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AS CRENÇAS QUE MOVEM O PROFESSOR FORMADOR DE PROFESSORES

Por:   •  28/10/2022  •  Trabalho acadêmico  •  1.450 Palavras (6 Páginas)  •  122 Visualizações

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DOCENCIO, LOGO, EXISTO. CRENÇAS QUE MOVEM O PROFESSOR FORMADOR DE PROFESSORES: que diferença podemos fazer em nossos alunos? Nestor André Kaercher

As perguntas conduziram os docentes às possibilidades de práticas, reflexões e motivações que nos movem na formação inicial e continuada de professores.

PA LAV RAS -CHAV E

Ensino de Geografia, Formação de Professores, Trajetórias Docentes

As perguntas que nos movem: o que nos trouxe até aqui?

O texto que segue procura refletir sobre a experiência dos autores como formadores de professores de Geografia, atuando junto a estagiários de licenciatura de Geografia – do professor Nestor André Kaercher (UFRGS), bem como com estudantes do Ensino Médio, do Pós-Médio e da licenciatura em Pedagogia –, atuação do professor Marcos Bohrer (IFC). (p.324)

São três perguntas simples de formular, mas profundamente existenciais. Buscam os sentidos da nossa prática profissional, que nos remetem às nossas opções de vida ou, muito além de opções, aos rumos tomados no cotidiano profissional que nos levam à condição atual de lecionar, como se fôssemos participantes de um cotidiano que não é nosso, mas que se tornou nosso dia a dia. (p.325)

O que move o professor formador de professores de Geografia?

Formamos professores e professoras que são responsáveis pela educação da ciência na qual somos “crentes”. Afinal é por intermédio da escola que crianças e jovens terão contato com Geografia. É um/uma pedagogo/pedagoga que pode relacionar o vivido, o espaço, com a escolarização. A geografia começa nos primeiros anos da educação básica. Então, para além deste truísmo (ganhar a vida) há que se dissertar mais. Porém, destacamos que, para além de uma simples “vocação”, percebemos a dimensão ontológica do trabalho em nossas vidas, o que nos move a lecionar. P.326

O primeiro suposto: os seres humanos são aperfeiçoáveis, educáveis, isto é, por não nascermos prontos e sermos frágeis e inconclusos, necessitamos dos outros. P.326

Cremos que a Geografia ser-lhes-á útil (crença destituída de maiores evidências empíricas), cremos que a educação deve ser feita por um corpo de profissionais(docentes) e que estes devem ser preparados para este fim, no caso, em cursos superiores. Já que é preciso educar as novas gerações, cremos que elas precisam ser educadas por educadores profissionais e estes obtêm o estatuto de profissionais nas universidades. P.326

Não há comprovação indiscutível de que essa crença seja bem executada, isto é, que nós professores formadores de futuros professores formemos bons professores. Crentes ou iludidos (ou enganados?), vamos tentar fazer esta formação com qualidade, reflexividade e compromisso social p.326

No Brasil e na América Latina ainda são necessários avanços no que diz respeito à inclusão de milhões de pessoas em uma escola que os qualifique para a vida comunitária. Isso que é inegável o ingresso de muita gente no sistema educacional. Sim, nova e pretensiosa crença: a escola pode qualificar nossa existência ensinando-nos a conviver de forma mais respeitosa e curiosa. A escola pode capacitar os seus frequentadores na busca de trabalho menos sofrido e mais bem remunerado. Corolário do que dizemos: formar professores é preciso! P.327

A ideia de democracia já daria vasta discussão. Morin (2011, p. 113, grifos nossos) nos ajuda a compreendê-la, afirmando que a democracia exige simultaneamente consenso e conflitualidade. Não se resume apenas ao exercício da soberania do povo, ela é muito mais do que isso. Trata-se de um sistema complexo de organização e de civilização política que alimenta e se alimenta da autonomia mental dos indivíduos, de sua liberdade de opinião e de expressão que, por sua vez, alimenta e se alimenta do ideal trinitário Liberdade, Igualdade, Fraternidade. P.327

Cremos que, como professores experientes, podemos ajudar as novas gerações com algumas técnicas, alguns ‘conselhos’, alguns valores éticos e estéticos, alguns (oxalá, bons) exemplos. Enfim, movemo-nos na direção (crença, utopia, miragem) de que podemos fazer melhor do que as gerações que nos antecederam. Cremos que as instituições universitárias detêm um conhecimento acumulado que é rico e necessário irradiar. Dizer isso não exclui o fato de que nos formamos e nos educamos em vários outros espaços-tempos. Tampouco quer dizer que a universidade detém conhecimento ‘superior’ ao do mundo não acadêmico. Não idealizamos a universidade que ainda está distante da democracia e da inclusão de parcelas menos favorecidas. De forma alguma a

universidade formará democratas ou pessoas de sentimentos nobres/superiores, mas é um

espaço-tempo que pode acolher as divergências e diferenças de visões de mundo de modo a potencializar que estas possam ajudar todos os envolvidos a ampliarem sua visão de mundo, incorporando valores e conhecimentos que possam melhorar a vida da coletividade e ajudar os indivíduos a serem mais felizes. P. 328

existem aulas acinzentadas e frágeis de nossos próprios estagiários, sendo que estes recém estão saindo ‘do forno’, fresquinhos, da universidade. Foram e estão sendo ‘formados’ por nós, especialistas em ensino, e ver sua precariedade diz muito da fragilidade da formação que a universidade oferece, uma fragilidade que é nossa, afinal, somos nós que estamos, não exclusivamente, formando-os! Ver um recém (ou quase) formando com uma docência fraca fala de minha fraca formação para com eles. P.329

que move o educador formador de professores é um fator objetivo, a necessidade (o salário), e um fator subjetivo (a crença de que seu trabalho é útil e necessário à sociedade, às futuras gerações). P.329

Movemo-nos na direção de um trabalho intencionalmente dirigido à formação de bons profissionais que possam ajudar as futuras gerações a melhorarem nossa sociedade. Por isso estamos em sala de aula. O melhorar nossa sociedade, ainda que vago, pode ser, por exemplo, construindo valores que combatam a homofobia, o racismo, o sexismo e todas as formas de intolerância com o outro. O melhorar nossa sociedade pode, sim, caminhar na direção de um consumo mais consciente e uma relação menos predatória com o meio

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