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O Fichamento Envelhecer e Moribundo

Por:   •  12/9/2019  •  Resenha  •  917 Palavras (4 Páginas)  •  134 Visualizações

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Envelhecer e Morrer: alguns apontamentos

Norbert Elias, ao longo de “Envelhecer e Morrer”, busca retratar, a partir da sua história pessoal e da sociologia médica, a experiência subjetiva do envelhecer e do moribundo. Não se trata, portanto, de um diagnóstico dos processos fisiológicos ou dos sintomas que nos acometem nesta fase da vida mas, sobretudo, analisar as dimensões socioculturais que condicionam a vida dos sujeitos que envelhecem.

Segundo Elias, para entender as experiências das pessoas que envelhecem é preciso “que percebamos que o processo de envelhecer produz uma mudança fundamental na posição de uma pessoa na sociedade, e , portanto, em todas as suas relações com os outros” (ELIAS, 2001, sem paginação, grifo do autor).

O autor, para dimensionar e compreender melhor qual é a posição social que esta fase da vida se encontra, faz um resgate histórico e busca o tempo anterior à idade moderna: a sociedade pré-industrial e medieval. Enquanto nestas duas últimas o moribundo é cuidado e rodeado por toda a família, e “tudo o que diz respeito ao envelhecimento e à morte acontece muito mais publicamente”, na primeira há um complexo médico criado para tratá-lo e prolongar sua vida enquanto, por outro lado, a família perde a presença e se distancia deste momento delicado. Nesse sentido, Elias percebe que o envelhecimento ou o moribundo na sociedade moderna está permeado pela experiência subjetiva do isolamento.

Todavia, não é pelo fato de se estar rodeado pela família que a experiência tenha sido calorosa, afetiva e amigável, ou até mesmo higiênica. Esta companhia no leito também se explica pelo fato das casas, nos tempos anteriores, possuírem poucos cômodos.

Outro elemento é que na sociedade medieval o conhecimento médico era menor e menos seguro comparado ao de hoje. Elias destaca, então, esta relação entre conhecimento e segurança, no sentido de que o primeiro fortalece o segundo. Assim, na ausência dele não é surpresa que a fantasia ou superstição tenha tomado parte no processo de cura de modo mais enfático em épocas anteriores. Em todo caso, o fato é que a sociedade de hoje conquistou uma "mudança dos sentimentos e comportamentos humanos" devido ao avanço do conhecimento médico.

Porém, para Norbert Elias, torna-se um equívoco vincular o distanciamento das explicações fantasiosas ao processo de racionalização. Para ele, o conceito de racionalização está atrelado ao “aumento do conhecimento social orientado para os fatos, conhecimento capaz de conferir uma sensação de segurança”, ou seja, o avanço do conhecimento real está ligado ao “controle efetivo dos acontecimentos”. O avanço do conhecimento seguro de doenças, por exemplo, nada mais é que uma tentativa da humanidade controlar o envelhecimento e a morte. O autor salienta que, mesmo que os conhecimentos estejam em níveis mais avançados e seguros, o conhecimento relacionado ao “universo natural” tem seus limites. A morte é uma prova disso.

Devida a essa falta de controle absoluto, segundo Elias, torna-se útil a humanidade, e até necessário, gerir a própria vida a partir da crença de que existe uma ordem - normalmente a ordem da natureza - que dá sentido ao mundo. Para ele, esta prática torna-se problemática, pois desresponsabiliza os sujeitos, os quais deveriam, assumir as responsabilidades de suas ações. Uma outra barreira que impede a humanidade de ter um controle de suas ações, além de recorrer a uma ordem, é a sua incapacidade de reconhecer que mudanças involuntárias acontecem e às atinge involuntariamente.

A sociedade desenvolvida

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