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Resumo sobre a Realidade e o valor - filosofia

Por:   •  9/4/2015  •  Relatório de pesquisa  •  1.676 Palavras (7 Páginas)  •  589 Visualizações

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REALIDADE E VALOR

“A ciência deve ser independente da política. Quer se dizer que a busca da verdade, que é função essencial da ciência, não deve ser influenciada por interesses políticos. Política como arte de governar é uma função da vontade, atividade que pressupõe a ação de valores, cuja realidade é o propósito dessa atividade (...).

Já a ciência, é um processo de conhecer ; seu objetivo não é governar mas explicar; o cientista não deve pressupor nenhum valor, restringindo-se a uma explicação e descrição de seu objeto sem julgar se está em conformidade ou em contradição com um valor pressuposto. Os enunciados que ele descobre e explica o objeto de sua investigação não devem ser influenciados por valores que ele próprio acredita, pois são juízos sobre a realidade; são objetivos e independentes de desejos e temores de quem o julga, porque são verificáveis por meio da experiência (KELSEN, 2001, p.349).

Juízos de valor têm caráter subjetivo porque são baseados na personalidade do sujeito que julga e no elemento de sua experiência em particular (KELSEN, 2001, p.350).

A exclusão dos juízos de valor do campo da ciência parece ter uma exceção; que existe um valor que a ciência deve pressupor – a verdade, ou seja o cientista pode pronunciar legitimamente: o juízo de algo é verdadeiro ou falso. Contudo a verdade não é um valor no mesmo sentido que os valores na base da atividade política (...). Verdade significaconformidade com a realidade, não conformidade com um valor pressuposto (KELSEN, 2001, p.350-351).

Juízos sobre valores não contradizem juízos sobre a realidade . Na verdade apenas o seu significado não pode contradizer ou afirmar juízos sobre a realidade, é que são juízos no sentido especifico desse termo. Nesse sentido, a realidade e o valor são sempre duas esferas diferentes (KELSEN, 2001, p.350-352).

A ciência pode determinar o meio mas não um fim. Por exemplo, o enunciado de que a segurança econômica para todos é o fim da vida social, expressa a idéia de que algo deve ser buscado como um fim. A afirmação de que algo deve ser feito, ou de que os homens devem se comportar de certa maneira expressa o significado de uma norma que prescreve essa conduta (KELSEN, 2001, p.352-353).

Enfim, juízos de valor são subjetivos, e se diferem dos juízos sobre realidade que sendo verificáveis pela experiência e completamente independentes da personalidade do sujeito que julga. “Essa objetividade é uma característica essencial da ciência, e, por causa de sua objetividade, a ciência opõe-se a política e deve ser separada dela, porque a política é uma atividade baseada em ultima análise, em juízos de valor subjetivos” (KELSEN, 2001, p. 354).

 “O principio da objetividade aplica-se à ciência social, assim como à ciência natural ou ciência política. O objeto da ciência política é a política - a atividade dirigida para o estabelecimento e a manutenção de uma ordem social,especialmente o Estado.

A separação de ciência e política, significa abstenção de juízos de valor em uma ciência cujo objeto está impregnado de juízos de valor, não é tão paradoxal quanto parece, é necessário admitir apenas que verificar o fato de que os homens são, conscientes ou inconscientemente determinados em suas atividades políticas por juízos definidos é bem diferente de apoiar esses juízos de valor. Não há motivo suficiente para diferenciar ciências naturais e sociais no que diz respeito ao postulado de separar ciência e política (KELSEN, 2001, p.355).

Negar a legitimidade desse postulado no que diz respeito à ciência política é aceitar em parte, um dos princípios marxistas: o dogma de que a ciência não pode ser separada da política porque é parte da “superestrutura” de uma realidade econômica e, consequentemente nunca é realmente mais do que um instrumento político; mas esse dogma, nega a possibilidade de uma ciência independente (...).

A ciência social ainda não conduz a vantagens diretas proporcionadas pelo aprimoramento da técnica como as produzidas pela física, etc; ou seja, não há nela nenhuma influência para contrabalançar o interesse dos que residem no poder e ambicionam as ideologias políticas, se tal ciência não conseguir libertar-se da política, nunca haverá uma “ciência política real” (KELSEN, 2001, p.356 – 357).

Comentário

De acordo com KELSEN, a ciência e a política não devem se misturar uma vez que partem de valores distintos isto é, possuem objetos e objetivos distintos. Onde “apolítica é a arte de governar”; que tem como objetivo “o estabelecimento e a manutenção da ordem social definida ou de uma instituição particular”. Porem, a política baseia-se, em juízos de valor (que declara, algo como bom ou mau) e apoiam-se nos hábitos e costumes sociais, ordem existencial de uma comunidade, regras e ideais que não se realizam com criação concreta do indivíduo isolado (valores sociais) contrariando os princípios da ciência..

A ciência, tem como objeto a realidade (que declara que algo é verdadeiro ou falso), e é a realidade, segundo as leis normativas, “os imperativos categóricos, as regras éticas de conduta e seu principal objetivo é descrever o mundo e a sociedade,” sendo que tem como base a razão e a busca da verdade através da experiência, julgando o ato estudado por meio da neutralidade e subjetividade em certo sentido, analisando fatos concretos, ou seja, sem levar em consideração os fatores emocionais, sem ter um envolvimento direto com o público . Uma vez que os juízos sobre a realidade, são juízos de fato, abstratos e independentes do desejo humano e verificados através da experiência, tornam-se então, extremamente objetivos na sua aplicação visando o coletivo.

Seguindo sua linha de raciocínio, de que a ciência e política devem se separar, KELSEN define a ciência da política como a atividade responsável pela descrição dos sistemas políticos, ou seja responsável pela descrição escrita e científica da política, mas sem que o cientista prove ou desaprove o objeto de suaanálise,; porém que descreva o fato de forma neutra e abstrata sem inserir na descrição sua ideologia política, pois neste caso, “em vez de ser uma ciência da política, ter-se-ia, no caso, uma ciência “política” no sentido de instrumento da política;” cita. Reafirma ainda que, “se a ciência política não conseguir se separar da política em si, nunca será ciência política de fato”.

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