Análise do Artigo “Limites e Possibilidades do Ensino de Filosofia”, do Professor Franklin Leopoldo e Silva
Por: Karine.Barboza • 2/6/2019 • Resenha • 1.085 Palavras (5 Páginas) • 309 Visualizações
Universidade Federal do Paraná – Campus Reitoria
Filosofia – Licenciatura e Bacharelado
Psicologia da Educação, ET053 T. FN – Profa. Valéria Luders
Karine Cristine de Souza Barboza
Análise do Artigo “Limites e Possibilidades do Ensino de Filosofia”, do Professor Franklin Leopoldo e Silva.
O objeto de análise do presente estudo é o artigo “Limites e Possibilidades do Ensino de Filosofia”, do Professor Franklin Leopoldo e Silva. Este artigo, por sua vez, tem como tema central o ensino e aprendizagem, enquanto identificação dos limites e possibilidades do sistema educacional. Isto é, o artigo tem como objetivo o examine da questão das diferentes perspectivas e possibilidades que a educação pode disponibilizar para o aluno. Desse modo, a problematização desta temática ocorre mediante a identificação da realidade na qual os alunos estão inseridos: um mundo fragmentado. Mediante esta constatação, o autor indica a necessidade de uma reintegração ética e política, determinando, ainda, que para tanto é necessário que o processo de ensino e aprendizagem oriente-se conforme um processo de formação de consciência crítica – sendo este o limite e a possibilidade do ensino de filosofia.
O artigo inicia com apontamentos das dificuldades enfrentadas no sistema educacional, analisados e observados no documentário “Pro Dia Nascer Feliz” – utilizado como instrumento de coleta de dados e procedimento de pesquisa, enquanto uma evidência da questão. Franklin Leopoldo e Silva utiliza-se do documentário para elucidar os problemas presentes no processo formativo dos professores e alunos, bem como suas perspectivas em relação ao ensino e aprendizagem. Enquanto problemática no processo formativo, Franklin identifica que os alunos não compreendem o processo educacional, não compreendendo seu significado e alcance. Concomitantemente, os professores apontam um anacronismo da educação em relação ao processo histórico como principal causa das dificuldades da escola: “a escola foi ultrapassada pelo mundo para o qual ela deveria preparar os jovens”. Isto é, a problematização da questão é iniciada com a evidência do problema: a ausência de consciência e compreensão do processo educativo pelos educadores e pelos alunos. Nessa evidência, Franklin identificará a problemática da questão entre educação e sociedade. Colocando como ponto central de sua análise a questão sobre qual é o papel da educação.
Conforme isso, o autor identificará a definição freqüente de educação como procedimentos adaptativos em função da inserção do aluno na sociedade. Neste ponto, portanto, Franklin inicia a análise da sociedade utilizando-se da metodologia descritiva e explicativa, de modo a caracterizar a sociedade e os indivíduos que a constitui. Desse modo, a fim de caracterizar a sociedade na qual a escola está inserida, o autor se utiliza do conceito “sociedade de risco”, elaborado em um livro de mesmo nome, do sociólogo Ulrich Beck. Como idéia do conceito, Beck apresenta dois elementos constatados na experiência cotidiana, a saber: a instabilidade do presente e a incerteza do futuro. Conforme o sociólogo, esses dois elementos que constituem a sociedade contemporânea tem como conseqüências a impossibilidade de administrar e moldar o futuro, bem como a impossibilidade de constituí-lo segundo projetos próprios do indivíduo; além disto, a sociedade de risco tem como conseqüência a experiência intensa e dramática, além de perigosa de um presente instável, se vivido sem respaldo crítico. Frente a essa indeterminação do presente e do futuro, Franklin indicará a falta de perspectiva da educação: o problema da ausência de motivação no processo educacional, devido à desmotivação externa, causada pela sociedade, que conflui com a desmotivação interna pelos alunos e educadores:
“Os jovens têm dúvidas quanto àquilo que a escola pode proporcionar para eles, tendo em vista o modo como as coisas vão caminhando no mundo. Não sentem que a educação poderia de fato inseri-los numa realidade que parece contraditória e opaca. Ou então, o que é também importante assinalar, entendem a educação exclusivamente pelo lado instrumental, sem qualquer atenção ao aspecto de valor, o que gera ansiedades de outro tipo, nesse caso mais diretamente ligadas ao mercado.”
De outro modo, retorna-se a questão da identidade da educação – a identificação de sua função: ou a educação parece não possuir função, ou então sua função é reduzida a procedimentos adaptativos e finalidades utilitaristas. Entretanto, a ausência de compreensão da relação entre escola e sociedade, bem como da função da educação, estende-se para a ausência de compreensão da relação entre indivíduo e sociedade. Nem o sujeito, nem o mundo objetivo, nem as práticas que constituem o modo de inserção mo mundo podem ser claramente relacionados: “tanto a subjetividade quanto o mundo objetivo perderam a densidade e a substancialidade que pareciam ter, e não se colocam mais como referências em termos de conhecimento e de ação”. Da incompreensibilidade da totalidade do mundo e da singularidade do sujeito, Franklin indica esta crise repercute na educação, com crise de valores, fim das ideologias e fragmentação da vida: “de um lado se perderam os critérios universais de orientação da conduta, de outro se impõem padrões de homogeneidade do comportamento, fenômeno que tem sido chamado de ‘macdonaldização’ do mundo”. Conforme Franklin, a sociedade estruturada de modo a determinar o indivíduo, tem como conseqüência a ausência de liberdade na individualização, em uma interpretação da vida imposta pela sociedade, entendida como “engenharia da vida”. A educação, frente a essa interpretação mecânica da vida, configura-se como tecnociência, enquanto os educadores são reduzidos a instrumentistas. Indicando, ainda, que uma educação tecnicamente gerenciada excluí um componente essencial do processo educativo: a formação.
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