A Conquista
Por: Rene Flores • 13/4/2019 • Resenha • 1.294 Palavras (6 Páginas) • 349 Visualizações
Estudo da ocorrência do tiê-fogo (Ramphocelus bresilius) no Brasil
Rene Flores Ribeiro
Resumo: Apesar de memorável pela sua exuberância e singularidade, o tiê-fogo (Ramphocelus bresilius) possui um papel importante no bioma do qual faz parte, relacionando-se com o ambiente no qual vive ajudando na manutenção do mesmo. O presente artigo aborda a ocorrência majoritária da espécie na costa litorânea brasileira, buscando compreender quais os fatores que favorecem a reprodução e manutenção da espécie na região.
Palavras-chave: tiê-fogo, Ramphocelus bresilius, bioma, ocorrência.
Introdução
Também conhecido como sangue-de-boi, chau-baêta, tiê-sangue ou taparinga, o tiê-fogo (Ramphocelus bresilius) é uma espécie simbólica e nativa da Mata Atlântica. É uma ave frugívora e tem predileção por frutos de árvores do gênero Cecropia, como a Embaúba, por exemplo, embora também consuma alimentos de origem animal e ofereça, durante o período reprodutivo, artrópodes e anfíbios anuros aos filhotes (Sick, 1985).
O dimorfismo sexual é uma característica presente na espécie, onde fêmeas apresentam plumagens de cores parda e marrom, e os machos plumagens vermelho-vivo, que dão origem ao nome pelo qual é popularmente conhecido. O tiê-fogo (Ramphocelus bresilius) possui duas subespécies: Ramphocelus bresilius bresilius, encontrada no litoral do nordeste brasileiro, da Paraíba à Bahia (Clements et al. 2015), Ramphocelus bresilius dorsalis, encontrada no litoral sudeste brasileiro, de Minas Gerais Santa Catarina (Clements et al. 2015).
Objetivo
O presente estudo tem como objetivo analisar a área de distribuição do Ramphocelus bresilius no território nacional e avaliar quais os fatores determinantes para o estabelecimento da espécie na região, considerando como variáveis o bioma presente, bem como a temperatura média e precipitação média.
Metodologia
Foi utilizada a versão 10.5 do ArcMap para a extração da área de ocorrência da espécie em análise (Ramphocelus bresilius) do “Birdlife’s species range maps” (version 7.0), fornecido sob requerimento pela Bird Life Internacional. A área selecionada foi exportada como um novo arquivo shapefile e projetada sobre o arquivo shapefile do território nacional, deixando em ênfase a extensão da área ocupada pela espécie.
Levando em consideração que a ocorrência da espécie se dá majoritariamente na costa litorânea, um arquivo shapefile do bioma da Mata Atlântica foi adicionado e cruzado com a área de ocorrência do Ramphocelus bresilius. Em seguida, foram adicionados ao estudo arquivos raster contendo os valores médios mensais de precipitação e temperatura mundiais e, com o auxílio calculadora raster, a média anual de precipitação e temperatura foi calculada para ser analisada juntamente à área de ocorrência da espécie.
Resultados
A espécie ocorre em uma única região Zoogeográfica, a Mata Atlântica (Parker et al. 1996), caracterizada por temperaturas altas, presença de nebulosidade em regiões de altitudes elevadas e altos índices de umidade. Há registros de uma pequena população do Ramphocelus bresilius ao norte da Argentina e ao longo do Rio Uruguai em Misiones (Ridgely e Tudor, 1989), mas especula-se que sejam aves antes criadas em cativeiro que acabaram fugindo para a natureza (Hilty, 2011). A maior abundância da espécie pode ser notada nas zonas tropical e subtropical
[pic 1]
A área de distribuição do Ramphocelus bresilius, apesar de possuir predominantemente o clima tropical úmido, e por ocupar grande parte da costa litorânea brasileira, possui variações em suas características climáticas. Dessa forma, há trechos marcados pelo clima subtropical úmido (ao sul) e outros marcados pelo clima tropical. Entretanto, pode-se notar que toda a região ocupada pela espécie sofre influência dos ventos úmidos que sopram dos oceanos. Assim, a área é composta por diferentes ecossistemas cujos processos ecológicos se relacionam, permitindo o trânsito de animais bem como o fluxo gênico na região.
[pic 2]
A brisa oceânica é também responsável pelo alto índice pluviométrico da região onde há a maior incidência do Ramphocelus bresilius. Em média, os valores variam entre 1.800 e 3.600 mm/ano. Esse alto índice de umidade é fundamental para a manutenção dos rios presentes na região, um vez que a água da chuva, ao escorrer por folhas e troncos, acelera o processo de decomposição que ocorre nos solos e infiltra-se nos mesmos, alimentando lençóis freáticos que por sua vez podem gerar olhos d’água e nascentes, além de alimentar os rios.
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