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Conceitos sobre uma pessoa e seu processo de aprendizagem

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Por:   •  6/6/2014  •  Projeto de pesquisa  •  3.979 Palavras (16 Páginas)  •  590 Visualizações

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FACNORTE- FACULDADE DO NORTE DO PARANÁ

RESUMO SOBRE TEORIA PARA AS PRÁTICAS EDUCACIONAIS

MARINALVA FERREIRA DA SILVA

GRAVATÁ-2014

INTRODUÇÃO

As concepções sobre o homem e o seu processo de aprendizagem/desenvolvimento têm sido compreendidas a partir de variadas perspectivas e sob o olhar teórico-filosófico tanto das ciências naturais e biológicas quanto das ciências humanas e sociais, fato que imprime um teor polêmico para a questão, pois o indivíduo é reconhecido ora como um ser natural ora como um ser social e histórico. Diante disso, propõe-se apresentar as concepções de três autores fundamentais - Piaget, Vygostki e Wallon - que influenciaram sobremaneira as compreensões do humano ao longo do século XX.

Na elaboração desse resumo não houve a preocupação em apresentar os autores numa cronologia histórica, mas sim identificá-los como representantes das ciências naturais e biológicas ou representantes das ciências humanas e sociais. Inicia-se com os conceitos principais de J. Piaget - que é considerado representante das ciências naturais, e finaliza-se com a apresentação dos principais conceitos de L. S. Vygostki e H. Wallon - representantes das ciências humanas e sociais.

Pretende-se, ainda, criar condições de aprofundamento acerca das teorias pela via da sua superação por incorporação, como postula a visão dialética de ciência, tendo em vista o compromisso com o constante desenvolvimento do conhecimento científico.

J. Piaget: conceitos fundamentais da epistemologia genética

Jean Piaget (1896-1980) desenvolveu estudos psicogenéticos objetivando compreender como o ser humano conhece o mundo (material e simbólico) e descobrir quais seriam os mecanismos cognitivos utilizados pelo homem para conhecer este mundo. Piaget desenvolveu suas pesquisas iniciais em biologia, mas suas preocupações com o conhecimento levaram-no diretamente à psicologia, que é de onde, por meio de pesquisas experimentais, construiu sua teoria do desenvolvimento cognitivo.

Moro (2002, p. 117) identifica que a teoria piagetiana "[...] é uma teoria epistemológica, produzida por um biólogo de formação, psicólogo por necessidade e epistemólogo por interesse central". Assim, a teoria piagetiana se propõe a construir a unificação entre a biologia e a epistemologia, e nesta empreitada constrói uma teoria científica do conhecimento que integra os fenômenos cognitivos ao contexto da adaptação do organismo ao meio, tendo a biologia (seus conceitos e métodos) como elementos fundantes da sua teoria.

A teoria piagetiana preocupa-se em compreender a gênese (origem) e a evolução do conhecimento humano e, diante desse objetivo, procura identificar quais são os mecanismos utilizados pela criança para conhecer o mundo. Piaget (1978) afirma que há uma diferença qualitativa entre a lógica infantil (mais simples) e a lógica do adulto (mais complexa), pois os processos de construção da cognição humana se tornam complexos com o passar do tempo. De suas pesquisas, Piaget elabora algumas categorias para compreender o processo de desenvolvimento humano, sendo a equilibração uma categoria fundamental. Para o autor, todo organismo vivo precisa viver em equilíbrio com o meio ambiente, caso contrário não sobrevive. Este ambiente possibilita situações novas, desafiadoras e conflitantes ao indivíduo causando-lhe desequilíbrios, que são necessários para o avanço do seu desenvolvimento.

Diante de um conflito (nova tarefa, novo objeto a ser conhecido ou nova palavra a ser aprendida), o indivíduo se desequilibra e, para reequilibrar-se, lança mão de alguns mecanismos fundamentais, denominados mecanismos próprios do indivíduo. Dentre esses mecanismos, encontra-se a assimilação que se manifesta quando o organismo, sem se alterar, procura significado, a partir de experiências anteriores, para compreender um novo conflito.

Para a teoria piagetiana, um segundo mecanismo natural do indivíduo é o da acomodação, no qual o organismo tenta restabelecer o equilíbrio com o meio através de sua transformação (transformação do próprio organismo). Vale frisar que os processos de assimilação e acomodação, embora diferentes, ocorrem simultaneamente na resolução dos conflitos apresentados pelo ambiente em decorrência da interação do indivíduo com o mundo dos objetos (materiais e simbólicos).

Objetivando compreender melhor os processos de assimilação e acomodação, podemos pensar no seguinte exemplo: oferecemos a uma criança uma pequena bola de couro de cor preta com aproximadamente 50 gramas. Essa criança ao pegar esse objeto mobiliza o recurso da assimilação, pois já utilizou anteriormente esse esquema de pegar outros objetos redondos, leves e com determinada cor. Ao atribuir à bola de couro preta o significado de um objeto que se pode pegar com as mãos, que tem peso, forma e cor, a criança, simultaneamente, mobiliza o recurso da acomodação, isso porque precisa desenvolver um novo esquema específico para aquele novo objeto, considerando seus esquemas anteriores. Assim, a bola de couro preta (nova) que a criança está conhecendo lhe possibilitou um desequilíbrio inicial, que foi resolvido a partir dos mecanismos naturais de assimilação e acomodação levando-a a equilibrar-se.

É importante entender que estes processos de assimilação e acomodação próprios do indivíduo, como a teoria piagetiana apresenta, coexistem e se alternam ao longo do processo de desenvolvimento, possibilitando o enfrentamento e a resolução de conflitos encontrados no ambiente para que o indivíduo possa se equilibrar e continuar se desenvolvendo.

Piaget (1998), imbuído da tarefa de esclarecer o desenvolvimento da lógica infantil, após inúmeras observações e experimentos com crianças, elabora aquilo que ele chamou de leis do desenvolvimento da inteligência, identificando uma hierarquia lógica, composta de três leis irrevogáveis e consecutivas do processo de desenvolvimento cognitivo.

A primeira lei do desenvolvimento da inteligência é a lei da conservação da matéria (ocorre aproximadamente entre 5 e 7 anos de idade) - esta lei se configura quando uma criança consegue identificar que uma "bolinha de massa" pode se transformar em uma "cobrinha de massa", e a matéria (massa) continua a mesma, apesar da mudança da forma. A conservação da matéria ocorre quando

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