Ética do Dever de Kant
Por: Bernardo Feldens • 12/11/2018 • Seminário • 813 Palavras (4 Páginas) • 274 Visualizações
Introdução
A obra de Kant provoca um desconcerto quase que imediato. Conceitos, noções e imagens proliferam em suas obras de modo que o leitor se perde diante a tamanha abundância de ideias. Para que isso não aconteça, Kant propõem que temos que ficar atentos aos conceitos e à forma como eles são articulados.
Duas obras são referências fundamentais no estudo da ética kantiana, que é uma ética baseada no dever. As primeiras formulações especialmente voltadas ao tema foram apresentadas ao público em 1785 na Fundamentação da metafísica dos costumes . Três anos depois, em 1788, Kant publica a Crítica da razão prática, trazendo uma análise mais detalhada da proposta de uma ética do dever e suas implicações. As duas obras giram em torno de uma questão central: o que caracteriza um ato como moral?
Lei, vontade e liberdade
Quando iniciamos um estudo sobre a ética do dever, temos várias questões a partir de um único princípio: é moral todo o ato livre que possamos querer que seja universalizado. Depois de analisarmos a propri kantiano, para chegarmos à proposta de uma lei moral a propri pode chegar a determinar uma ação e assim voltamos ao problema sobre como saber se um ato é mesmo moral ou não,,,,,,,,, e se está sendo regido pela razão e não por motivos sensíveis. Então, entra em cena o caráter universal e puramente moral da lei, e o imperativo categórico nos é apresentado. Analisando nosso ato pela lei formal nos aproximamos da conclusão sobre sua moralidade. Kant situa o homem nos âmbitos racional e sensível, ele acredita no mundo prático, portanto o homem pode agir por motivos tanto racionais quanto sensíveis. A ética kantiana permite localizar como realmente ética apenas, e somente apenas, uma ação determinada pelo dever. No entanto Kant entende que há no ser humano um grande inclinação para agir pelo sentimento. Portanto o que Kant apresenta uma decisão possível: para ele, o ser humano tem a liberdade de escolher entre agir por sentimento ou dever, se agir pelo sentimento, está fazendo uso pleno de sua liberdade. A liberdade nesse sentido que Kant denomina, é aquilo que possibilita a existência de algo inédito, e por isso deve estar desvinculada ao agir sensível, que está “amarrado” em uma cadeia casual. Ou seja, a liberdade, nesse sentido, aponta para a capacidade que o sujeito possui de iniciar por si um novo estado. Já a liberdade em seu sentido prático, trata dos motivos autônomos capazes de determinar a vontade, trata de uma vontade autônoma.
Kant trata o livre arbítrio, como uma característica dos seres racionais, Ele pode ser determinado por motivos representados apenas pela razão. Na razão encontra-se a lei moral que é capaz de determiná-la para que ocorra uma ação por dever e, portanto, livre. A liberdade é, então, o que possibilita uma escolha moral, e é também o que se conquista escolhendo por dever. Agora possuímos três conceitos principais: a lei moral, liberdade e a vontade. Agir por dever é, assim, uma liberdade da vontade. Desta forma a crítica da razão vem então preencher um espaço do uso da liberdade que, segundo Kant, poderia se perder caso a filosofia permanecesse acreditando que o homem não é capaz de determinar sua ação por dever. Quando a razão tender ao abuso, uma crítica da razão prática é necessária na mesma medida, pois, abusar nela significa pretender que o uso prático puro é impossível, portanto, que não há liberdade, que não há ato moral possível. A liberdade é condição do esforço que podemos efetuar quando não nos deixamos determinar por puros móveis sensíveis. A submissão da vontade à lei moral é um ato de liberdade. Esse argumento de Kant faz com que pensemos que, se a vontade obedece à lei universal que lhe dá a razão, ela pode ser definida como uma vontade ética e autônoma. A vontade é autônoma porque ela segue o que a razão pura determina e, nesse sentido, dá a si mesma uma lei, a lei prática pura ou lei moral e, portanto, ela mesma pode ser dita razão prática pura. Uma vontade autônoma oferece a si mesma a lei representada pela forma de universalidade (o imperativo categórico). Já em uma vontade heterônoma a lei é dada por algo exterior, por um objetivo que se quer alcançar e, sendo assim, seus imperativos são hipotéticos. O imperativo categórico representa, por sua vez, um princípio autônomo que se abstrai de qualquer objeto ou objetivo sensível e está necessariamente representando lei universal. Liberdade é o conceito chave, pois possibilita que a vontade queira seguir a razão pura e possa fazer dela razão prática e uma lei para si mesma. A vontade não concorda de imediato com a lei, e por isso diz-se que a vontade é dissonante da lei. Apenas a partir do momento em que a vontade aceita submeter-se à lei que oferece a si mesma é que ela pode ser considerada moral.
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