A ESCOLA NO CONTEXTO DA MODERNIDADE LÍQUIDA: UMA LEITURA A PARTIR DE ZYGMUNT BAUMAN
Por: Joseane Souza • 18/8/2018 • Artigo • 2.254 Palavras (10 Páginas) • 420 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
JOSEANE DE SOUZA RAMOS
A ESCOLA NO CONTEXTO DA MODERNIDADE LÍQUIDA: UMA LEITURA A PARTIR DE ZYGMUNT BAUMAN
RECIFE
2016
JOSEANE DE SOUZA RAMOS
A ESCOLA NO CONTEXTO DA MODERNIDADE LÍQUIDA: UMA LEITURA A PARTIR DE ZYGMUNT BAUMAN
Trabalho para avaliação da disciplina: Tópicos especiais de Geografia Humana: Espaço e Modernidade do Curso de Pós Graduação em Geografia, pela Universidade Federal de Pernambuco.
Prof. Dr. Alcindo José de Sá
RECIFE
2016
INTRODUÇÃO
A sociedade sofreu diversas alterações em seus mais diferente âmbitos, no social, cultural, político, ambiental. E a escola sempre esteve nesses processos de transformação. A transição de modelo de sociedade a outro no decorrer da história da mesma, é marcado por profundas mudanças. Dentre essas mudanças estão no cerne o capital e as relações de trabalho.
A sociedade se encontra a fluidez e incertezas das ações e reações nessa relação capital/trabalho. A escola está nesse contexto. A educação sempre exerceu uma profunda importância social, no sentido de civilizar indivíduos não civilizados, e de preparar esses indivíduos para reproduzir o capital e fazer parte atuando como trabalhador das indústrias (a partir do século XVIII). É marcada relação de interdependência.
O sociólogo Zygmunt Bauman faz importantes considerações e aponta conceitos pertinentes dessa nova realidade, no qual ele denomina de modernidade líquida, salienta os processos de transformação ao longo do tempo refletidas na sociedade hoje. E como a escola se insere nesse contexto é função desse trabalho elucidar tal questão, a partir da leitura e dos pressupostos de Bauman.
A modernidade líquida
Bauman aborda em seus livros e suas reflexões importantes questões que emergem a sociedade do século XX e XXI. Trazendo a tona pontos relevantes que fazem refletir sobre o contexto econômico, político e cultural da sociedade moderna. Assim como as ações do ser humano e sua efetiva adaptação aos caminhos trilhados pelo capitalismo no decorrer da história.
Em seu livro Modernidade Líquida, base para esse trabalho, ele faz uma profunda reflexão acerca dos constituintes sociais. Discutindo acerca da liberdade, da relação consumo e cidadania, capital e trabalho e o espaço/tempo.
A modernidade líquida é marcada pela transitoriedade e fluidez das relações entre capital e trabalho, onde o individuo se encontra emerso num contexto de instabilidade e incertezas. A liquidez é caracterizada pela mudança de forma e o sólido é estável, resistente. Os sólidos resistem ao tempo e ao espaço e fluidos não se fixam no tempo e no espaço.
E as relações sociais se vêem marcada por essa modernidade líquida, no qual em outrora imperava o fortalecimento do coletivismo, e na fase atual há um processo de individualização e diminuição da cidadania. Bauman exemplifica, de certa forma, as relações entre trabalho e capital em sua fase sólida e liquida quando diz: “Em seu estágio pesado, o capital estava tão fixado ao solo quanto os trabalhadores que empregava. Hoje o capital viaja leve – apenas com uma bagagem de mão, que inclui nada mais que a pasta, telefone celular e computador portátil.” (2001, p. 70). Em sua fase sólida o capital e o trabalho era interdependentes, o trabalho necessitava do capital para sobreviver e o capital necessitava do trabalho para sua manutenção e desenvolvimento.
Além de leve, a nova modernidade, propõe a supressão do espaço pelo tempo. Na verdade a modernidade é “qualquer outra coisa, a história do tempo: a modernidade é o tempo em que tempo uma história.”(BAUMAN, 2001, p.128). Na sua fase pesada visava a conquista territorial, e essa corrida para essa conquista levou minimização do tempo para maximizar o espaço. E para isso o esforço humano se concentrou na construção de ferramentas que propiciasse isso, pois a riqueza e o poder dependiam da expansão do espaço que são lentos e complexos.
Nesse sentido, Bauman(2001), compara a modernidade sólida com hardware, lento, pesado; e os tempos da modernidade “leve” ele considera como softwares, sempre se atualizando e reformulando, interligando o capital a pessoas e desvinculando do lugar, agora o capital pode circular livremente sem essa responsabilidade de permanecer/pertencer num lugar. Porém essa mudança
“é a nova irrelevância do espaço, disfarçada de aniquilação do tempo. No universo de software da viagem à velocidade da luz, o espaço pode ser atravessado, literalmente, em “tempo nenhum”; cancela-se a diferença entre “longe” e “aqui”. O espaço não impõe mais limites a ação e seus efeitos, e conta pouco, ou nem conta. Perdeu seu “valor estratégico”, diriam os especialistas militares.”(BAUMAN, 2001, 136).
Há uma desvalorização da ideia de espaço ao passo que se pode estar em vário lugares e ao mesmo tempo em lugar nenhum, sem por o tempo em jogo.
O instantâneo é uma característica importante dessa nova fase do capitalismo. Onde tudo se processa no aqui e agora e todos os envolvidos se interam não importa onde estejam. Não é apenas a velocidade da informação em si, mas da circulação do capital. A instantaneidade é definida, por Bauman(2001) como a definitiva anulação da resistência do espaço e a liquefação da materialidade dos objetos, a medida que ele considera que a instantaneidade faz com os momentos tenham capacidade infinita, pois é ilimitado que se pode extrair deles. O “longo prazo” foi substituído pelo “curto prazo”.
A escola situada na modernidade líquida
Em meio ao contexto elucidado anteriormente, e ao qual estamos inseridos, a escola e a educação, encontra-se em sua fase mais complexa. Reflexo justamente do contexto social e histórico em que ela se encontra. Essa conjuntura orquestrada pela modernidade líquida, segundo Bauman (2001), implica em um desafio tratar da escola e da educação á luz destes pressupostos, pois está situada em um mundo instável e em rápida transformação. Bauman (2010, p.60) considera que
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