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DEUS CARITAS EST OS DESAFIOS DO CRISTIANISMO NA CONTEMPORANEIDADE

Por:   •  27/8/2021  •  Artigo  •  4.181 Palavras (17 Páginas)  •  115 Visualizações

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OS DESAFIOS DO CRISTIANISMO NO MUNDO CONTEMPORÂNEO: o conceito de amor pela Igreja na encíclica “Deus Caristas est” do Papa Bento XVI

Arthur Antunes Alves Torre[1]

                

RESUMO

O presente artigo pretende abordar os desafios do cristianismo no mundo contemporâneo destacando o conceito de amor dado pela Igreja, tendo como base a encíclica “Deus Caritas Est” do sumo pontífice Bento XVI. A pergunta que guiou na construção deste artigo foi: Qual a práxis contrária a exclusão deste outro indivíduo na visão do sumo pontífice Bento XVI? Para responde-la o artigo foi estruturado nas seguintes sessões: 1 – Apresentar a unidade dos amores ágape, eros e philia presentes na história da humanidade; 2 – Mostrar um Jesus, ao mesmo tempo, histórico e contemporâneo; e por fim, 3 – Apresentar a Justiça como práxis da Caridade. Portanto, este artigo tem como objetivo demostrar a unidade entre os amores ágape, eros e philia, trazendo ainda um Jesus histórico e contemporâneo nos dando a visão de uma Igreja que mesmo enfrentando desafios busca sempre através da práxis da caridade a justiça.  

Palavras-chave: Deus Caritas Est. Filosofia da Religião. Metafísica. Cristologia.

ABSTRACT

This article aims to address the challenges of Christianity in the contemporary world by highlighting the concept of love given by the Church, based on the encyclical "Deus Caritas Est" of the Pope Benedict XVI. The question that guided the construction of this article was: What is the praxis against the exclusion of this other individual in the view of Pope Benedict XVI? To answer it the article was structured in the following sessions: 1 - Present the unity of agape, eros and philia loves present in the history of humanity; 2 - Show a Jesus, both historical and contemporary; and finally, 3 - Presenting Justice as the praxis of Charity. Therefore, this article aims to demonstrate the unity between the agape, eros and philia loves, while bringing a historical and contemporary Jesus giving us the vision of a Church that even facing challenges always seeks through the praxis of charity and justice.

Keywords: Deus Caritas Est. Philosophy of Religion. Metaphysics. Christology

1 INTRODUÇÃO        

                Sabe-se que o ser humano é constituído de corpo e alma na visão cristã, e que muitas vezes a inclinação para a ação corpórea, tende este ser humano à uma ação de exclusão para com o outro indivíduo. Portanto, na encíclica Deus Caritas Est desenvolvida pelo sumo pontífice, o Papa emérito Bento XVI, ainda em vigor do seu poder papal no ano de 2006, escreveu a toda a comunidade católica, no intuito de contribuir na construção de uma sociedade em que não haja exclusão.

        Na primeira sessão deste artigo iremos ver além da unidade dos amores ágape, eros e philia presentes na história da humanidade, veremos também o conceito de cada um já afirmará o Papa Bento XVI: [2] "É o amor que dá a vida, por isso a Igreja é convidada a difundir no mundo a caridade de Cristo, para que os homens e os povos tenham vida e a tenham em abundância” (BENTO XVI, 2006, p. 14). A Igreja deve ser discípula e missionária deste amor. É trazer para o nosso contexto cristão o verdadeiro significado do amor eros, ágape e philia mostrando que unidos nos levam ao Divino, e separados nos levam a perdição e a desgraça do corpo e da alma.

        Na sessão seguinte o artigo, nos convida por meio do Livro “O homem de hoje diante de Jesus de Nazaré” do autor Juan Luis Segundo[3], a aprofundar mais na história cristã na medida em que o cristianismo se reporta a Jesus de Nazaré, que nos leva a questionar “Quem foi Jesus? e Quem é Jesus?”.  

        E por fim, a terceira e última sessão irá tratar dos principais desafios do cristianismo no mundo contemporáneo que são inúmeros. Isto nos obriga a sermos humildes e reconhecer a complexidade do real. Nenhuma ciência hoje dá conta do real. Por isso, nossa intenção é apontar alguns desafios que nos ajudem a refletir o papel do cristianismo no início deste novo milênio. Estamos apenas em seus inícios, mas temos que pensar mais adiante. Somos, simultaneamente, galinha e águia segundo Leonardo Boff.

Na tradição do Vaticano II, não podemos nos esquecer que: “As alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração.” E é através deste espírito de esperança é que nós buscamos através da justiça praticar a caridade como bem entre as pessoas.

2 A UNIDADE DOS AMORES EROS, ÁGAPE E PHILIA PRESENTES NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

O termo “amor”, uma das palavras mais usadas e das que mais se abusa no mundo de hoje, tem um enorme campo semântico. Nessa multiplicidade de significados surge, todavia, como arquétipo do amor por excelência, aquele existente entre o homem e a mulher, que na antiga Grécia tinha o nome de “eros”. Esse mesmo amor, colocando-se na natureza do ser humano por seu próprio Criador, tem necessidade de disciplina, de purificação e de maturidade para não perder sua dignidade original e não ser degradado a puro “sexo”, convertendo-se em mercadoria.

[...] o Antigo Testamento opôs-se com a maior firmeza, combatendo-a como perversão da religiosidade. Ao fazê-lo, porém, não rejeitou de modo algum o eros enquanto tal, mas declarou guerra à sua subversão devastadora, porque a falsa divinização do eros, como aí se verifica, priva-o da sua dignidade, desumaniza-o (BENTO XVI, 2006. p. 10 – grifos do autor).

        

A fé cristã considerou sempre o homem como um ser em que espírito e matéria se interpenetram mutuamente, alcançando assim uma nobreza toda nova. Desse modo, segundo Bento XVI, o “eros” pode elevar o ser humano em “êxtase” até o Divino.  É visível que “eros” e “ágape” (BENTO XVI, 2006) nunca sejam totalmente separados um do outro. Pelo contrário: quanto mais em equilíbrio estiverem, evidentemente em dimensões diversas, melhor se realizará a verdadeira natureza do amor.

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