Fichamento: Sociologia das ausências e uma sociologia das emergências
Por: Jade Guimarães • 11/1/2018 • Trabalho acadêmico • 2.164 Palavras (9 Páginas) • 494 Visualizações
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Universidade Federal da Bahia
Faculdade de Educação
Disciplina Estágio em Geografia 2
Professor: Eduardo
Aluna: Jade Guimarães Gomes dos Santos
Fichamento do texto: Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências de Boaventura de Souza Santos
“O presente texto resulta de um projecto de investigação com o título “A reinvenção da emancipação social” (p. 237)
“Os seis países escolhidos, para além de Moçambique como país periférico, eram a África do Sul, o Brasil, a Colômbia, a Índia e Portugal.” (p. 237)
“Em primeiro lugar, a experiência social em todo o mundo é muito mais ampla e variada do que o que a tradição científica ou filosófica ocidental conhece e considera importante.” (p. 238)
“Em segundo lugar, esta riqueza social está a ser desperdiçada. É deste desperdício que se nutrem as ideias que proclamam que não há alternativa, que a história chegou ao fim, e outras semelhantes.” (p. 238)
“Em terceiro lugar, para combater o desperdício da experiência, para tornar visíveis as iniciativas e os movimentos alternativos e para lhes dar credibilidade, de pouco serve recorrer à ciência social tal como a conhecemos.” (p. 238)
“Em primeiro lugar, a compreensão do mundo excede em muito a compreensão ocidental do mundo.” (p. 238)
“Em segundo lugar, a compreensão do mundo e a forma como ela cria e legitima o poder social tem muito que ver com concepções do tempo e da temporalidade.” (p. 238)
“Em terceiro lugar, a característica mais fundamental da concepção ocidental de racionalidade é o facto de, por um lado, contrair o presente e, por outro, expandir o futuro.” (p. 238)
“A indolência da razão criticada neste ensaio ocorre em quatro formas diferentes: a razão impotente, aquela que não se exerce porque pensa que nada pode fazer contra uma necessidade concebida como exterior a ela própria;” (p. 239)
“A razão arrogante, que não sente necessidade de exercer-se porque se imagina incondicionalmente livre e, por conseguinte, livre da necessidade de demonstrar a sua própria liberdade;
“A razão metonímica, que se reivindica como a única forma de racionalidade e, por conseguinte, não se aplica a descobrir outros tipos de racionalidade ou, se o faz, fá-lo apenas para as tornar em matéria-prima;” (p. 240)
“A razão proléptica, que não se aplica a pensar o futuro, porque julga que sabe tudo a respeito dele e o concebe como uma superação linear, automática e infinita do presente.” (p. 240)
“Mas a razão metonímica continuou a presidir aos debates mesmo quando se introduziu neles o tema do multiculturalismo e a ciência passou a ver-se como multicultural.” (p. 240)
“As possíveis variações do movimento das partes não afectam o todo e são vistas como particularidades.” (p. 242)
“O todo é menos e não mais do que o conjunto das partes. Na verdade, o todo é uma das partes transformada em termo de referência para as demais. É por isso que todas as dicotomias sufragadas pela razão metonímica contêm uma hierarquia” (p. 242)
“A modernidade ocidental, dominada pela razão metonímica, não só tem uma compreensão limitada do mundo, como tem uma compreensão limitada de si própria” (p. 243)
“Esta concepção truncada da totalidade oriental, precisamente porque truncada, tem de se afirmar autoritariamente como totalidade e impor homogeneidade às partes que a compõem.” (p. 243)
“Não dá razões de si, impõe-se pela eficácia da sua imposição.” (p. 244)
“[...] não contemporaneidade do contemporâneo (1985), sem, no entanto, problematizar que nessa assimetria se esconde uma hierarquia, a superioridade de quem estabelece o tempo que determina a contemporaneidade” (p. 245)
“A pobreza da experiência não é expressão de uma carência, mas antes a expressão de uma arrogância, a arrogância de não se querer ver e muito menos valorizar a experiência que nos cerca, apenas porque está fora da razão com que a podemos identificar e valorizar.” (p. 245)
“O segundo consiste em mostrar que qualquer totalidade é feita de heterogeneidade e que as partes que a compõem têm uma vida própria fora dela.” (p. 246)
“O objectivo da sociologia das ausências é transformar objectos impossíveis em possíveis e com base neles transformar as ausências em presenças.” (p. 246)
“É possível ver o que é subalterno sem olhar à relação de subalternidade?” (p. 247)
“A ideia central da sociologia das ausências neste domínio é que não há ignorância em geral nem saber em geral. Toda a ignorância é ignorante de um certo saber e todo o saber é a superação de uma ignorância particular” (p. 250)
“[...] as sociedades entendem o poder a partir das concepções de temporalidade que nelas circulam.” (p. 251)
“As experiências são consideradas residuais porque são contemporâneas de maneiras que a temporalidade dominante, o tempo linear, não é capaz de reconhecer.” (p. 251)
“Uma vez libertada do tempo linear e entregue à sua temporalidade própria, a actividade do camponês africano ou asiático deixa de ser residual para ser contemporânea da actividade do agricultor hi-tech dos EUA ou do executivo do Banco Mundial.” (p. 251)
“[...] substitui a monocultura do tempo linear pela ecologia das temporalidades, a ideia de que as sociedades são constituídas por várias temporalidades e de que a desqualificação, supressão ou ininteligibilidade de muitas práticas resulta de se pautarem por temporalidades que extravasam do cânone temporal da modernidade ocidental capitalista.” (p. 251)
“Consiste em identificar diferença com desigualdade, ao mesmo tempo que se arroga o privilégio de determinar quem é igual e quem é diferente.” (p. 252)
“[...] o princípio da diferença e abrindo espaço para a possibilidade de diferenças iguais” (p. 252)
“A desglobalização do local e a sua eventual reglobalização contra-hegemónica ampliam a diversidade das práticas sociais ao oferecer alternativas ao globalismo localizado.” (p. 252)
“A sociologia das ausências visa reconstruir o que são essas formas para além da relação de subalternidade.” (p. 253)
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