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Escândalos políticos

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Por:   •  25/6/2014  •  Resenha  •  1.783 Palavras (8 Páginas)  •  267 Visualizações

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Os escândalos políticos, entre os quais se incluem a corrupção

individual ou sistêmica, constituem uma das principais matérias primas do

jornalismo político moderno. Em parte, os escândalos são explorados com

volúpia pela mídia por conta da teoria do cão de guarda e, por outra, por conta

da teoria do valor-notícia, ou seja, porque simplesmente vende mais jornal e da

mais audiência. Como se sabe, para a teoria liberal do jornalismo um dos

principais papéis da imprensa é fiscalizar o sistema político, o governo, partidos

e políticos. Dentro dessa perspectiva, a imprensa assume a função de um cão

de guarda sempre Vigilante e pronto para farejar e denunciar atos e

comportamentos abusivos ou lesivos aos interesses dos cidadãos e da

sociedade. E justamente dessa concepção liberal do papel político da imprensa

que se originou a idéia de que a imprensa é o 4° poder nas democracias

modernas.

Mas uma denúncia jornalística, embora muito freqüente, nem

sempre se transforma num escândalo político. Para se transfigurar num

escândalo é necessário que a denúncia repercuta e reverbere entre os

formadores de opinião e provoque reações em cadeia suficientemente fortes

para que o caso se transforme num assunto “quente” na opinião pública. Ou

seja, num escândalo midiático. Uma vez na agenda pública, o escândalo passa

a ter uma dinâmica própria em que os principais protagonistas deste

espetáculo midiático, os jornalistas, os políticos e membros do ministério

público e do judiciário e eventualmente do aparelho policial desempenham os

papéis centrais. Embora todos esses atores tenham um peso importante em

algum momento nos rumos de um escândalo, este só pode se manter na

agenda pública enquanto a mídia se ocupa intensamente dele, seja através de

novas denuncias, a entrada em cena de uma testemunha bomba, a introdução

de novos fatos produzidos pelo jornalismo investigativo ou mesmo pela simples

reprodução das declarações dos agentes envolvidos (acusadores e

denunciados) e da cobertura da repercussão do caso. Assim, o tempo que

cada escândalo se mantém na atenção pública depende da sua visibilidade na

mídia e os danos (e favorecimentos políticos) que produzem variam de acordo

com a gravidade das acusações e do enquadramento dominante adotado na

cobertura da mídia. Como lembra Thompson (2002), um escândalo se refere às

ações ou acontecimentos que implicam transgressões de valores, normas ou

códigos morais que, revelados, motivam reações e respostas públicas. Na

esfera política, em geral os escândalos estão associados à corrupção e ao

suborno, embora em sociedades em que os valores morais e religiosos são

exacerbados os escândalos sexuais também sejam alvo de reações públicas

como mostram o caso Mônica Lewinsky e vários episódios envolvendo políticos

ingleses no qual o caso paradigmático é o affair Profumo nos anos 60. No caso

do Brasil, malversação de recursos, desvios de dinheiro, compra de votos,

financiamento de campanhas com caixa 2, favorecimentos em licitações e

apadrinhamentos no serviço público, entre outras ações do tipo, constituem as

principais matérias primas dos escândalos explorados pelo nosso jornalismo.

Em resumo, a corrupção e suborno político. Os três maiores escândalos

políticos da nossa história republicana recente mostram a predominância desse

gênero entre nós: o suposto “mar de lama” do 2o governo Vargas, cujo

desfecho trágico foi o suicídio do Presidente; o “Collorgate” com desfecho

dramático da renúncia de Collor e o “Mensalão” que atingiu em cheio o PT e o

1o governo Lula. Além desses três escândalos federais podemos incluir o

escândalo, atualmente em curso em Brasília, e batizado pela mídia como o

“Mensalão do DEM”, que já resultou na prisão e cassação do governador José

Arruda.

Os três episódios federais e o regional de Brasília mostram que

a imprensa brasileira tem exercido, nos períodos democráticos, a função de

“cão de guarda” ainda que se deva ressalvar que o jornalismo praticado nos

anos 50 (fortemente partidarizado) era diferente daquele exercido na atual

quadra democrática em que a grande imprensa se autodenomina politicamente

independente e apartidária. Contudo, e apesar do discurso de independência e

apartidarismo, o fato é que quando a imprensa denuncia e explora um

escândalo politico na esfera do executivo ou do legislativo produz, com ou sem

intenções e interesses políticos, conseqüências e efeitos colaterais na vida

partidária e eleitoral. Embora seja um truísmo, vale lembrar que quando o

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