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Resenha Mal Estar na Civilização

Por:   •  10/6/2019  •  Resenha  •  1.083 Palavras (5 Páginas)  •  235 Visualizações

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O Psicanalista Sigmund Freud construiu ao longo de sua vida e carreira como psicólogo, educador, neurologista, psicanalista, filósofo, autor e cientista algo que se tornou uma herança de conhecimento científico imensurável, crucial para o entendimento da condição humana em seus diversos aspectos além de vários outros temas relacionados ou não. Um de seus últimos trabalhos como autor e produtor de conhecimento, chamada Das unbehagen in der kultur (O mal-estar na civilização), compila alguns desses temas e conteúdos abordados por Freud anteriormente em outras obras para introduzir o que pode se denominar uma conclusão ao que se refere à condição humana em sociedade e seus efeitos em nossa psiquê.

Por meio de exposição crítica, o autor não irá distinguir os conceitos de civilização e cultura, definindo civilização como tudo aquilo que foi associado à condição humana em diferença à condição animal, englobando todo o conjunto das normas para as relações humanas como aquilo que permite a busca do controle do homem sobre a natureza.

O autor retoma de seu artigo “Totem e Tabu” (1921), nesse está descrita a passagem da natureza à civilização. No mito da “horda primeva”, inicialmente existiria um pai onipotente, possuidor de todas as mulheres e de uma vontade arbitrária e absoluta. Esse pai seria eliminado por seus muitos filhos e a partir disso seria estabelecido uma espécie de contrato social para garantir que nenhum deles tomasse o lugar do pai. Assim, a partir do parricídio se constituiria uma organização social que marcaria a origem da civilização. São estabelecidos os tabus, que caracterizam comportamentos antissociais reprimidos pela sociedade em prol do bem-estar geral, inicialmente surge a condenação do incesto, que aparece como a primeira lei que fundamenta uma sociedade. Este é um claro exemplo de como as pulsões sexuais são sacrificadas em prol da civilidade.

A tese desenvolvida expõe o mal-estar gerado pela descrita civilização em seus indivíduos participantes. Esses indivíduos se veem limitados pelas normas que estão constantemente em contradição às suas pulsões. Para o bom andamento da coexistência em sociedade, deve-se abrir mão dos impulsos naturais pois estes advêm das pré-disposições humanas de características destrutivas. Nesse contexto as pulsões sexuais e de agressividade do homem são severamente prejudicadas e logo o homem se torna inimigo da própria sociedade, e se encontra na luta constante para a substituição do poder da comunidade pela própria liberdade. Freud determina como função da civilização a tarefa de garantir a segurança dos indivíduos e evitar o seu sofrimento, colocando em segundo plano a busca por suas satisfações.

Ao salientar a importância da religiosidade para a humanidade, estaria relacionado a função de conservar a sociedade fundamentando-se na defesa humana contra o estado, o desamparo paternal infantil persiste até a fase adulta do homem como uma manifestação de seu ego, em busca de uma forma para vincular a própria existência à um propósito maior, um sentimento de infinidade. A religião, assim, responderia ao anseio por um pai poderoso que oferecesse segurança e proteção, vai poupar os homens de uma neurose individual ao preço de deixá-los num estado de infantilismo psicológico, submetidos ao que chama de um delírio de massa.

O autor desenvolve juntamente de seu contemporâneo Romain Rolland a ideia de um Sentimento Oceânico associado ao sentimento de redenção proferido pelas religiões, na tentativa de justificar a necessidade pelo sistema de crenças. Este sentimento é caracterizado mediante a sensação de eternidade.

“Equivale a dizer que se trata do sentimento de um vínculo indissolúvel, de ser uno com o mundo externo como um todo. ”

A ideia desse sentimento deriva da presunção de que sobreviveu da infância no campo mental após o desenvolvimento ao longo da vida do indivíduo. As necessidades religiosas derivam do desamparo de um bebê e seu anseio pelo pai, então o sentimento oceânico caracteriza a busca pela restauração de um narcisismo ilimitado, se amparando na proteção de uma figura paterna de proporções grandiosas.

É possível obter um melhor entendimento dessa característica a partir do aparecimento de dois dos

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