Estudo de Campo Paranapiacaba
Por: Thamy Almeida • 3/5/2016 • Relatório de pesquisa • 1.082 Palavras (5 Páginas) • 637 Visualizações
A VILA DE PARANAPIACABA, OU UM PANÓPTICO TROPICAL: controle e disciplina britânicos num modelo urbano de modernidade brasileira.
Prof. Dr. Haroldo Gallo, Arq., Prof. Dra. Fernanda Magalhães, Arq., Prof. Msc. Wilson Flório, Arq.
Análise do artigo:
O surgimento da vila de Paranapiacaba se deu pela construção da primeira estrada férrea do Brasil no ano de 1860, o lugar foi escolhido principalmente por seu clima frio, úmido e com constante presença de nevoa, para alojar engenheiros e ferroviários da Companhia Inglesa a São Paulo Railway Company, responsável pela construção e posteriormente administradora da ferrovia durante 90 anos. O nome Paranapiacaba vem do indígena que significa “montanha de onde se avista o mar”, a vila fica localizada na região metropolitana de São Paulo, a qual hoje pertence ao município de Santo André.
A ferrovia foi um meio revolucionário de transporte responsável pelo melhoramento dos caminhos e também a descoberta de uma nova fonte de energia, a máquina a vapor. A principio foi junto às minas de carvão inglesa quando o inglês Cooke em 1808 empregou a primeira maquina de vapor fixo que transmitia a sua ação por um cabo, o que ficou conhecido como sistema funicular. A Inglaterra participou ativamente da construção de ferrovias por todo o mundo, formando companhias, como a São Paulo Railway Company, fornecendo equipamentos e matérias, preparando projetos, executando e acompanhando obras através de seus engenheiros e de mão de obra especializada.
Barão de Mauá, esta ligado ao ambicioso projeto de estabelecer a ligação férrea entre Santos e o interior paulista, ele foi o principal responsável pela implantação da ferrovia no Brasil, graças às boas relações com a Inglaterra, praticamente todas as estradas de ferro concedidas na década de 1850 contaram com sua participação. Mauá incorporou a São Paulo Railway Company Ltda., na sede em Londres e subscrevendo um terço do seu capital, ele encomendou os primeiros estudos para o projeto da ferrovia, as obras foram iniciadas comandadas pelo engenheiro Daniel Makinson Fox que possuía experiência com estradas de ferro em regiões montanhosas dadas as características extremamente íngremes do trecho da serra, optou-se pela adoção do chamado sistema funicular
No ano de 1895 reformas adequaram o sistema ao grande movimento de cargas e passageiros, incluindo-se a construção de novas estações. Em 1900, o novo sistema de planos inclinados é inaugurado, recebendo o nome de Serra Nova. Os ingleses introduziram ainda em 1934 a tração diesel elétrica e iniciaram o projeto de eletrificação das linhas principais entre São Paulo e Jundiaí. Expirado o prazo de concessão de 90 anos em 1946, a estrada de ferro foi incorporada pela União. Na década de 1960, iniciaram-se estudos para o aumento da capacidade de tráfego, que culminou com a adoção do sistema de cremalheira-aderência. Com a desativação parcial do sistema funicular, parte dos funcionários é dispensada ou aposentada e outros são contratados, para cuidar do novo sistema de transposição da serra.
Principal fato ligado à existência da ferrovia foi a expansão da economia cafeeira, quando houve necessidade de um modo mais eficiente de escoamento das riquezas, passou também pela ferrovia grande parte dos imigrantes que vieram substituir a mão de obra escrava quando primeiramente foi proibido o tráfico de escravos e posteriormente a abolição da escravatura. A ferrovia também foi essencial para estabelecer uma comunicação mais eficiente qual era precária antes dela.
No início da construção da ferrovia no alto da serra existia apenas um pequeno povoado de casas de pau-a-pique, surgido pela iniciativa de Bento José Rodrigues da Silva, de Mogi das Cruzes, que abriu caminho até Paranapiacaba. A ocupação inicial foi estabelecida nos locais hoje correspondentes à Vila Velha por um acampamento de construções dos operários da ferrovia. Existiam também as construções da companhia uma estação provisória e as oficinas e depósitos. No final do século XIX, a companhia resolveu ampliar o seu pátio de manobras no alto da Serra, construindo então a estação com a torre e o relógio parecido com “Big Ben” de Londres.
Paranapiacaba transformou-se de acampamento provisório em promissora vila ferroviária, investiu-se numa estrutura urbana adequada ao crescimento da vila e às demandas cada vez maiores e especializadas de administração e manutenção das linhas e pátios. Surgiu então o traçado da Vila Martin Smith ou Vila Nova, loteamento planejado, que abrigava as residências do pessoal técnico e engenheiros, e as demais edificações de suporte à infra-estrutura da cidade em expansão. Transformou as estruturas existentes e estabeleceu novas relações, nova disciplina espacial e nova hierarquia, muito de acordo com o espírito de seu tempo, numa aproximação intencionalmente ou não do modelo do panóptico do inglês Bentham.
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