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Geomorfologia antropogênica

Por:   •  31/8/2017  •  Artigo  •  1.565 Palavras (7 Páginas)  •  417 Visualizações

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Os estudos de geomorfologia antropogênica são relativamente novos. A geomorfologia passou a dar importância à antropogenia a partir da década de 1960, apesar de existirem importantes obras que foram publicadas há quase 100 anos atrás. Entretanto, em face da acumulação de pesquisas sobre tal área, um conhecimento mais elaborado tem sido evidenciado ao longo dos últimos cinquenta anos e “aspectos especiais desta subdisciplina têm sido evidenciados”. (RÓZSA)

A importância da geomorfologia antropogênica parte do pressuposto de que o impacto que o ser humano exerce sobre a superfície é determinado pelo desenvolvimento técnico contemporâneo e pelo tamanho da população. Portanto, esse impacto precisa ser estudado com especial atenção.  A abordagem geomorfológica ajuda na análise da magnitude da velocidade dos processos geomorfológicos antropogênicos, sendo ajudada pela abordagem socioeconômica, que viabiliza os elementos sociais e econômicos da atividade geomorfológica humana.

Rózsa aponta que:

A importância da espécie humana como um agente geomorfológico é indicada pelo fato de que, pelo menos um terço da superfície continental da Terra, 149 milhões de km² pode ser considerada com uma cena da atividade antropogênica geomorfológica direta ou indireta.

(Rózsa, p. 2)

Ainda assim, a extensão espacial não é o melhor critério de avaliação dos impactos da atividade humana antropogênica sobre a Terra, pois a influência das atividades econômicas ligadas a cada forma de uso da terra pode diferir significativamente uma da outra, sendo, portanto, uma atividade mais deterioradora do meio ambiente que outra. As terras construídas pelo homem, por exemplo, cobrem menos de 2% dos continentes, e mesmo assim, sofrem as modificações mais intensas que o homem pode provocar.

De acordo com Hooke (1999), a quantidade de terra que as atividades humanas movimentam é o índice mais adequado para se estimar a extensão do impacto humano sobre a superfície da Terra. Entretanto, essa estimativa é complexa.

Por um lado, algumas atividades humanas (desmatamento, lavoura, pastagens, etc.), alteram, caracteristicamente, a topografia, de uma forma indireta, por meio da alteração dos processos erosivos naturais. Por outro lado, inexiste uma estatística correta sobre a quantidade de terra movimentada pelas atividades antropogênicas humanas (construção urbana, construção de rodovias e ferrovias, mineração, edificação de portos, etc.). Porém, as diferentes estimativas sobre a eficiência dos processos geomorfológicos antropogênicos e naturais podem revelar desigualdades em ordens e magnitudes.

(Rózsa, p. 3)

Nir (1983), realizou uma pesquisa onde estimava o impacto produzido pela atividade geomorfológica humana e concluiu que, com base na taxa de erosão antropogênica, a agricultura seria a atividade humana mais significativa da superfície da Terra. Para demonstrar tal impacto, ele afirmou que o Rio Huang He, que é um dos mais túrbidos do mundo, conduz mais ou menos um bilhão e meio de toneladas de silte por ano (o que indica que a quantidade erodida estimada pela atividade antropogênica é mais que cem vezes maior).

Hooke considerou a agricultura como uma atividade antropogênica não intencional. Segundo ele, as atividades antropogênicas de intervenção não intencional correspondem à atividade humana referente à modificação da superfície da Terra ser indireta ou não desejada, como por exemplo a agricultura e a silvicultura; em contrapartida, as atividades antropogênicas de intervenção intencional são aquelas que modificam direta ou intencionalmente o planeta em sua superfície, e como exemplos dessas atividades, tem-se a atividade mineral, as atividades industriais, a construção urbana e a construção de rodovias e ferrovias.

Hooke (1994, 2000) elaborou um método diferente para “estimar a eficácia da geomorfologia antropogênica”. Esse método corresponde justamente à classificação das atividades econômicas humanas em intencionais e não intencionais.

Ele agrupou a construção de edifícios, construções de rodovias e ferrovias e, também, mineração, como atividades geomorfológicas antropogênicas intencionais. Para estimar a quantidade de terra anualmente movida por essas atividades, largamente espalhadas pelo mundo, ele usou dados estatísticos dos Estados Unidos como base.

(Rózsa, p. 4)

Os cálculos feitos por Hooke levaram à conclusão de que a quantidade de terra anualmente movida  pela construção de edifícios à época dos estudos era de 0,8 bilhões; a mineração movimentava cerca de 3,8 bilhões de toneladas, e a construção de rodovias e ferrovias, aproximadamente 3 bilhões de toneladas.  Diante de tais dados, Hooke pode concluir que a atividade geomorfológica antropogênica intencional em um determinado país é diretamente relacionada à sua energia de consumo (Produto Nacional Bruto ou GNP).

Consequentemente, a quantidade total de terra movida anualmente por diferentes atividades humanas é, grosseiramente, estimada em cerca de 130 bilhões de toneladas (ca.130 bilion tons). Com base nisso, é postulado que os processos antropogênicos são os fatores predominantes na modificação da superfície da Terra.

(Rózca, p. 5)

Uma tabela que Rózca apresenta em seu artigo elaborada por Hooke (1994, 2000) e Half (2003), apresenta dados estatísticos quanto às taxas de atividades geomorfológicas antropogênicas e naturais. De acordo com esses dados, as atividades intencionais baseadas no Produto Nacional Bruto movem 30 bilhões de toneladas de terra por ano; as atividades intencionais baseadas no consumo de energia movem 35 bilhões, e as atividades não-intencionais, especialmente a agricultura, movem 99 bilhões de toneladas de terra por ano.

Fatores socioeconômicos da geomorfologia antropogênica

Segundo Rózca, as modificações humanas na superfície da Terra iniciaram tão logo a espécie humana surgiu; entretanto, não se pode dizer que a história do homem coincide com a geomorfologia antropogênica.

O impacto humano sobre o ambiente é basicamente influenciado por dois fatores: o primeiro é o nível de desenvolvimento técnico, e o segundo é o tamanho da população de uma determinada faixa etária.

Progresso técnico

Até o início do período Holoceno, que se deu há aproximadamente 12.000 anos, os humanos utilizavam instrumentos feitos de madeira, ossos e lascas de sílex para desenvolver suas atividades diárias, com ênfase na caça e na pesca. No entanto, com o início da produção de milho, ervilhas e lentilhas, e a domesticação de animais silvestres, veio a era que ficou conhecida como primeira revolução verde, fenômeno este que, de acordo com o autor, “foi o resultado do levantamento da zona climática no Pleistoceno, porque as áreas anteriormente da zona temperada se tornaram mais áridas (semiáridas, mediterrâneas, etc.).

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