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O SUJEITO E A NORMA: DA UNIVERSALIDADE A SINGULARIDADE

Por:   •  7/6/2018  •  Artigo  •  1.355 Palavras (6 Páginas)  •  567 Visualizações

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O SUJEITO E A NORMA: DA UNIVERSALIDADE A SINGULARIDADE

Eduarda Clícia dos Santos Vieira de Sousa

RESUMO: Neste trabalho será analisado as relações do sujeito e a norma, da universalidade das normas até a construção da individualidade no pensamento humano durante a história através da relação homem, lugar e tempo.

INTRODUÇÃO

O sujeito e a norma é uma relação e uma dicotomia existente desde o surgimento do primeiro agrupamento humano. Relação esta que primeiramente esbarra em uma constatação, de que são opostos um ao outro, como dois polos antitético. Entretanto, para examina-los faz-se necessário primeiramente compreender esta relação a partir de análises do sujeito e os referencias normativos a qual ele se baseou através do tempo e do espaço.

Tal contraposição parte de dois termos, a universalidade e a singularidade. Do processo da universidade para a singularidade houve um processo para o desenvolvimento do individualismo, marcado após o fim da Idade Média, quando influenciados pelo pensamento humanista, o surgimento do modelo econômico do capital, o homem começa a pensar a partir do lado interno, sem a interferência do mundo espiritual.

DESENVOLVIMENTO

Todas a normas instintivamente tentam se estabelecer quanto objetos universais. Portanto, a universalidade define-se como legitimador das normas, possibilitando estas se transcenderem ao indivíduo, o tempo e o espaço, portanto sua fundamentação está intrinsicamente relacionada com o elemento divino. Em outras palavras, o universal, firmado no universal concreto, que define todas normas e dever-ser da sociedade.

A partir da análise da distância entre o universal e o indivíduo durante toda a história da humanidade é que se faz possível colocar a norma, não como concreta e transcendental, e sim como um mecanismo de convivência passível de ser estudado, discutido e problematizado em cada realidade.

Já na Grécia clássica, os filósofos já chegaram a conclusão da norma quanto conversão social. No curso da história percebemos que as normas dentro das sociedades humanas estão sempre renovadas a partir do referencial divino. Os deuses garantiram através de um longo tempo a estabilidade a normas, princípios e valores morais que só foram substituídos com a superação e a atribuição de um deus ou panteão ao conceito de mito. Como na Grécia antiga, onde todas as normas éticas eram seguidas de acordo com as leis das naturezas, que eram materializadas nos deuses do seu panteão, posteriormente, quando estes foram considerados mitos, houve uma substituição não totalmente dos valores, mas da fundamentação deles, o que os tornavam universais.

Ao contrário do ser universal concreto, legitimador das normas sociais, o sujeito é pertencente ao mundo físico. Trata-se de uma realidade única, singular, limitado pela sua condição humana, e a uma duração limitada.

Mesmo a norma, com sua estabilidade baseada em fundamentos divinos é inviolável as ações do tempo histórico, quanto mais a individualidade. O indivíduo é histórico, mutável e discutível.

O sujeito passa a despertar sua subjetividade logo após o fim da Idade Média e com o surgimento da modernidade, influenciada pelo pensamento humanista, o sujeito deixa de ser guiado pelas normas imposta pela igreja e passa a desenvolver sua autonomia, superando o teocentrismo, o homem vai criando sua auto-norma, que também é umas características herdadas por nós da PósModernidade.

Nesse momento, em que se inicia a modernidade, já não seria bastante mencionar o fenômeno da individualidade, mas de um novo homem, o projeto burguês, como uma consequência dela.

O projeto burguês trata-se de um fenômeno construído pelo processo social. Projeto este que invadiu até mesmo a arte do retrato, que antes era voltada para a figuras de reis, santos e deuses, agora voltaria sua atenção para o homem comum, como o comerciante sem fundamentação no divino, como nos casos dos reis que eram homens supostamente escolhidos por Deus para governar.

A autonomia chegou o seu maior ápice com a ajuda do pensamento cartesiano, o cogito, ergo sun (penso, logo existo) de René Descarte, que surgiu como um pensamento renovador que modificou todo o processo racional, partindo agora da experiência racional absoluta, na própria realidade de pensamento, dispensando toda experiência ou interferência do externo, ou seja, do mundo espiritual.

A relação do projeto burguês e o individualismo, é que o projeto burguês fez do individualismo mais do que um fruto do processo histórico e sim seu antecessor. A burguesia fez dele sua primeira revolução.

A valorização do trabalho, como labor, também se trata de um dos impulsionadores desse processo, de autonomia e individualidade. Podemos entender melhor essa relação, ao refletirmos sobre o mundo de hoje, onde o sujeito é identificado pela sua profissão. Esta autonomia se encontra ainda mais visível na relação profissional entre um engenheiro e a equipe de mão de obra. Quando antes o homem a serviço real construía um muro ao redor de toda a cidade, o homem burguês agora construía apenas ao redor de sua casa, para sua própria defesa e de sua propriedade. Ou seja, o que antes era interesse coletivo, agora seria interesse próprio, da própria defesa.

Continuando a relação do indivíduo e trabalho, o capitalismo também é um dos pontos atribuídos ao sentido do conhecimento humano. A partir dele houve uma nova forma de pensar o conhecimento, agora como forma de poder. Novamente emergindo para a realidade, podemos entender melhor essa relação.

Hoje o conhecimento é um dos grandes meios de se alcançar poder, principalmente econômico, como referência podemos usar o grande criador do Facebook. Portanto, naquele momento coubera novamente a Descarte, a missão de pensar uma estrutura que permitiria compreender a mente humana de uma nova forma, daí então uma das suas grandes contribuições para o modo de pensar: a chamada dúvida metódica.

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