Espaço e Tempo na agroindústria canavieira de Pernambuco - Manuel Correa de Andrade
Por: João Nóbrega • 8/5/2018 • Resenha • 508 Palavras (3 Páginas) • 214 Visualizações
Andrade, M. C. D. (2001). Espaço e tempo na agroindústria canavieira de Pernambuco. Estudos Avançados, 15(43), 267-280. | |
RESENHA
O artigo a ser resenhado a seguir, do autor Manuel Correa de Andrade, tem como tema a noção espaço-temporal da agroindústria canavieira de Pernambuco.
Segundo o autor, durante muitas décadas, Pernambuco era o estado que mais produzia açúcar nacionalmente, perdendo espaço posteriormente para o estado vizinho de Alagoas no fim da década de 80. Além do fato de que a região Centro-Sul (64,8% em 1988 > 85,9% em 1999) aumentou sua diferença em produção de açúcar para a região nordeste (34,9% em 1988 > 14,9% em 1999) no fim do século XX, o que pode ser uma explicação, as secas que ocorrem em 4 anos na década de 90, dos subsídios governamentais e da extinção do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA).
Por conta destes fatos mencionados acima, o autor redige que as usinas canavieiras em Pernambuco, vêm sofrendo decréscimo em seu número total. Ele também dá ênfase ao fato de que as ações promovidas pelos movimentos sociais do campo (MST, por exemplo), avançam em direção as fronteiras das usinas, provocando as ocupações.
A cana é cultivada na Mesorregião da Mata, por entre tabuleiros arenosos e planos e colinas mamelonares. Andrade explicita que as condições nos baixos cursos dos rios (inundações em áreas de várzea) dificultam o cultivo em monocultura da cana-de-açúcar, e os solos que em geral, facilitam o cultivo, como é o caso do massapé. Fatos estes, que propiciaram a essa região um comércio forte com os países europeus, e que hoje é deficitário, pelo deslocamento do centro de consumo, que passou a se concentrar no Sudeste do Brasil.
O artigo em seguida apresenta o apanhado geral da história da colonização do Brasil, colocando a cana como variável principal, sendo o motor econômico para Portugal na época; passando pelas invasões holandesas; a chegada dos neerlandeses nas Antilhas, provocando o enfraquecimento da produção no Nordeste brasileiro; até as dinâmicas entre os produtores de açúcar no século XIX.
Manoel Correia ainda grafa sobre a dinâmica das produções das usinas pernambucanas no século XX, e sua acentuada concentração de poder, por grupos de famílias tradicionais, em que muitas destas são ligadas diretamente às políticas governamentais e ao próprio Governo. Também sobre a crise atual em Pernambuco em relação à produção de cana, por conta das falências ou insuficiências de crédito dos proprietários de engenhos; e da seca prolongada nessa região. A consequência socioespacial disto é o deslocamento da população para os grandes centros urbanos, que sem infraestrutura, causando em muitos casos, a humilhação social destes indivíduos.
Desde o processo de invasão do Brasil, para a posterior colonização e implantação da monocultura do açúcar, até o fechamento das usinas atualmente, Manuel Correia nos alimenta intelectivamente o pensamento espacial/socioeconomicamente a dinâmica da produção de cana em Pernambuco. Com muita destreza e didática, redige um texto que facilmente pode ser usado como base sobre a história econômica de Pernambuco. De fácil compreensão e linguagem, o artigo é altamente recomendável para pesquisadores, estudantes e pessoas que não têm familiaridade com o assunto.
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