BRASIL CAIPIRA

Brasileiro está acostumado a ouvir e a conhecer os caipiras. Sabe que eles são originários do interior, especialmente do estado de São Paulo. Mas o que mais o brasileiro admira é a música caipira, o jeito de vestir e de falar. Geralmente são agricultores, peões ou trabalhadores da roça. Em sua origem a palavra caipira significa cortador de mato. O povo caipira teve origem na miscigenação de indígenas, negros, mulatos, portugueses e europeus em geral. Desses cruzamentos nasceu e se consolidou uma população que recebeu este apelido: o povo caipira. Em poucos anos eles se disseminaram no Centro-Sul, especialmente São Paulo, Minas Gerais, Goiás e outros estados brasileiros.

A música caipira não tem a única função de entretenimento ou lazer. É também uma forma de registro do sentimento desse homem do campo, uma forma de expressar suas angustias, insatisfações ou forma de satirizar uma situação que muitas vezes não pode ser modificada. As contradições são inerentes ao modo de produção capitalista tendo o caipira consciência disso ou não. O sofrimento, a insatisfação, o não entendimento dessas relações causado por essas contradições pode ser considerado um dos motores da criatividade do poeta caipira

Preto Velho

Jesus Belmiro, Lourival dos Santos e Tião Carreiro

Perguntei ao preto velho

Porque chora meu herói?

Preto velho respondeu

É meu coração que dói

Eu já fui bom candeeiro, fui carreiro e fui peão

Já derrubei muito mato, e já lavrei muito chão

Com carinho carreguei

Os filhos do meu patrão

Em troca do que eu fiz, só recebi ingratidão

Perguntei ao preto velho

Porque chora meu herói?

Preto velho respondeu

É meu coração que dói

Sempre chamei de senhor

Quem me tratou a chicote

Livrei o patrão de cobra

Na hora de dar o bote

Eu sempre fui a madeira

E o patrão foi o serrote

Sofri mais do que boi velho

Com a canga no cangote

Perguntei ao preto velho

Porque chora meu herói?

Preto velho respondeu

É meu coração que dói

Da terra tirei o ouro

Meu patrão fez seu anel

Mas agora estou velho

E o meu patrão mais cruel

Me está me mandando embora

Vou viver de déu em déu

O que me resta é esperar

A recompensa