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Metamorfose do espaço habitado

Por:   •  13/3/2017  •  Resenha  •  2.989 Palavras (12 Páginas)  •  6.458 Visualizações

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Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Sociais e Educação

Curso de Licenciatura Plena em Geografia

Disciplina: Geografia Humana

Docente: Prof.º Msc. Aiala Colares de O. Couto

Magda de Souza Cavalcante

Vanessa Maina Ribeiro de  Araújo

Resenha

Referência: SANTOS, Milton. “Metamorfose do Espaço Habitado: Fundamentos Teóricos e Metodológicos da Geografia” / Milton Santos; em colaboração de Denise Elias. – 6. de. 2. reimp. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2014.

Castanhal

2017

Milton Santos (1926-2001) foi um geógrafo brasileiro, considerado por muitos como o maior pensador da história da Geografia no Brasil e um dos maiores do mundo. Proporcionou uma vasta análise a respeito do território brasileiro, abordando as suas principais características e inserindo a produção do espaço no Brasil sob a lógica da Globalização. Um dos conceitos mais analisados por Milton Santos foi à noção de meio técnico-científico informacional, que seria a transformação do espaço natural realizada pelo homem através do uso das técnicas, que difundiram graças ao processo de globalização e a propagação de novas tecnologias.

No seu livro “Metamorfose do espaço habitado”, Milton Santos retrata a renovação da Geografia, que desde, de sua origem têm suas contradições teóricas, porém a Geografia se mantém importante para explicar as necessidades humanas no espaço geográfico; a explicação das metamorfoses do espaço habitado, relacionando ao espaço humano; daí, revelando as categorias da geografia como espaço, paisagem, região, lugar e território.  Milton Santos ainda fala da necessidade que a Geografia tem de entender os fatores que priorizam o entendimento dos aspectos urbanos, pois são os diferentes agentes socioespaciais e suas técnicas usadas ao longo da história de um espaço geográfico que, influenciam as outras manifestações humanas, assim como, os novos papéis das ciências empíricas e epistemológicas.

Milton Santos discute o conteúdo que propôs aos conceitos de meio, técnica, natureza e espaço, procurando entrever suas relações. Depois, apresenta-se a gradual transformação do meio natural em meio técnico-científico e informacional. Para, por fim, demonstrar como os conteúdos técnicos agregados ao meio podem fazê-lo agir como ente social; legitimando, dessa forma, a análise geográfica como uma das principais vias reveladoras da sociedade contemporânea.

As transformações no planeta que ocorreram no período técnico cientifico e os novos papéis das ciências, que se deu na existência de uma sociedade global ou sistema mundial. As mudanças acontecem nos territórios ao logo dos anos, fazem com que o passado seja deixado para trás passam a ter novas ideias, fazendo a substituição de conceitos.

As transformações que ocorrem no meio cientifico, geram um processo de mundializar citado por Milton Santos, onde as relações políticas, sociais e econômicas, começa com a expansão do comércio e gera uma nova revolução técnica e cientifica que acabam gerando mudanças na organização de produção, bem como a liberdade de o capital mover-se em escala planetária, é muito mais que apenas uma nova forma de gerenciar a produção, representando assim uma nova forma de configuração social. “A garantia de uma universalidade é um trunfo, visto assegurar a possibilidade de melhor compreender cada fração mundial em função do espaço global e permitir, assim, o reconhecimento e a interpretação das intervenções sobrevindas, enquanto se realiza uma ciência crítica. Isso não era possível antes de o Planeta tornar-se realmente mundializado, valeu, antes de ele ser o objeto, em cada um de seus pontos, da ação de variáveis cuja dimensão é planetária”.

Essa mundialização que ocorre no âmbito global gera uma concentração e centralização da economia, poder político, informação forma a base das desigualdades entre os países e as classes sociais, assim como desintegração e a pressão do indivíduo, compreendendo que haja correspondência entre sociedade global e crise global.

Com a industrialização e o avanço da medicina, o estilo de vida das pessoas passou a outro nível, embora desigualmente distribuída. A distribuição da população entre as diversas áreas do globo e dentro de cada país evolui de maneira desigual. Essa desigualdade é o resultado do excesso de nascimentos em relação à morte, além das migrações internas e internacionais. Tal desigualdade entre os locais podem ser analisados através de sua distribuição numérica ou por sua evolução. Além disso, há uma grande diversidade de culturas, credos, níveis sociais etc.

Segundo Milton Santos, é necessária uma nova visão de mundo e, uma renovação nas formas de sua análises geográficas, por causa de suas constantes mudanças, pois a atual não é holística e nem nobre, pelo contrário, tende a manter status das elites corruptas que, são detentora da maior parte da renda produzida, porque favorece as grandes empresas internacionais.

Observa-se no livro a expansão da população e seu significado no espaço habitado, assim como, suas heterogeneidades, suas misturas, suas hierarquias urbanas entre cidades coabitadas, por exemplo, para melhor compreender o espaço geográfico e suas metamorfose de  espaço habitado e, por conseguinte, usar conceitos  categóricos da Geografia numa abordagem integradora, isto é, horizontal, ou mesmo, de ótica sistêmica, vendo as totalidades com divisões que complementam seu entendimento geral.

Santos argumenta e defende de maneira articulada que, são necessárias mudanças rápidas e contínuas com a realidade mundial e suas formas de análise geográfica, pois, daí terá engrenagens essenciais para a totalidade, isto é na visão do mundo em sistemas que, produz sensibilidade e flexibilidades com a realidade e totalidades do mundo, pois, desse modo são necessárias mudanças nobres nas atitudes sociais, para que se possam contornar os grandes problemas mundiais como as desigualdades sociais, econômicas, culturas, a fome, a perversidade do capitalismo.

O espaço precisa ser considerado como totalidade, conjunto de relações realizadas através de funções e formas apresentadas historicamente por processos tanto do passado como do presente. O espaço é resultado e condição dos processos sociais, elaboração amplamente difusa na geografia. Desse modo, o espaço, além de instância social que tende a reproduzir-se, tem uma estrutura que corresponde à organização feita pelo homem. É também uma instância subordinada à lei da totalidade, que dispõe de certa autonomia, manifestando-se por meio de leis próprias. Assim, o espaço organizado é também uma forma resultante da interação de diferentes variáveis. O espaço social corresponde ao espaço humano, lugar de vida e trabalho: morada do homem, sem definições fixas. O espaço geográfico é organizado pelo homem vivendo em sociedade e, cada sociedade, historicamente, produz seu espaço como lugar de sua própria reprodução.

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