Reino Do Kongo-A Conquista
Trabalho Universitário: Reino Do Kongo-A Conquista. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lalalala060302 • 6/9/2013 • 4.417 Palavras (18 Páginas) • 589 Visualizações
O REINO DO CONGO
A Conquista – conversão ao cristianismo
Foi em fins de 1482 ou princípios de 1483 que Diogo Cão chegou com a sua armada à enorme foz do Rio Zaire, a que primeiro chamou Rio do Padrão, por ali ter colocado um de pedra, assinalando a chegada dos portugueses. Não tinha intérprete para compreender os naturais, mas conseguiu perceber que lhe diziam ser senhor daqueles povos um rei muito poderoso, que tinha a sua corte a muitos dias de caminho dali, para o interior do país. Por isso, enviou alguns mensageiros a saudarem tal rei, e ficou à espera deles na povoação chamada Mpinda. Passados alguns meses, vendo que eles não regressavam, decidiu regressar a Portugal, mas trouxe consigo quatro pretos, com a intenção de lhes ensinar português e outras matérias da civilização europeia, a fim de servirem de intermediários numa segunda viagem.
Diogo Cão regressou em 1485 ao Congo, trazendo os homens que havia levado e que vinham satisfeitos do tratamento que haviam recebido em Portugal. Desta vez subiu a foz do Rio Zaire até onde lhe foi possível: ficou detido nos rápidos de Yelala, na foz do Rio Mpozo e aí os seus homens gravaram nas pedras de granito a seguinte inscrição, que se mantém até hoje:
Aqy chegaram os na
vios do esclaricydo
Rey dom Joan ho se
gº de Portugall: Dº Caão
Pº Ãns Pº da Costa
Assinam: Álvaro Peres, Pedro Escobar, João de Santiago, Gonçalo Álvares, Diogo Ribeiro, João Alves, Antão.
Uma comitiva dirigiu-se então a Mbanza Congo (capital do Congo), dali distante cerca de 180 Km., comitiva que não sabemos se incluía ou não Diogo Cão. Tiveram uma óptima recepção. O rei destacou um grupo de nobres para acompanharem os portugueses a fim de serem educados em Portugal e instruídos e baptizados na fé cristã. Os portugueses receberam de presente grande quantidade de marfim e de manilhas de cobre, que era o que de mais valioso por ali havia.
As viagens de Diogo Cão causaram muito júbilo e satisfação em Lisboa. Cumpriam a missão de dilatar a Fé e o Império, tal como fora determinado nas bulas do Papa, endereçadas a Portugal. Certamente havia também a ilusão de que o Reino do Congo deveria ser muito rico, teria com certeza escondidas algures minas de ouro ou prata que poderiam vir a ser exploradas e trazer riqueza para o país. O Mani-Congo (designação dada ao rei) manifestara também o desejo de ser instruído na fé católica e receber o baptismo, o que era uma grande vitória.
É difícil saber hoje a real extensão que havia tido o Reino do Congo. Na altura da descoberta de Diogo Cão, era limitado a sul pelo rio Dande e a leste pelas Montanhas do Sol ou Montanhas Queimadas, pelos Rios Quanza e Berbela, com o grande Rio Aquilunda. O rei tinha, porém, a ilha de Luanda e cabia-lhe o monopólio da recolha dos búzios do mar, chamados nzimbos ou cauris, que serviam de moeda no reino. O reino dividia-se em províncias mais ou menos definidas como Mbamba, Soyo, Nsundi, Mpangu, Mbata, Mpemba e Wembu. Não seria muito povoado. O rei, que era na altura Nzinga-a-Nkuvu, dizia ainda ter autoridade sobre os reinos de Ngola, a sul, e Matamba, a leste, o que não está de modo nenhum provado. A norte, o reino era praticamente limitado pelo Rio Zaire (da palavra zaidi, rio), embora reivindicasse autoridade sobre o Loango.
É difícil calcular a população desta área, mas alguns estudiosos estimam-na em cerca de dois milhões, deixando de lado o cálculo por baixo de 532 000, avançado por John Thornton.
O solo do Congo é fértil devido às chuvas abundantes. As estações do ano, por vezes limitadas apenas a duas (cacimbo e chuvas) são na realidade cinco, a saber:
Mapanza – a estação da chuva que se inicia em Setembro e vai até Novembro, quando se planta a primeira colheita;
Nsatu – chuva mais abundante, que garante a germinação das sementes – Novembro a meados de Janeiro;
Ekundi - do fim de Janeiro ao princípio de Março, quando cessa a chuva e se fazem as colheitas;
Kintumbu – meados de Março até ao fim de Abril, com mais chuvas;
Kimbangala – Cacimbo, estação seca, de Maio a Setembro .
O clima era doentio, e mortífero para os brancos que lá residissem. As condições de habitabilidade eram muito rudimentares, a água estava contaminada e proliferavam as mais diversas doenças, com destaque para o paludismo.
As principais riquezas exportáveis eram na altura o marfim e o cobre. As armadilhas para os elefantes eram enormes buracos, disfarçados com ramos de árvores, onde eles caíam e já não conseguiam sair. A exploração do cobre era feita à superfície.
Na monarquia congolesa, o herdeiro do trono não era determinado pela linha directa, mas sim pela colateral. O sucessor seria o filho mais velho da irmã do falecido rei. Mas esta regra era afastada tantas vezes, que se pode considerar que o novo rei era eleito entre os membros do kanda, isto é, do clã real.
Entre os conselheiros do rei, sobressaía o Mani Vunda, com funções específicas de conselheiro político.
Regressando à história, sabemos que no final de 1490, partiu de Lisboa uma expedição com três navios, comandada por Gonçalo de Sousa, com destino ao Congo. Levava os pretos que Diogo Cão trouxera anos antes, que já falavam português e sacerdotes para ensinar o catecismo. Gonçalo de Sousa faleceu a bordo, da peste que grassava em Lisboa na altura e foi substituído no comando por seu sobrinho Rui de Sousa.
Chegados a Mpinda, baptizou-se em 3 de Abril de 1491 o Mani-Soyo, que tomou o nome de Manuel e o seu filho que se chamou António. Tal só foi possível porque o Mani-Soyo era tio e mais velho que o Mani-Congo. Partiram então para a capital, mais tarde chamada S. Salvador e ali foi baptizado em 3 de Maio de 1491 o Mani-Congo, que tomou o nome de João e sua esposa, que tomou o nome de Leonor, tal como o Rei e Rainha de Portugal. Pouco tempo depois, foi baptizado com o nome de Afonso o Mani-Nsundi, filho do
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