MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS: A PRODUÇÃO DO ESPAÇO E A LUTA PELA MORADIA NA CIDADE DO CRATO – CEARÁ.
Por: Edclecio Santos • 11/3/2020 • Resenha • 1.289 Palavras (6 Páginas) • 337 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS
COMPONENTE: GEOGRAFIA AGRÁRIA
DISCENTE: EDCLECIO DOS SANTOS
RESUMO
TEXTO: MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS: A PRODUÇÃO DO ESPAÇO E A LUTA PELA MORADIA NA CIDADE DO CRATO – CEARÁ.
Discutir as ocupações urbanas no contexto das ações e práticas dos Movimento Sociais Urbanos na conjuntura atual se coloca como uma necessidade e um desafio, considerando o direito à Cidade enquanto tema teórico e metodológico, mas também como prática cotidiana que coloca em xeque a produção do espaço urbano com predomínio do valor de troca. A habitação, nesse contexto, tem representado não somente uma demanda objetiva, mas um elemento agregador de ações e estratégias de resistência urbana dos Movimentos Sociais na disputa de um modelo de cidade alternativo ao projeto neoliberal que a transforma em mercadoria. A luta pela moradia na cidade do Crato estão postas como um contraponto à dinâmica de valorização, e ao longo do tempo se diferenciam representando momentos e ações de resistência distintos, mas que indica a oferta desigual das condições da urbanização na cidade. Nisso o trabalho tem por finalidade argumentar o papel dos movimentos sociais de luta pela moradia e o direito à cidade através das lutas sociais da classe trabalhadora. A produção do espaço urbano da cidade é entendida como um espaço de disputa entre as diversas classes sociais em virtude da falta de áreas propicia a moradia na cidade do Crato.
As abordagens teóricas utilizadas para entender os movimentos sociais urbanos de luta pela moradia na cidade se desenvolveram de forma interdisciplinar, onde foram feitas leituras de vários autores, dentre esses, sociólogos, geógrafos, filósofos etc. Trata-se de um estudo de caso, cujo objetivo é entender os processos da produção do espaço urbano a partir da ótica dos movimentos sociais de luta pela moradia. Assim, percebe-se a importância da luta dos trabalhadores através da busca pela moradia como condição para a produção de uma cidade mais justa e igualitária. A escolha da cidade do Crato tem características importantes a se considerar, pois devido a sua grande importância para o estado do Ceará hoje. O mesmo passou por um processo de migração muito intenso em meados de 1960, atraindo pessoas de baixa renda de outros estados, dando origem a comunidades, ocupações em áreas proibidas, principalmente daqueles detores de capital. Daí que o texto vem tentar analisar como se deu o processo de produção do espaço urbano na cidade do Crato – CE na ótica dos movimentos sociais urbanos e como esses sujeitos sociais atuam no espaço e produzem lugares cada vez mais significativos e associados a conquista de direitos sociais. Os movimentos sociais urbanos atuam no espaço geográfico da cidade a partir das problemáticas urbanas relacionadas com o processo de uso e ocupação do solo, com a apropriação e distribuição da terra urbana e dos equipamentos urbanos coletivos. Nas diversas conjunturas históricas tem ocorrido à necessidade da população em geral e da população de baixa renda em particular, de lutar pela sobrevivência e pelas necessidades humanas básicas. Isso tem levado essa população a mobilizações organizadas e às vezes desorganizadas ou a formação de movimentos sociais urbanos de caráter reivindicatórios em diversas sociedades ou setores destas. “Todo Movimento Social carrega o germe da insatisfação, do protesto contra relações sociais que redundam em situações indesejáveis para um grupo ou para a sociedade, sejam elas presentes ou futuras.” Sendo assim, todo Movimento Social inscreve-se em uma problemática relacional de poder, e, como tal, é preciso compreendê-lo como uma relação de força, de confronto.
No Crato, os movimentos de luta pela moradia não tiveram uma homogeneidade no que concerne a sua atuação espaço/temporal. Não tem na cidade, nenhum movimento consolidado, com bandeiras, hinos, organização política constitucionalizada etc. Os movimentos de moradia no município tiveram atuações bastante circunstancias e pontuais, tendo em vista somente a conquista da reivindicação aderida. Essa falta de consolidação das lutas num movimento específico da questão da moradia, de certo modo, enfraqueceu e corroborou uma dimensão menos totalitária da questão da habitação e sua política urbana, o que acarretou numa diversidade de lutas, muitas vezes, não tendo um impacto positivo, gerando em alguns casos a desapropriação de áreas ocupadas ou mesmo no fim da luta em alguns bairros ou comunidades. A cidade do Crato, no Estado do Ceará, configura-se dentro dos parâmetros de cidade de médio porte, tendo uma população média de 120.000 mil habitantes, evidenciado pela expressiva polarização regional, infraestrutura no campo dos serviços públicos, como educação, saúde, comércio, lazer dentre outras características que viabilizam a expressão interurbana e intraurbana da urbe. Esse caráter centralizador e polarizador do Crato, juntamente com as cidades de Juazeiro do Norte e Barbalha estavam como centro de referência na região sul do Estado do Ceará. Por volta deste período, Crato e Juazeiro do Norte de forma conjunta já funcionavam como centros bipolarizados, atuando como centros regionais na hierarquia urbana cearense por possuírem alto poder de atrair contingentes populacionais que saiam do campo e cidades próximas no intuito de melhoria da qualidade de vida. Tal projeção regional devia-se, em grande parte, ao fato de serem grandes centros regionais de serviços tanto no setor comercial como nos de assistência médico-hospitalar, educacional e bancário. A luta pela moradia no Crato se dar a partir dos conflitos entre o capital x trabalho que estava ocorrendo no interior do estado.
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