Houve um tempo quando que eu acreditava que todos os homens eram amáveis e bons

Houve um tempo quando que eu acreditava que todos os homens eram amáveis e bons.

Eu pensava que eles poderiam ter suas vozes amáveis e doces e que suas palavras pudessem apenas motivar a mim e aos outros.

Neste tempo eu acreditava que o amor era sempre desinteressado, cego e incondicional, e que qualquer canção de amor era baseada em uma história real.

...então tudo um dia começou a ruir e eu acabei descobrindo que algumas coisas eram sonhos, e o sonho nunca quer morrer em mim.

Eu sonhei em um tempo que já se foi, já se foi junto à minha infância, mas eu não quis deixar que ele, e a infância, morressem em mim.

Então, passei a sonhar a esperança.

Sonhei que meus pais não morreriam.

Sonhei que jamais ficaria doente.

Sonhei que nunca eu teria problemas grandiosos.

E que a beleza que eu julgava ter na infância, eu jamais teria na velhice.

Eu também tive esse sonho num tempo que já se foi.

Achava eu, que nesse tempo de ilusão, valia a pena viver mais que hoje.

Mas, eu estava enganado:

As pessoas morrem,

Os pais também odeiam,

E a doença, a qualquer hora, pode chegar.

E mais, a idade traz belezas incomensuráveis.

E, com isso, perdoei Deus e passei a tê-lo comigo irrevogavelmente.

Deus fez da minha infância uma escola.

Fez da minha dor uma experiência.

E eu novamente o perdoei.

E o fiz porque mesmo nesta idade nada , ainda, foi capaz de rasgar toda a esperança que há em mim.

Nada é capaz de transformar meus sonhos em ilusões e tampouco em dúvidas.

Eles habitam em mim exatamente como os anos que já vivi.

E eu ainda sonho com o sonho que há vir.

Mesmo sabendo que há sonhos que não podem acontecer.