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O Espírito Competitivo e Conflitivo

Por:   •  29/8/2016  •  Resenha  •  1.882 Palavras (8 Páginas)  •  372 Visualizações

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O espírito competitivo e conflitivo

Sobre a questão doprincípio competitivo e conflitivo , um filósofo muito interessante e que ainda hoje pode trazer muitas contribuições significativas é Rousseau .Pois a crítica elaborada pelo filósofo moderno responde uma série de questões atuais. Um ponto importante ,por exemplo , que não pode ser ignorado, é a ideia de que a cultura ,devo dizer ,a maneira como ela se configurou historicamente, deturpou a natureza .Natureza que , para Rousseau , no chamado estado de natureza ,era boa . Acrítica do filósofo à modernidade vale a pena ser revisitada por uma questão muito simples : ela conseguiu captar na história um movimento contrário ao dos outros iluministas ,pois percebeu a decadência .Ou seja , sua visão é contrária ao pensamento de seus contemporâneos .Para o filósofo, o homem era possuidor de uma natureza melhor e foi gradativamente desfigurada pela evolução da modernidade . Um aspecto observadopor ele ,por exemplo , é a transferência ,por parte dos iluministas ,das desigualdades e injustiças ao homem originário .Para Rousseau , tal postura significa ler o passado pela ótica do homem do presente :

Originalmente sadio , o homem vê-se agora desfigurado ; outrora semelhante a um deus , tornou-se agora pior do que animal feroz .O homem seguiu uma curva de decadência .Transferir as desigualdades , os desníveis e as injustiças do presente para o homem originário ou referi-las à estrutura do homem significa ler o passado com os olhos do presente. (Geovane RealeAntiseriv4 .p282)

A questão é que ,para Rousseau ,o espírito competitivo e conflitivo não é algo originário no homem ,é uma coisa que se origina na história ,um produto da história que passa a orientar homem em sua existência .Portanto , se conclui daí que , o animal feroz não faz parte da verdadeira essência do homem ,mas é uma construção de algum momento em sua existência .(p.288) Uma questão muito relevante e que ,seja o espirito competitivo e conflitivo originário ou não ,ele pode receber interpretações diferentes e gerar ações diferentes .A própria interpretação sobre tal princípio pode ser a transferência da ação num determinado período histórico para o plano ,que por sua vez , funciona como uma espécie de reforçador da ação ,da orientação e do objetivo de uma determinada cultura .Um exemplo de interpretações contrárias se encontra em Hobbes e Rousseau .Para hora Hobbes ,por exemplo ,não existe bom selvagem .Nesse sentido ,a crítica de Rousseana acerca da transferência da desigualdade e da injustiça para o homem originário ,especialmente em Hobbes ,é pertinente .Partindo de tal perspectiva, para Hobbes , o Estado moderno é justificado como atenuador da violência que caracterizava o homem antes do Estado . Para Rousseau é o contrário ,o Estado moderno usa a suposta ferocidade do homem originário como justificativa de um objetivo ,pois o homem feroz é justamente o homem fora do Estado de natureza. A questão é queo ser humano não é um animal qualquer e, sendo assim , expressa sua violência por meio de seu modo de existir : o modo de existir do ser humano é a cultura, que só existe porque o homem tem o poder de transformar a natureza e criar o seu mundo .Assim, a violência é algo entendido como não pertencente ao ser cultural ,pois a violência pertence ao mundo natural , aquilo que ainda se encontra em estado bruto e não transformado .O homem entendido como primitivo no inicio na modernidade ,por exemplo ,é uma espécie de pedra bruta que não foi lapidada. No entanto, alguns pesadores ,mesmo numa época de muito otimismo em relação aos frutos do renascimento ,não se deixaram influenciar por tal otimismo. Alias,Montaigne ,um do filósofos mais importantes da renascença ,conseguiu captar o etnocentrismo Europeu.

Quando Rousseau trata da questão da propriedade privada ,naturalmente a questão do trabalho surge ,pois a propriedade se torna a essência de uma organização social. Pois bem, o trabalho, entendido no seu aspecto mais essencial , se caracteriza pela transformação da natureza. Entretanto , até que ponto o princípio conflitivo e competitivo se acentua e revela o movimento de uma determinada cultura .Rousseau , por exemplo ,expressa uma visão bem negativa da história e de seu curso :

A visão de Rousseau ,portanto , é uma visão radicalmente pessimista da história e de seu curso ,bem como de seus produtos culturais .Voltaire desqualificou discurso sobre a desigualdade como “um libelo contra o gênero humano” .De fato ,imputado ao e ao “progresso “os problemas que os filósofos atribuíam à religião e as várias formas de superstição herdadas do passado [...]Reale p.283

Em sua reflexão ,Rousseau diverge dos filósofos enciclopedistas ,principalmente Voltaire .Para ele ,o Ser humano não é predador de sua própria espécie ,mas se transformou num animal feroz em consequência de sua história .Portanto , o que é chamado de estado natural não se identifica com um existir de violência sem controle. Curiosamente ,a análise de Fromm sobre o ritual sabático e que também revela a ideia de um retorno ,não se refere ao homem originário como sendo um animal violento. Na verdade, a representação judaico-cristão da realidade , que é a base da cultura ocidental, concebe o mal ou a ferocidade como uma coisa extrínseca .Ou seja , a ferocidade ,que é produto do pecado original ,não nasceu com o homem ,mas o contaminou . Portanto , o pecado , que pode ser interpretado como um acontecimento ,é o inicio da decadência humana. Claro ,é possível, evidentemente , fazer várias interpretações acerca do texto bíblico .De qualquer modo , mesmo que não se considere a questão da inspiração divina em relação ao texto, não se trata de uma simples representação da realidade, mas a base da cultura ocidental. A grande pergunta que surge da análise de Fromm sobre o ritual sabático é : o que significa o descanso de Deus? O filósofo responde que Deus não se cansa e ,portanto , conclui que o descanso de Deus é uma condescendência .(Fromm p.180). No entanto , se o Deus que descansa for pensado como a representação de um povo escravizado que trabalha sem sessar , o sofrimento,portanto ,além de ser o resultado imediato da opressão de um povo dominador, passa a ser o ponto de partida para uma representação do mundo .Sendo assim ,tal povo não parte do simples sofrimento ,mas do sofrimento desmedido imposto pelo outro .partindo do sofrimento , há um reconhecimento do corpo ,pois o eu sofro é a base para o eles sofrem ,eles sofrem evidentemente não se limita ao homem .mas tudo o que é vivo torna-se vitima do eu faço sofre .

Portanto , tal povo tem uma relação diferente com a

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