Escândalos políticos
Resenha: Escândalos políticos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: isleysouza • 25/6/2014 • Resenha • 1.783 Palavras (8 Páginas) • 269 Visualizações
Os escândalos políticos, entre os quais se incluem a corrupção
individual ou sistêmica, constituem uma das principais matérias primas do
jornalismo político moderno. Em parte, os escândalos são explorados com
volúpia pela mídia por conta da teoria do cão de guarda e, por outra, por conta
da teoria do valor-notícia, ou seja, porque simplesmente vende mais jornal e da
mais audiência. Como se sabe, para a teoria liberal do jornalismo um dos
principais papéis da imprensa é fiscalizar o sistema político, o governo, partidos
e políticos. Dentro dessa perspectiva, a imprensa assume a função de um cão
de guarda sempre Vigilante e pronto para farejar e denunciar atos e
comportamentos abusivos ou lesivos aos interesses dos cidadãos e da
sociedade. E justamente dessa concepção liberal do papel político da imprensa
que se originou a idéia de que a imprensa é o 4° poder nas democracias
modernas.
Mas uma denúncia jornalística, embora muito freqüente, nem
sempre se transforma num escândalo político. Para se transfigurar num
escândalo é necessário que a denúncia repercuta e reverbere entre os
formadores de opinião e provoque reações em cadeia suficientemente fortes
para que o caso se transforme num assunto “quente” na opinião pública. Ou
seja, num escândalo midiático. Uma vez na agenda pública, o escândalo passa
a ter uma dinâmica própria em que os principais protagonistas deste
espetáculo midiático, os jornalistas, os políticos e membros do ministério
público e do judiciário e eventualmente do aparelho policial desempenham os
papéis centrais. Embora todos esses atores tenham um peso importante em
algum momento nos rumos de um escândalo, este só pode se manter na
agenda pública enquanto a mídia se ocupa intensamente dele, seja através de
novas denuncias, a entrada em cena de uma testemunha bomba, a introdução
de novos fatos produzidos pelo jornalismo investigativo ou mesmo pela simples
reprodução das declarações dos agentes envolvidos (acusadores e
denunciados) e da cobertura da repercussão do caso. Assim, o tempo que
cada escândalo se mantém na atenção pública depende da sua visibilidade na
mídia e os danos (e favorecimentos políticos) que produzem variam de acordo
com a gravidade das acusações e do enquadramento dominante adotado na
cobertura da mídia. Como lembra Thompson (2002), um escândalo se refere às
ações ou acontecimentos que implicam transgressões de valores, normas ou
códigos morais que, revelados, motivam reações e respostas públicas. Na
esfera política, em geral os escândalos estão associados à corrupção e ao
suborno, embora em sociedades em que os valores morais e religiosos são
exacerbados os escândalos sexuais também sejam alvo de reações públicas
como mostram o caso Mônica Lewinsky e vários episódios envolvendo políticos
ingleses no qual o caso paradigmático é o affair Profumo nos anos 60. No caso
do Brasil, malversação de recursos, desvios de dinheiro, compra de votos,
financiamento de campanhas com caixa 2, favorecimentos em licitações e
apadrinhamentos no serviço público, entre outras ações do tipo, constituem as
principais matérias primas dos escândalos explorados pelo nosso jornalismo.
Em resumo, a corrupção e suborno político. Os três maiores escândalos
políticos da nossa história republicana recente mostram a predominância desse
gênero entre nós: o suposto “mar de lama” do 2o governo Vargas, cujo
desfecho trágico foi o suicídio do Presidente; o “Collorgate” com desfecho
dramático da renúncia de Collor e o “Mensalão” que atingiu em cheio o PT e o
1o governo Lula. Além desses três escândalos federais podemos incluir o
escândalo, atualmente em curso em Brasília, e batizado pela mídia como o
“Mensalão do DEM”, que já resultou na prisão e cassação do governador José
Arruda.
Os três episódios federais e o regional de Brasília mostram que
a imprensa brasileira tem exercido, nos períodos democráticos, a função de
“cão de guarda” ainda que se deva ressalvar que o jornalismo praticado nos
anos 50 (fortemente partidarizado) era diferente daquele exercido na atual
quadra democrática em que a grande imprensa se autodenomina politicamente
independente e apartidária. Contudo, e apesar do discurso de independência e
apartidarismo, o fato é que quando a imprensa denuncia e explora um
escândalo politico na esfera do executivo ou do legislativo produz, com ou sem
intenções e interesses políticos, conseqüências e efeitos colaterais na vida
partidária e eleitoral. Embora seja um truísmo, vale lembrar que quando o
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