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Análise do Texto "Carl Sauer e a Geografia Cultural"

Por:   •  30/4/2024  •  Resenha  •  1.787 Palavras (8 Páginas)  •  101 Visualizações

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CORRÊA, Roberto Lobato. Carl Sauer e a Geografia Cultural. Revista Brasileira de Geografia, v. 51, n. 1, págs. 113–122. Rio de Janeiro, 1989.

Roberto Lobato Corrêa é um geógrafo carioca, formado pela então Universidade do Brasil em 1961 e possui doutorado (na UFRJ) e mestrado (na Universidade de Chicago), também em Geografia. As principais áreas que atua e atuou foram dentro das temáticas Geografia Urbana, como os temas espaço, cultura, rede urbana, geografia cultural e redes. É autor de vários livros e inúmeros artigos, além de organizador de diversas coletâneas. Já foi membro associado do NEPEC (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Espaço e Cultura) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Trabalhou mais de 30 anos no IBGE e há mais de 20 anos é professor adjunto da UFRJ, se consagrando também no meio acadêmico.

O texto analisado possui caráter descritivo e de natureza histórica, quando o autor busca trazer um breve panorama acerca da relação das pesquisas de Carl Sauer com a área da Geografia Cultural, passando pela Escola de Berkeley e a geografia norteamericana, conceitos de determinismo ambiental, críticas e perspectivas dessa área da Geografia. O texto do artigo foi originalmente publicado na Revista Brasileira de Geografia, editada pelo IBGE e uma das mais antigas, tradicionais e importantes revistas técnico-científicas da área de Geografia no Brasil, sendo um periódico de referência e palco de inúmeros debates teóricos e metodológicos centrais da geografia e ciências afins, já que muitos de seus artigos tornaram-se clássicos, tanto no país quanto no exterior.

O texto do artigo terá como objetivo principal apresentar as contribuições semeadoras do autor norte-americano Carl Sauer para a consolidação da área da Geografia Cultural, sendo considerado criador desta, e, também, para as temáticas da paisagem e do passado, no âmbito da geografia anglo-saxônica, a qual se libertou do determinismo ambiental e passou a estabelecer fortes ligações com a Antropologia e História, sob a visão fundamentada em trabalhos do autor e biografias feitas acerca de Sauer. Retrata também uma geografia histórico-cultural que estava surgindo na Escola de Berkeley, bem como os temas, áreas, críticas e perspectivas desses geógrafos para com essa nova área de geografia que estava surgindo.

O texto está dividido em 6 partes, concatenadas por uma lógica cronológica e temporal. Antes de começar as divisões do texto, Lobato Correa faz uma pequena introdução de caráter biográfico de fatos e pontos importantes e marcantes na formação de Carl Sauer, até chegar no nascimento e consagração da Geografia Cultural.

A Geografia Norte-americana até 1920 e a formação de Sauer

  • Nesta parte, Correa traz a questão de que a geografia norte-americana era uma ciência originada e fundamentada em três matrizes, mas sobretudo nas ciências naturais, aspectos geológicos e levantamentos sistemáticos do subsolo, contribuindo para a origem da fisiogeografia. Secundariamente, a antropogeografia alemã e a economia também entravam como suporte para a permeação do pragmatismo e darwinismo social, gerando assim um olhar de determinismo e evolucionismo na geografia, somado as ideias de competição, dominação e sucessão.

“The Morphology of Landscape” e a ruptura com o determinismo ambiental

  • Nesta parte, Correa mostra que o determinismo ambiental passou a ser considerado como um modelo para “justificar externamente a proeminência dos países centrais sobre os periféricos” (114), quando começaria a aparecer negações do determinismo ambiental, através dos conceitos da ecologia humana (respostas humanas ao meio físico).
  • Sauer publica The Morphology of Landscape e daí derivam-se os estudos corólogicos e a Geografia Cultural e criticando o determinismo ambiental e passando a considerar a geografia como o estudo da diferenciação de áreas, sendo conceitos de área, região e paisagem equivalentes entre si, tornando o trabalho de campo o método ideal e mais importante para a pesquisa geográfica.
  • A paisagem passa a ser conceituada como um conjunto de formas físicas e culturais associadas em área, mantendo influencia do darwinismo social, com uma revisão da organização dos métodos geográficos para um indutivo, plenamente empiricista e à procura de generalizações, a fim da geografia se engajar nas teorias sobre a dinâmica da sociedade.        
  • Sauer enfatiza o “estudo das inter-relações em área de fenômenos de natureza física e social, sem considerar o fato de que a paisagem geográfica resulta da ação, ao longo do tempo, da cultura do homem sobre a natureza, modificando-a, transformando uma paisagem natural em paisagem cultural, sem privilegiar a cultura como fator fundamental da criação e modificação da paisagem” (p. 115).
  • O método “morfológico” de se estudar a paisagem geográfica que Sauer postulou consiste em “considerar os fenômenos como formas que estão integradas entre si” (p. 115); sendo assim a publicação The Morphology of Landscape passa a ser considerado um marco na história do pensamento geográfico.

Berkeley e a Geografia Cultural

  • Nesta parte, o autor nos mostra a emergência da Geografia Cultural na Escola de Berkeley. Estudando Antropologia e História, Sauer passou a considerar o tempo para estabelecer Geografia Cultural no espaço, levando em conta a origem, difusão e evolução da cultura e onde se localiza no espaço e tempo, levando até criticar seu próprio trabalho anterior.
  • A partir disso, Sauer começou a conceituar a Geografia Cultural como sinônimo de Geografia Regional e Histórica, com a geografia tendo como função de reconstruir a paisagem física antes do homem e durante a ocupação, além de mudanças perceptíveis na paisagem cultural.
  • A Geografia começaria a ser proposta como o estudo comparativo de culturas localizadas em áreas (áreas culturais) para se compreender “através da análise das origens e processos, como elas se diferenciam entre si” (116). Sauer publica artigo sugerindo que se considere “de um lado, os procesos da Geografia Física, cujas mudanças seculares podem afetar o homem, e, de outro, que se considere o homem como um agente da Geografia Física, cuja cultura tem afetado a natureza” (p. 116), utilizando-se de estudos de ocupação da terra visando a reconstrução de mudanças e continuidades. Clímax cultural (ideia que culturas tem estágios) e receptividade cultural (difusão, adoção e rejeição de inovações) são outros temas sugeridos por Sauer.
  • Assim, os cursos de Geografia Física, Biogeografia, o domínio da história do pensamento geográfico e os trabalhos de campo são crucais para a formação geógrafo, os quais vão “treinar os olhos para ver e a mente para generalizações” (p. 116).

As pesquisas de Sauer: temas e áreas

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