Estética e Mística em Plotino

Plotino nasceu na cidade de Licópolis em 205 D.C. no Egito nas proximidades do rio Nilo e faleceu em 270 d.C, se esses dados forem confiáveis, viveu então 65 anos.

Mostrar gravura de Plotino.

Aqui temos uma pequena gravura de uma das esculturas que fizeram dele, segundo consta não gostava de ser retratado por ser extremamente humilde. Parece que primeiro fizeram um retrato de memória e as esculturas foram feitas a partir daquele retrato.

Aos 28, depois de alguns anos de estudo sua insaciável inquietude o levou relacionar-se com Amônio Saccas, mestre de renome em Antioquia (foi uma cidade antiga erguida na margem esquerda do rio Orontes; é a moderna Antakya, na Turquia).

Amônio Saccas

Amônio Saccas representava a união de diversas correntes filosóficas grega, predominando fundamentalmente a corrente               neoplatônica . Fez da sinceridade a sua bandeira e quis evitar a todo custo o formalismo. Por isso, não queria que suas doutrinas chegassem ao público em geral e reduzia seus ensinamentos a um pequeno círculo de alunos e  amigos, com os quais discutia livremente suas opiniões.

Plotino frequentou, durante onze anos, a escola de Amônio, depois disso quis viajar à Índia. Uniu-se a uma expedição que se dirigia à Persia e a duras penas, pode escapar vivo e regressar à Alexandria.

Aos 40 anos viajou a Roma e lá abriu uma Escola de Filosofia com o mesmo espírito de Amônio: o ensinamento oral a seletos ouvintes. Entre seus discípulos, destacou o seu magistério. Quando Plotino já contava com 59 anos, uniu-se a ele Porfírio. Naquele momento Plotino já havia escrito vinte e um tratados e a pedido de Amélio e Porfírio, chegou a escrever cinquenta e quatro, que foram agrupados em seis livros de nove tratados cada, chamados “Enéadas”.

Sua influência foi sentida  entre as mais destacadas personalidades romanas, incluindo as mulheres, muitas famílias lhe confiaram a educação de seus filhos e o cuidado de suas fortunas.

O ideal de Plotino foi dispor de uma cidade para fundar Platonópolis, regida pelas leis de Platão. Porém, os interesses que pressionavam o Imperador Galiano, não permitiaram que essa ideia frutificasse.

Todo seu ensinamento filosófico-religioso baseia-se na contemplação, na união com Deus, chegando a um estado de êxtase, que soube descrever com uma emoção sem igual. Vivendo em tão elevados planos espirituais é compreensível que negasse, absolutamente, a se ocupar do corpo físico, que não quisesse falar de seus pais, da data de seu nascimento e que não deixasse retratar. Muitos de seus amigos não compreenderam essa atitude e o abandonaram . Vítima de uma doença  fatal, retirou-se para o campo, onde morreu. Suas últimas palavras registradas foram: “esforço-me por elevar o que há de divino em mim ao que há de divino no Universo”.

Em seus escritos, recopilados e ordenados por Porfírio, nota-se a preocupação em elevar a Alma, do mundo pluralizado, até o Primeiro Princípio.

Os temas tratados nas Enéadas são os seguintes:

1ª Enéada: O homem e a moral

2ª Enéada: O mundo e suas leis físicas

3ª Enéada: O destino e a providência

4ª Enéada: Sobre a alma

5ª Enéada: A inteligência

6ª Enéada: Resolução das anteriores. O ser e o uno.

Em princípio ele juntamente com o seu mestre Amônio Saccas teria cunhado a palavra Teosofia, sendo ele um neoplatônico ou um filaleteu como os antigos diziam “aletheia” (não-oculto, não-escondido, não-dissimulado) quer dizer verdade, então um amante da verdade. Como o termo filosofia vinha sendo desgastado desde Platão (já havia a necessidade de distinguir o filósofo do sofista), então se fez necessário criar um novo termo para retomar a ideia original de busca pelo conhecimento, tendo essa palavra sido criada como Teosofia ou Sabedoria Divina para distingui-la dos conhecimentos humanos diversos. Amônio Sacas teria nascido em 175 e 242, quando Plotino encontrou o seu mestre tinha na faixa de 28 anos de idade, morando assim em Alexandria. Neoplatônicos por que aprofundavam os conhecimentos postulados por Platão.

Na época de Plotino, aconteciam muitas trocas filosóficas em Alexandria (Egito, Roma, Síria, Turquia), muitas culturas diferentes favoreciam trocas filosóficas, 600 anos depois de Platão, além das influências do modo de vida pitagórico que eram muito presentes. Na antiguidade a filosofia não era dissociada de um modo de vida, de uma bios, os pitagóricos tinham práticas de vegetarianismo, só vestiam linho branco, e tudo isso era muito presente, essa forma de uma filosofia existencial e vivencial, voltada para a vida prática. Plotino surge nesse rico ambiente. Amônio Sacas acreditava que as religiões e filosofias eram apenas roupagens para uma verdade que era primeira e sustentáculo de todas as manifestações de conhecimento humano. Nada escreveu, uniu essa diversidade cultural, alguns autores o chamam de “theo didaticus” (ensinado por Deus). Nessa escola que Amônio Sacas funda vão existir diferentes origens de frequentadores como Orígenes que era cristão, pagãos, platônicos e ele vai eliminar as divergências e brigas religiosas e reconciliar um sistema de ética comum baseado nas verdades eternas (Filaletus – Amantes da Verdade). Ou seja, não há nenhuma religião superior à verdade.

Plotino também faz viagens para a Pérsia, a Índia e (provavelmente) os gnósticos. Em Roma cria sua própria escola e ensina apenas ensinamentos orais por conta de um voto de sigilo, de segredo, que o mestre teria exigido dos seus alunos que não fossem revelados os conhecimentos. Depois de 10 anos um dos alunos do Amônio Sacas quebra o sigilo e assim Plotino escreve também 54 tratados sobre a união da alma sobre o seu estado mais divino e superior e de onde vem essa unidade e por que estamos nessa multiplicidade. Então essa filosofia se torna mais focada no místico e no ascetismo, desestimula os alunos ao trato político. Ênfase na pureza, bondade, vegetarianismo, e foco nas 3 realidades conhecidas como as 3 hipostases (hipostasis, natureza de algo, O termo ainda é utilizado em grego moderno com o significado de "existência"):