Resenha do Texto "O Existencialismo é um Humanismo"
Por: milton505jr • 28/3/2023 • Resenha • 1.267 Palavras (6 Páginas) • 101 Visualizações
Resenha do texto "O Existencialismo é um Humanismo"
Sartre começa seu texto preocupado em rebater as inúmeras críticas que o
Existencialismo recebeu naquele contexto. Segundo ele, os comunistas falam de uma
filosofia imobilista, que pregava a passividade frente ao mundo, a contemplação. Sartre vai
afirmar que o Existencialismo é qualquer coisa menos isso, já que a existência exigirá do
homem responsabilidade pelas suas ações. É uma distorção plena achar que o
Existencialismo prega a contemplação - a existência vai exigir do ser humano uma ação no
mundo, vai exigir que ele se posicione, porque, caso contrário, ele se tornará passivo, mas
não por causa do Existencialismo e sim por sua própria responsabilidade.
Já os católicos, acusaram o Existencialismo de negar a presença de Deus e a beleza da
humanidade, da natureza, a beleza da própria existência - a falta de alcance do "cogito''.
Sartre cita no próprio texto, na página 2, que uma das principais críticas ao Existencialismo é
o enfoque no lado negativo humano. O autor responde a estas críticas de forma brilhante e, ao
meu ver, fazendo uma pergunta simples e objetiva na página seguinte:
Será que, no fundo, o que amedronta as pessoas não é a fatalidade da escolha?
Este, no fundo, é o tema central de Sartre: as críticas que o Existencialismo recebe
seriam uma espécie de “racionalização do medo da escolha”, ou seja - omissão transformada
em argumentos medianos que buscam esconder as consequências da ação humana. Afinal, se
há escolha, há necessariamente alguma perda, talvez seja isso que as pessoas escondem ao
racionalizar algumas críticas ao Existencialismo.
O autor critica também o uso demasiado e vazio da palavra Existencialismo: qualquer
situação onde aparentemente se situe o vácuo, ou o nada, o vazio - arbitrariamente foi
definida como existencialista, confundindo ou mesmo omitindo as escolhas humanas, ou seja
- a liberdade de escolha, em tese, possuiria um certo teor de niilismo. Sartre vai falar também
dos existencialistas cristãos e ateus, o que provavelmente pode ser uma das origens dessas
confusões, vai enfatizar que para ambos é importante considerar que a existência precede a
essência.
No meio do texto, Sartre vai fazer uma distinção muito importante: ele vai citar o
exemplo do corta-papel para dar uma ideia de que na fabricação de objetos a essência pode
sim preceder a existência, visto que por obviedade, se não há uma essência não há sequer
como uma pessoa possa fabricar algo. É preciso que a essência esteja em sua mente. Sartre
faz uma analogia do corta-papel da mesma forma como os cristãos concedem um Deus que
vai fazer o ser humano de acordo com alguma essência divina. Ele traz um elemento de
historicidade interessante ao citar os Iluministas, porque aí ele repara que a racionalidade
Iluminista suprimiu Deus - porém, incluiu uma certa essência humana em seu lugar,
como se houvesse um determinante de comportamento humano antes do nascimento das
pessoas. Ele cita que, mesmo assim, neste caso, a essência vai continuar precedendo a
existência, o que ele considera equivocado. Em tese, não haveria liberdade e sequer
responsabilidade para os atos humanos desta forma, apenas uma mudança de atores
deterministas - sai Deus, entra a suposta essência humana - retirando a responsabilidade das
ações.
Sartre afirma que ele mesmo irá representar um Existencialismo mais coerente: sem
figuras divinas e sem nenhum tipo de essência - o “ser” vai se definir após o nascimento. O
homem primeiro existe, depois ele constrói a sua subjetividade - a sua subjetividade é
escolha sua, é o conceito de liberdade sartriana. Sartre ressalta que o duplo sentido da palavra
subjetividade aí pode ser o ponto central das críticas ao Existencialismo: mas ele esclarece -
quando o homem escolhe, quando ele tem sua liberdade, ele também escolhe todos os
homens: a escolha de um homem não pode causar o mal a outros homens: quando ele escolhe
para si, ele “escolhe” de certa forma também para os outros. Quando há escolha, quando há
liberdade, eu faço um molde não só para mim, mas de uma determinada conduta para toda a
humanidade. há uma extrema responsabilidade nisso. Nesse ponto do texto, Sartre traz um
item de extrema importância para o Existencialismo:
O que aconteceria se todos escolhessem como eu escolho?
Aquele que age para si próprio e não leva isso em consideração, age de má-fé:
isso vai causar uma angústia, porque no fundo a pessoa sabe a responsabilidade que possui,
mesmo que negue. Há angústia em todas as escolhas humanas, mas para Sartre, isso irá
fortalecer a liberdade humana, e não ao contrário: deveria ser um incentivo ao homem, um
desafio a ser
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