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Os exércitos de mulheres e o fortalecimento da representatividade feminina diante da dominação masculina imposta na sociedade

Por:   •  12/6/2019  •  Artigo  •  2.094 Palavras (9 Páginas)  •  232 Visualizações

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Filosofia: Razão e Modernidade

Ensaio Final

Os exércitos de mulheres e o fortalecimento da representatividade feminina diante da dominação masculina imposta na sociedade

Leonardo Carbonezze Merli

Pedro Lucas Costa Bello

Resumo

A confecção deste trabalho se dá pelo propósito de examinar a atuação feminina nas instituições militares, através de uma breve análise histórica e os principais marcos que foram fundamentais para o alcance de novos patamares, discutindo de maneira sucinta o papel da mulher desde a idade clássica até a contemporânea. Para a realização de tal tarefa, foi necessário o uso dos conceitos presentes nos livros Malvina Muszkat, “O homem subjugado: os dilemas das masculinidades no mundo contemporâneo”, de 2018, Peterson & Runyan de 1997, “Global gender issues” e o livro de Pedro Paulo de Oliveira de 2004, “A construção social da masculinidade”. As obras de de Malvina e Oliveira tratam afundo sobre a relação entre homens e mulheres nas sociedades. Já o trabalho de Peterson e Runyan apresenta as relações entre o gênero e construção social. Consequentemente, todos pertinentes para discussão apresentada neste artigo.

Palavras-chave: Feminismo; Gênero; Participação da Mulher; Militarismo.

  1. Introdução

Para a melhor compreensão acerca do tema, é necessário que os principais argumentos e a conceituação das teorias feministas das Relações Internacionais sejam elucidados. Sendo assim, o movimento se relaciona com as RI protestando contra as estruturas de poder, afirmando que os Estados possuem um gênero já definido (o masculino) e buscando espaço e igualdade diante do Sistema Internacional; além de outras lutas a serem discorridas com mais detalhes ao longo do presente trabalho (TICKNER, 1997).

Oliveira (2004) discorre em seu primeiro capítulo que a imagem e o papel da mulher ao longo dos anos foram julgados e reprimidos em grande escala. Reafirmando a ideia da mulher na sociedade grega e que foi se prolongando ao longo dos anos. O feminino era visto de forma desvalorizada e neste caso a mulher era retratada como um ser impuro, tanto fisiologicamente como psicologicamente. A filosofia grega era pautada na “ciência do calor corporal”, logo o físico está em conjunto com o psicológico e com a arte da filosofia. Se o físico não é “evoluído” e equilibrado, as capacidades de pensar e criticar se tornam obsoletas. Sendo caracterizadas como “úmida e fria” e as turbulências emocionais e hormonais das mesmas eram vistas como fracas e incapazes de controlar suas vontades.

Para as mulheres, havia apenas um modelo de ser humano completo e livre: o homem. É válido ressaltar que, por serem considerados os líderes de suas famílias, apenas homens tinham o poder do voto e a independência para tomar as decisões em uma sociedade. Além disso, somente eles obtinham a liberdade de amar e desfrutar o amor e decidir por si mesmos, aos olhos do seu Deus, o que era certo e errado. Esse pensamento foi se modificando com o passar das décadas e, hoje, na idade contemporânea, é notável a presença de mulheres em instituições que antes eram associadas apenas ao sexo masculino (FRIEDAN, 1963).

  1. Os gêneros, a representatividade através das mulheres nos exércitos, o feminismo e os papéis sociais

Como mencionado no tópico anterior, a luta pela representatividade e o reconhecimento da importância da mulher geraram uma transformação no pensamento da sociedade e também na evolução das conquistas das mulheres. Oliveira (2004), discute que a história está sempre reforçando os ideais da masculinidade. A construção do Estado Nacional moderno e suas instituições como por exemplo o exército vem da manutenção e autonomia da nação. A criação dessas instituições, foram métodos que firmavam o empoderamento do sexo masculino de forma com que a visão do soldado protetor da nação era propagada. Essa ótica que centraliza o poder do homem e o papel do sexo masculino vem desde as eras mais antigas. Visto que eram retratados como nobres guerreiros, com a disposição de defender sua dama e proteger o reino e seu rei.

Com isso em destaque, pode ser feito uma associação dos protetores do reino da antiguidade, com o que seriam os protetores dos dias de hoje, os soldados que protegem sua pátria. Porém nos dias de hoje, não existem apenas homens presentes no exército. Uma parte considerável dessas instituições agora são compostas por mulheres, provando a evolução do papel delas na sociedade, e mostrando que elas são capazes de protegerem nações em conflito e que possuem a forças o suficiente para isso. No século XIX, as mulheres que decidiam servir o exército britânico de alguma forma exerciam apenas as funções de cozinheiras, enfermeiras e até prostitutas. Como já citado, guerrear e honrar a bandeira de seu país era uma função restrita somente aos homens. Ao passar dos anos, casos de mulheres que se disfarçavam de homens para participar dos conflitos se tornavam cada vez mais comuns. Um dos maiores exemplos é Joana D’Arc, que cortava o seu cabelo curto como o dos homens e se vestia como eles para que fizesse parte do exército francês (BATISTOTI, 2018). A partir da primeira guerra mundial, a participação feminina nos exércitos já era considerada de suma importância – dessa vez, não apenas como enfermeiras ou costureiras de uniformes oficiais, mas sim como bravas soldadas. Na década de 40, o recrutamento de mulheres já era realidade em terras inglesas, e o número de soldadas exercendo o serviço militar aumentou visivelmente. No século XXI, as mulheres soldadas são reconhecidas em diversas frentes de batalha, contribuindo com missões antiterroristas e outros conflitos atuais (NATIONAL ARMY MUSEUM, 2016).

Nas relações internacionais a abordagem de gênero busca explicações para a assimetria nas relações entre a construção social e identitária do homem e da mulher e os gêneros, que muitas vezes se dá através das instituições. O emprego da teoria feminista serve não só para localizar e expor as mulheres em suas posições marginais e/ou subordinadas, mas existe também o fator que demonstra como essas posições se ligam ao poder do gênero. O gênero nesse caso é conceituado como um sistema de símbolos, que são usados de maneira para fixar significados específicos, como também interpretar a realidade. Consequentemente, não servem apenas como classificação categórica e forma de diferenciação de indivíduos, mas também nos auxilia a conduzir nossas ações. Essa conceituação de gênero inverte a visão tradicional sobre a relação entre indivíduos e suas identidades de gênero (PETERSON & RUNYAN, 1999).

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