Kant E Seus Pensamentos

Kant investiga o caráter dos diversos conhecimentos antes de definir Filosofia. Esta, ele já pontua, pertence ao conhecimento racional. De primeira hora, o autor apresenta claramente as diferenças entre conhecimento racional e histórico. O primeiro parte de princípios para sistematizar as suas informações, o segundo de dados. Desta forma, o conhecimento racional se apresenta como o oposto do conhecimento histórico. Kant adianta a sua definição destes conhecimentos para tornar mais palatável a distinção que ele faz sobre outras duas características importantes que ele faz do próprio conhecimento. Quais sejam: conhecimento segundo sua origem objetiva e conhecimento segundo sua subjetividade. Na primeira distinção, trata-se de se separar qual é a fonte do conhecimento, que aqui pode ser tanto de origem racional ou empírica. Na segunda distinção, Kant quer sistematizar a maneira pela qual o conhecimento é adquirido, que pode ser racional ou histórica. Um conhecimento pode ser, por exemplo, objetivamente racional e subjetivamente histórico, não podendo ele ter duas fontes simultâneas pela qual advém seu conhecimento, ou ele é racional ou empírico, o mesmo vale para sua característica subjetiva, ou ela é racional ou histórica. No exemplo dado, o conhecimento é objetivamente racional pois a sua fonte é totalmente embasada na razão e subjetivamente histórica, pois o conhecimento apreendido não é utilizado para gerar algo novo, mas serve como um instrumento para atingir certo fim posto pelo agente da ação. Como um marinheiro que lê as coordenadas geográficas de um mapa, ele aprendeu este conteúdo usando de sua razão, porém usa este conhecimento instrumentalmente, ele não proporá algo inédito, apenas quer saber como navegar nas águas de determinada região. A partir destes conceitos, Kant classifica que há duas espécies de conhecimento existentes, a priori: a Filosofia e a Matemática. Elas divergem principalmente pelo uso que fazem da razão. Enquanto a Filosofia é feita por conceitos, a Matemática é constituída pela construção de conceitos. Desta definição que Kant parte para outra separação de conceitos importante em sua filosofia. Ele argumenta que o conceito que a Filosofia tem na escola diverge muito da que a mesma tem no mundo. O conceito de filosofia na escola consiste em criar habilidades para saber lidar com o bom uso da razão e, para isso, saber entender e relacionar os diversos conceitos da Filosofia. A concepção de filosofia no mundo trata de saber utilizar a Filosofia, e seus conceitos, na vida cotidiana, em tornar-se um bom usuário da razão em seu contexto social, em tornar-se um sábio, em suma. A grande tarefa da filosofia no mundo é fazer com que o que é dito nos conceitos seja efetivamente praticado na nossa rotina, que o espaço entre dizer e agir seja encurtado ao máximo. Por diversas interpretações de mundo diferentes em cada autor, todas feitas com o rigor filosófico que a razão lhe pede, a Filosofia carrega em seu bojo a especificidade de conceitos específicos em cada autor, por isso ela não tem uma unidade sólida, bem definida. De forma que cada autor constrói seus conceitos nas ruínas do pensamento de outro. Não há pensador que passe intacto pelo tempo, conceitos se perdem e se tornam obsoletos conforme seus livros são lidos e comentados. Assim, a Filosofia nunca estará dada como um projeto pronto e acabado. Ela é uma coleção de diversas

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