Contaminação de águas Subterrâneas por águas salinas
Por: Max Marques • 8/11/2015 • Pesquisas Acadêmicas • 1.290 Palavras (6 Páginas) • 330 Visualizações
1 Introdução
A Associação Brasileira de águas subterrâneas (ABAS) define como água subterrânea toda a água que ocorre abaixo da superfície da Terra, preenchendo os poros ou vazios intergranulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, falhas e fissuras das rochas compactas, e que sendo submetida a duas forças, adesão e gravidade. A formação desses corpos d’água deve-se depois da precipitação onde parte das águas que atinge o solo se infiltra e percola no interior do subsolo, durante períodos de tempo extremamente variáveis, decorrentes de alguns fatores: porosidade no solo, cobertura vegetal, inclinação do terreno, tipo de chuva. Durante a infiltração, uma parcela da água sob a ação da força de adesão ou de capilaridade fica retida nas regiões mais próximas da superfície do solo, constituindo a zona não saturada. Outra parcela, sob a ação da gravidade, atinge as zonas mais profundas do subsolo, constituindo a zona saturada. No Brasil, temos os seguintes corpos de água subterrânea Solimões, Alter do Chão, Boa Vista, Parecis, Jandaíra, Açu, Itapecuru, Corda, Motuca, Poti-Piauí, Cabeças, Serra Grande, Barreiras, Beberibe, Marizal, São Sebastião, Inajá, Tacaratu, Exu, MissãoVelha,Urucuia-Areado,Bambuí,Bauru-Caiuá,SerraGeral,Guarani,Ponta Grossa e Furnas, sendo o Guarani e Alter do Chão os maiores. A reserva subterrânea potencial explorável no Brasil (disponibilidade hídrica subterrânea) é de 11.430 m³/s, com Vazão de Retirada Potencial de 949,2 m³/s (ANA, 2013) Os aquíferos de um modo geral possuem uma série de importâncias, sendo alguma delas: Suprir água suficiente para manter os cursos de águas superficiais estáveis (função de produção), os aqüíferos também ajudam a evitar seu transbordamento, absorvendo o excesso da água da chuva intensa (função de regularização). Na Ásia tropical, onde a estação quente pode durar até 9 meses e onde as chuvas de monção podem ser bastante intensas, esse duplo serviço hidrológico é crucial (SAMPAT,2001). Segundo o mesmo autor, os aqüíferos também proporcionam uma forma de armazenar água doce sem muita perda pela evaporação - outro serviço particularmente valioso em regiões quentes, propensas à seca, onde essas perdas podem ser extremamente altas. (ABAS, 2015) Temos diversos problemas com os aquíferos no Brasil, um deles seria a contaminação. De acordo com Nass (2002) contaminação é a presença de organismos ou substâncias que causam doença e afetam a saúde humana de alguma forma quando estão em grandes quantidades, podendo ou não causar alterações nas relações ecológicas no local ao longo do tempo. No caso de contaminação em aquíferos a
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contaminação depende das características litológicas e hidrogeológicas dos estratos que vão separar a contaminação da água presente no aquífero. (CALCAGNO,2001) Uma maneira de contaminação por intrusão de água salina é por superexplotação de um aquifero além de causar uma exaustão do mesmo, ocasiona também avanço da cunha salina definida como o avanço da água do mar em subsuperfície sobre a água doce, salinizando o aqüífero, em áreas litorâneas.(MELO et aL, 1996, citado em CPRM, 2002). Desse modo, ao causar esse avanço da cunha salina, pode ocorrer a contaminação dos aquiferos, e um exemplo dessa contaminação, é a intrusão marinha, que será melhor explicada no desenvolvimento. Esse trabalho tem como objetivo explicar o que é contaminação dos aquíferos por águas salinas, mostrando o processo de contaminação, causas e possíveis soluções para o problema.
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2 Intrusão de águas salinas em aquíferos
No Brasil, diversas cidades litorâneas que utilizam de forma intensiva as águas subterrâneas para o abastecimento público possuem risco de degradação dos aqüíferos costeiros por salinização produzida pelo avanço da cunha salina em direção ao continente, a exemplo de Fortaleza, Maceió, Recife e Rio de Janeiro, todas densamente povoadas.(Águas do Brasil, 2015). Na imagem abaixo, é mostrado um exemplo de contaminação dos aquíferos por intrusão marinha, fazendo com que a água do mar passe por baixo do continente, chegando até o aquifero, deixando aquela região impossibilitada de ter a água retirada, pois a mesma não se encontra mais potável e pronta para consumo humano.
Figura 1 – Processo de Intrusão Marinha
Fonte: Águas do Brasil, 2015
Os métodos de investigação da ocorrência de intrusão salina ainda são muito discutidos. É necessário investigar se a origem da salinização por ventura identificada naságuasdepoçosédefatodeorigemmarinha.Outraspossíveisfontesdesalinização de águas subterrâneas em aqüíferos costeiros é a contaminação por estuários de rios,
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mangues, e por efluentes de fossas negras e presença de águas subterrâneas antigas salinizadas. Poços mal construídos ou atacados por corrosão podem também levar à contaminação por salinização de camadas mais superiores para outras inferiores do mesmoaqüíferooudeformaçõesadjacentes.Aextraçãodeáguadeveserinterrompida em poços nos quais são identificados elevada salinização. Esses poços devem ser lacrados ou cimentados. (Águas do Brasil, 2015) O controle da intrusão marinha é efetuado principalmente reduzindo a retirada de água de poços. Para conter o avanço da cunha salina, várias experiências a nível mundial vem se baseando em injeção de água doce na posição da
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