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Resumo do Capítulo IV “O Universo Espiritual da Polis” do livro As Origens do Pensamento Grego de Jean Pierre Vernant

Por:   •  23/11/2018  •  Resenha  •  694 Palavras (3 Páginas)  •  1.310 Visualizações

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Resumo do Capítulo IV “O Universo Espiritual da Polis” do livro As Origens do Pensamento Grego de Jean Pierre Vernant

Flávio Rocha de Deus (Universidade do Estado da Bahia).

A formação da pólis no século VIII e VII a.C. significa para os gregos uma nova forma de vida social e relacionamento entre os indivíduos. O que origina a metodologia de funcionamento da pólis é a nova posição da palavra perante a sociedade grega, agora como principal instrumento de poder, onde “A palavra não é mais o termo ritual, a fórmula justa, mas o debate contraditório, a discussão, a argumentação” para a tomada de decisões de interesse público. Afinal, com a decadência da sociedade micênica, todos os assuntos de interesse público, que outrora eram resolvidos sob a vontade e julgamento do rei, passaram a ser debatidos na Ágora por todos os cidadãos.

A pólis passou a existir na medida em que se definiu um setor de interesse público, se contrasta ao privado, que faz surgir uma exigência de publicidade que acarreta o constante julgamento das condutas. 

Após o século VIII a.C., a técnica da escrita tornou-se um conhecimento não mais reservado aos escribas, mas, sim, um saber livremente difundido, onde a escrita torna-se um dos elementos da paideia grega. “Esse duplo movimento de democratização e de divulgação terá, no plano intelectual, consequências decisivas [...] é a escrita que vai fornecer, no plano propriamente intelectual, o meio de uma cultura comum e permitir uma completa divulgação de conhecimentos previamente reservados ou interditos” Através da escrita as ideias são divulgadas, os segredos são conhecidos, mesmo que não sejam acessíveis a todos. Com o prestígio da palavra e o desenvolvimento das práticas públicas, surge o conceito de “isonomia”. Em resumo: Quando escritas, as leis da pólis passam a ser conhecidas e aplicadas a todos da mesma forma. Se outrora, dike era um produto do desejo de reis, agora ela se torna uma lei de todos e sobre todos, racional e submetida a prévia discussão.

A rejeição da glória particular se dá não só na esfera da guerra, engloba as atitudes tradicionais da aristocracia, “a ostentação da riqueza, o luxo das vestimentas, a suntuosidade dos funerais, manifestações excessivas de dor em caso de luto [...] o comportamento demasiado seguro [...] da juventude nobre.” Essas práticas são rejeitadas por evidenciarem as desigualdades sociais e o sentimento de distância entre os indivíduos, elas alimentam sentimentos como a inveja, pondo em risco o equilíbrio da cidade. O que se busca é a moderação que faça aproximar os cidadãos.

Já em Esparta a questão militar é o pilar principal da organização social e cultural. Entre os séculos VII e VI a.C. Esparta “concentra-se em si mesma, fixa-se em instituições que consagram completamente a guerra.” Repudia a riqueza, se fecha ao intercâmbio estrangeiro, proíbe o uso de metais preciosos, negligência as letras e a arte. “Permanece fora das grandes correntes intelectuais, negligência as letras, as artes em que se tinha celebrizado antes. A filosofia e o pensamento grego parecem assim não lhe dever nada.”

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