer do prazer que sente alimentando-se. A busca do meio termo desse prazer dependerá do esforço em questão, delimitando o limite que poderá chegar ao mais adequado, como mostra a razão.

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