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FICHAMENTO: O Universo espiritual da pólis

Por:   •  15/1/2018  •  Resenha  •  1.036 Palavras (5 Páginas)  •  1.829 Visualizações

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Faculdade São Bento da Bahia
1º Semestre
Disciplina: Introdução à Filosofia
Docente: Sandro Nogueira
Discente: Rafaela Pimenta Lacerda


FICHAMENTO

VERNANT, Jean Pierre. “O universo espiritual da pólis”- As Origem do Pensamento Grego. Rio de Janeiro: Difel, 2002. P. 34-47.

- O sistema da Pólis tinha a palavra como o maior instrumento de poder. A força de persuasão (Peithó) dentro de debates assegura a vitória entre os oradores diante do público. A política e o logos (razão) formam uma relação de reciprocidade, pois a política seria a arte da linguagem e o logos se realiza na linguagem e revela a sua relevância através de suas regras e eficácia na função política.

- O texto de Vernant revela que na pólis, era dada uma grande publicidade às manifestações importantes da vida social. Segundo ele, a pólis só existe na medida em que a vida pública. Toda essa publicidade permite a todos apreender e direcionar o olhar para o conjunto das condutas, processos e conhecimentos antes restritos aos reis (basileus) e aos ligados ao divino. A cultura também se torna acessível à todos do grupo, permitindo que os elementos e fatores que a compõem sejam levados publicamente, sujeitos a críticas e controvérsias (não se conservam mais como garantia de poder).

- A Palavra era o instrumento da vida política a escrita é quem vai servir de no campo intelectual, para divulgar os conhecimentos que antes eram restritos e assim se torna o meio de uma cultura comum. A escrita passou a ter o mesmo direito da fala e tornou-se elemento básico na educação grega (Paideia).

- O autor aborda que com a escrita, torna-se possível redigir leis para a cidade, as tornando permanentes e fixas. Antes do regime da Cidade a Dike (justiça) na terra dependia de reis e no céu era soberana e inacessível. Porém, ainda com seu valor ideal, a Dike vai se realizar na lei pertencendo agora ao plano humano. A justiça e a lei tornam-se regra comum a todos, mas sendo superior a todos, embora não esteja livre a críticas e discussões e possa se modificar – mas ainda sim considerada como sagrada.

- Através da escrita, ambicionava-se com o conteúdo escrito que a mensagem contida fosse o bem comum para cidade e assim como a leia, pudesse se impor as pessoas e uma vez exposta, demonstrasse a sabedoria da mensagem escrita e de quem a escreveu, constituindo-se em si mesma como verdade. A verdade do sábio era segredo religioso, vinda de algo superior e inacessível, porém com a escrita a verdade é retirada do grupo fechado das seitas e se torna pública para a cidade, acessível a todos e livre para o debate político até ser aceita e reconhecida.

- Os antigos sacerdócios tinha parte com o divino e com o surgimento da pólis o proveito que os sacerdócios tinham se transformaram em cultos oficiais para a cidade. “A proteção que a divindade reservava outrora a seus favoritos vai doravante exerce-se em benefício da comunidade toda.” (p.38). o sacro, antes reservado aos reis em seus palácios e as casas de sacerdotes, passa a ficar sob o olhar da cidade nos templos e transforma-se em ensinamentos sobre os deuses.

- “(...)as fórmulas ocultas se despojam de seu mistério e seu poder religioso para se tornarem as “verdades” que os Sábios vão debater”. (p.38)

- Vernant demonstra que o processo para a vida social em publicidade se deu por etapas e enfrentou dificuldade. Mesmo na política, onde as coisas se tornavam publicas e acessíveis a todos, santuários secretos, oráculos privados, coleções divinatórias não divulgadas reservadas a certos magistrados existiam. A salvação da cidade também era posta em relíquias (ossos de heróis) que ficavam reservados do público, sob o risco de sua publicidade arruinar o Estado.

- “O ‘racionalismo’ político que preside ás instituições da cidade se opões certamente aos antigos processos religiosos do governo, mas sem por isso exclílos de maneira radical”. (p. 39)

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