METRÓPOLE CORPORATIVA E FRAGMENTADA O CASO DE SÃO PAULO MILTON SANTOS
Por: crisvm • 6/6/2017 • Resenha • 1.560 Palavras (7 Páginas) • 697 Visualizações
Instituto Federal de Ciências e Tecnologia de São Paulo
Cristiane Vicente de Mello - 1464094
METRÓPOLE CORPORATIVA E FRAGMENTADA
O CASO DE SÃO PAULO
MILTON SANTOS
São Paulo
2017
Introdução
Milton Santos apresenta a cidade paulistana como materialidade, e que se impõe na frente da cena como um dado dinâmico sem a qual a vida social não poderia ser entendida, o autor pretende apoiar-se no método geográfico e coloca tudo sob um ponto de vista da economia política e busca valorizar neste belo livro sobre a cidade de São Paulo.Portanto deve ser considerado ainda que a sua rica e original produção de noções, categorias e conceitos, resultaram num conjunto teórico articulado, que colocou a Geografia nos limites de uma Filosofia do Espaço.
Milton Santos falecido em 2001 é considerado um do expoente crítico da geografia, foi professor da Universidade Federal da Bahia até 1964. Porém, teve que enfrentar vários obstáculos, não só o de ser negro, descendente de escravos, numa sociedade que guarda um grande peso do passado escravista; como de ser baiano e nordestino, num país, em que o preconceito regional também é forte; e de ser geógrafo por opção, numa academia que, na época, desconsiderava a disciplina. Conseguiu superar tudo levantou a autoestima dos negros.
Se destacou como intelectual e como baiano e nordestino impôs-se como Professor Titular da maior universidade brasileira, a Universidade de São Paulo; e como geógrafo, teve o reconhecimento internacional, com o recebimento do Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, o equivalente ao Nobel, na área da Geografia.
Sustentado pelo método da formação socioeconômica e territorial, Milton Santos analisa alguns aspectos da aglomeração paulistana, cuja situação considera crítica, e aponta para tendências nem sempre valorizadas pelos administradores e até mesmo pelos pesquisadores. Aliando-se ao método geográfico e a economia política elege algumas variáveis em sua análise, como o papel do Estado e sua ação corporativa, faz também uma análise sobre a distribuição de renda e os contrastes entre riqueza e pobreza.
O autor discorre sobre o crescimento e crise econômica; o tamanho da cidade; especulação e vazios urbanos; o gasto público e a seletividade social e espacial; além das tendências da realidade atual descreve o princípio da fragmentação do espaço, evidenciada pela capacidade de mobilidade da população nas questões de moradia e de transportes. Por fim ele define a cidade de São Paulo como a Metrópole Corporativa Fragmentada.
Tamanho da Cidade, Especulação, Vazios Urbanos
O autor introduz a “Metrópole corporativa fragmentada: o caso da São Paulo”, cujo estudo é sustentado no método geográfico da formação socioeconômica e territorial sob o ponto de vista da economia política, através da qual, aliando teoria à prática, busca analisar aspectos da aglomeração paulistana.
Nesse sentido para o autor o princípio da fragmentação do espaço pelas desigualdades sociais, são evidenciados nas diferentes capacidades de mobilidade da população tanto pela necessidade de moradia como no potencial fluxo promovido pelos transportes.
No primeiro capítulo, o autor discorre sobre o ano de 1881 a 1983, para comparar a expansão da mancha urbana da cidade de São Paulo. Sendo que, efetivamente, verifica seu crescimento territorial comparando-o ao que pode ser observado na Europa. Entre outras comparações, constata ser o fenômeno comum às cidades brasileiras e, igualmente, a outras cidades de países subdesenvolvidos, embora consideradas as especificidades das cidades.
Segundo o autor se tratando no caso de São Paulo as rodovias não eram propriamente urbanas ou suburbanas, aliadas às causas gerais da história da urbanização no Terceiro Mundo, as razões mais particulares, a história do país, da região e do lugar caracterizam os traços predominantes da geografia paulistana: a enorme extensão da cidade, tanto em relação ao ritmo de crescimento demográfico e de atividades, como em relação à capacidade do poder público em promover os investimentos necessários aos serviços públicos.
Nesse primeiro capítulo, o autor analisa os vazios urbanos e a especulação fundiária do município e da Grande São Paulo cuja expressão numérica é significativa, mas sujeita a controvérsias, segundo estudos dos autores que trabalham o tema. O fenômeno é reconhecido (embora singular) em outras capitais do Terceiro Mundo, comparado ao da grande metrópole do Rio de Janeiro e em estudos recentes de Maurício Nogueira.
Para Milton Santos a questão fundiária urbana como o modelo Banco Nacional de Habitação (BNH), vem desarticular as cidades, deixando espaços vazios entre as extensões de áreas periféricas e o centro. Ou seja, a cidade se expande, incorpora novas áreas e segrega seus moradores de acordo com a estratificação social, sendo os pobres as grandes vítimas do processo. Para o autor no caso de São Paulo é um modelo de expansão radial ou seja se deixam espaços vazios nos interstícios e abrem campo a especulação fundiária. Portanto segundo o autor o (BNH) nesse processo permite afirmar que a especulação é alimentada pela ação governamental.
Ocupação Periférica e Reprodução do Centro
Nesse segundo capitulo o autor aborda o problema habitacional na grande São Paulo, revelador da profunda crise em que vive a sociedade urbana, cuja paisagem reflete “uma estrutura socioeconômica flagrantemente inigualitária” (SANTOS, p. 43).
Portanto os dados referentes à região metropolitana, muito aquém da importância do problema, levam os autores, de acordo com Milton Santos, a privilegiarem o município e, desta forma, são analisados na obra: a distribuição e localização de domicílios; distribuição de favelas e números de favelados; número de unidades habitacionais construídas; relação entre renda familiar e distância a partir do centro da cidade de São Paulo; distribuição de hospitais e leitos segundo zonas; entre outros indicadores sociais.
Conclui-se que segundo o autor os dados refletem: o número crescente de famílias que vivem em casa própria, mas entre essas se incluem as favelas e as autoconstruções de população que vive em domicílios em situação de amontoamento com os déficits habitacionais nas periferias.
No entender de (SANTOS,p49), a problemática da habitação popular foi a disseminação dos chamados loteamentos “clandestinos”, irregulares ou ilegais, sem a menor condição de habitabilidade; a aglomeração dos pobres na periferia e os contrastes com o centro, onde os recursos sociais e em infraestrutura são evidentemente concentrados a dependência dos pobres da periferia com as áreas centrais, para o trabalho e serviços especializados; e os cortiços, antiga presença na paisagem paulistana, demonstrando condições subumanas de moradia da população, aumentando assim os contingentes forçados a morar em favelas e cortiços.
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